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Multidão dá adeus em velório de Pelé

Após fim do velório, cortejo com corpo do eterno camisa 10 saiu pelas ruas de Santos e foi sepultado em cerimônia restrita à familiares

Mais de 230 mil torcedores prestaram as últimas homenagens ao ídolo mundial Pelé, cujo velório aberto ao público chegou ao fim às 10h (horário de Brasília) desta terça-feira (3), na Vila Belmiro, estádio do Santos. Uma hora antes do término da cerimônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou para dar o último adeus ao Rei do Futebol.

Acompanhado da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, Lula ficou ao lado do corpo do ex-jogador durante uma oração em área reservada a familiares e autoridades, que durou aproximadamente 20 minutos. O presidente deixou o estádio sem falar com a imprensa. Em mensagem postada no Twitter, voltou a lamentar a morte de Pelé.

Em depoimento gravado ao clube do Santos, Lula também relembrou os tempos em que o Timão, seu time do coração, era freguês do Peixe. “Olha, quem vai falar do Pelé agora não é o presidente da República. É um torcedor do Corinthians que foi assistir muito jogo do Santos contra o Corinthians e que viu o Corinthians perder muito jogo. E me parece que o Pelé tinha uma obsessão de derrotar o Corinthians, ele tinha uma obsessão de ganhar do Corinthians. Então, foi um período de 15 anos muito sofrido para os corintianos, mas tinha uma coisa muito importante no Pelé: ele obrigava a gente a ir em qualquer lugar assistir um jogo de futebol. Acho que o Pelé simboliza tudo aquilo que é ascensão da espécie humana. Ele foi um jogador que muito jovem ganhou um protagonismo extraordinário e a coisa mais fantástica é que Pelé nunca ficou mascarado, nunca ficou de nariz empinado, sempre foi um cidadão humilde que conversava de igual para igual. Ele foi muito especial”.

Após o fechamento dos portões, o caixão com o corpo de Pelé deixou a Vila Belmiro em cima de um caminhão dos bombeiros para cortejo pelas ruas da cidade litorânea paulista. No trajeto, está a Avenida Coronel Joaquim Montenegro (Canal 6), onde vive Celeste Arantes, mãe de Pelé. O cortejo chegou ao fim no Memorial Necrópole Ecumênica, onde ocorreu o sepultamento, em cerimônia restrita à familiares.

Ausência de atletas do penta e outros jogadores é criticada

O velório de Pelé atraiu mais de 200 mil pessoas na Vila Belmiro, em Santos, e mobilizou autoridades e personalidades do esportes. No entanto, nenhum dos principais jogadores da atualidade nem ex-jogadores pentacampeões mundiais foi pessoalmente à cerimônia dar o último adeus ao rei.

Do grupo do tetra, apenas Mauro Silva marcou presença. Mas o ex-meio-campista é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) e esteve representando a entidade que comanda o futebol paulista.

No Catar, onde acompanhou a Copa do Mundo, Kaká disse que os brasileiros, no geral, não valorizam os ídolos do esporte que Ronaldo, no Brasil, era "só um gordo andando pela rua". No entanto, nem ele nem outro ex-jogador do penta foi ao velório, bem como a um evento organizado pela Conmebol durante o Mundial em homenagem ao Rei.

Ronaldo, Romário e Neymar foram ausências sentidas. Os três mandaram coroas de flores, mas os dois primeiros não explicaram porque não puderam estar na solenidade. Neymar, astro do Paris Saint-Germain revelado pelo Santos, não pôde comparecer à Vila Belmiro, porque, segundo o pai do atleta, Neymar da Silva Santos, que o representou na solenidade, não foi liberado pelo Paris Saint-Germain.

"Não, não, não consegue", respondeu o pai de Neymar, em tom de irritação, ao ser perguntado se o filho estaria na cerimônia. "Meu filho pediu para que eu estivesse aqui no lugar dele e trouxesse apoio à família". Também era esperado que o técnico Tite, comandante da seleção brasileira nas últimas duas Copas do Mundo estivesse na Vila Belmiro.

Em suas redes sociais, o ex-goleiro Marcos, ídolo do Palmeiras e titular na campanha vitoriosa do Mundial da Coreia e do Japão, justificou sua falta relembrando a morte dos pais. "Ninguém aqui das redes foi (no velório deles). Eu fui pra chorar, orar e sofrer por saber que nunca mais iria vê-los, mas não pedi homenagem de ninguém, não julguei ninguém, não dei entrevista, e pra mim não foi um show".

Essas ausências, sobretudo dos principais nomes do penta, incluindo também Ronaldinho Gaúcho e Cafu, provocaram críticas aos ausentes e geraram estranhamento. Amigos, ex-atletas históricos do Santos e a família de Pelé não entenderam algumas das ausências.

Ídolos do Santos

Por outro lado, ídolos do Santos e companheiros de Pelé, como Manoel Maria, Clodoaldo, Lima, Lalá, e Aguinaldo, goleiro que carregou o Rei no colo quando ele anotou o seu milésimo gol, foram dar adeus ao amigo e se emocionaram. Outras figuras importantes do Santos, como Narciso, Leo, Elano, Zé Roberto e Serginho Chulapa foram se despedir do Rei. Chulapa, em particular, chorou muito. Zé Roberto carregou com Edinho, filho de Pelé, o caixão.

Entre a madrugada e a manhã de terça-feira passaram pelo velório do Rei Pelé mais alguns ex-jogadores, entre eles Neto, Careca, Aranha e Marcelinho Carioca, todos que defenderam o Santos. "O que está acontecendo é muito pouco. As pessoas precisavam entender quem foi Pelé", criticou Neto, hoje apresentador da Band, em depoimento à Santos TV.

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