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Lúcio Flávio aponta carências na formação de treinadores brasileiros

Treinador da Aparecidense concedeu entrevista exclusiva ao DM

Técnico Lúcio Flávio pela Aparecidense / Foto: Raphael Teixeira Técnico Lúcio Flávio pela Aparecidense / Foto: Raphael Teixeira

O técnico da Aparecidense, Lúcio Flávio, em entrevista exclusiva ao Jornal Diário da Manhã, indicou deficiências no sistema de formação de treinadores no Brasil e comentou sobre a cultura de pouca duração dos comandantes no clubes, em detrimento dos resultados.

Confira também a entrevista com o Lúcio Flávio sobre sua passagem no Botafogo e a atual trajetória na Aparecidense.

Formação de treinadores brasileiros

"Esse processo da formação de treinadores era necessário porque isso acontece em todos os continentes e não seria diferente aqui no Brasil. O que nos falta é termos a condição de uma acessibilidade melhor, por parte de muitos treinadores que têm uma dificuldade, até muitas vezes, para estar fazendo os cursos, não apenas do aspecto financeiro, do valor do curso, mas até mesmo de logísticas. Agora, o que precisa mesmo é a capacitação de pessoas que estão à frente do futebol. Em especial o dirigente, o gestor, porque de fato o treinador acaba sendo uma válvula dentro desse contexto do futebol, que ele é o primeiro, muitas vezes a ser colocado de lado em razão de resultados, que por vezes, é claro, ele tem uma participação, mas nem sempre é uma razão apenas dessa função. Então, eu acho que o futebol brasileiro precisa evoluir em muitas questões e eu acho que é um passo que já foi dado, essa da formação dos treinadores, mas que ainda a gente sabe que precisa melhorar muito. Até pelo fato dessa questão toda que nós temos visto, de hoje perceber que o olhar é muito mais forte em cima de treinadores estrangeiros do que propriamente do treinador brasileiro."

Nova geração de treinadores

"Quando a gente fala sobre geração, a gente percebe que em algum momento houve, num passado até recente, uma lacuna de erros por parte, como eu falei, não apenas dos treinadores, mas das pessoas que organizam o futebol no Brasil. E nós demoramos até essa questão da formação. Em razão de tudo aquilo que aconteceu desde a Copa no Brasil, onde muito se foi falado sobre os treinadores brasileiros, isso aí levantou essa questão de que nós não tínhamos treinadores com a capacidade de trabalhar num nível alto. E não é dessa forma, porque os treinadores brasileiros acostumaram-se a trabalhar aqui porque primeiro também tinha um sempre tiveram bons salários aqui principalmente os do primeiro escalão e não enxergavam como uma necessidade sair do país. Alguns foram se preparando mais e buscando até em mercados especialmente do oriente uma condição de trabalho lá fora, mas até em razão dessa própria dificuldade, em termos de licença, fez que tivesse esse esse vácuo na questão do treinador brasileiro poder acessar em especial esse mercado europeu. Então era uma dificuldade e ainda continua mas eu acredito que até por essa vinda de treinadores estrangeiros para o Brasil, daqui a pouco vai ser o inverso."

Ainda é possível criar uma relação estreita com um clube?

A questão do resultado está muito ligado ao brasileiro. Nós temos essa questão do imediatismo, nós queremos para ontem e a gente sabe que, especialmente no futebol, no esporte, de uma forma geral, é um que ganha, alguns que chegam e muitos que ficam pelo caminho. Então, você vê muitas vezes cases de sucesso com treinadores que estão aí há mais de dois, três anos dirigindo uma equipe. A gente pode até hoje observar, vou dar um exemplo, do treinador do Maringá, que está lá praticamente há quase cinco anos e o Maringá indo, mais uma vez, para a disputa de um campeonato estadual, um clube que teve, recente, um acesso de uma série D para série C. Então, não é à toa que a gente também vê alguns desses estados sendo validados por causa de pessoas que acreditam no trabalho de um treinador. Em contrapartida, em alguns clubes que você vê potencial de que o clube pode alcançar bons resultados, isso não acontece porque a cada três, quatro meses muda-se o treinador e nós temos também já visto isso até mesmo com os treinadores estrangeiros. Alguns deles saíram reclamando justamente disso, dessa questão do tempo, de aqui as coisas serem muito mais rápidas em termos de cobrança, então lá fora talvez eles não tenham esse costume, mas aqui a gente dificilmente vai conseguir mudar isso."

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