Nike diz que rompeu com Neymar porque ele se recusou a colaborar em investigação por assédio sexual
Leonardo Calazenço
Publicado em 28 de maio de 2021 às 18:45 | Atualizado há 4 anos
O fim do contrato entre Nike e o jogador Neymar envolveu denúncia de assédio sexual contra o atacante, segundo a reportagem da última quinta-feira (27) do ‘Wall Street journal’. Ao jornal, a conselheira geral da empresa de materiais esportivos, Hilary Krane, confirmou que o rompimento veio após o jogador não colaborar com as investigações do caso, que teria ocorrido em 2016.
”A Nike encerrou seu relacionamento com o atleta porque ele se recusou a cooperar em uma investigação de boa-fé de alegações confiáveis feitas por uma funcionária de irregularidades cometidas”, disse Hilary.
Diante da publicação do jornal na última quinta-feira (27), a Nike se posicionou por meio de nota e confirmou que houve a denúncia feita contra o atacante. De acordo com o Jornal, o contrato do jogador com a empresa tinha mais oito anos de duração quando foi encerrado, em setembro do ano passado. O camisa 10 do PSG logo firmou acordo com a Puma, que não comentou sobre o tema.
”A investigação foi inconclusiva. Não emergiram fatos suficientes que nos permitam falar substancialmente sobre o assunto. Seria inapropriado para a Nike fazer uma declaração acusatória sem poder oferecer fatos que a suportem. A Nike encerrou sua relação com o atleta porque ele se recusou a cooperar em uma investigação de boa-fé de alegações críveis de uma funcionária. Continuamos respeitando a confidencialidade da funcionária e reconhecemos que essa tem sido uma longa e difícil experiência para ela”, afirmou a Nike por meio de nota divulgada à imprensa.
A autora da denúncia, uma funcionária da Nike, afirma que Neymar tentou forçá-la a fazer sexo oral em seu quarto de hotel em uma viagem do jogador a Nova York. Ela coordenava a logística dos eventos nos quais o atacante participaria. Ao jornal ”Wall Street Journal” uma porta-voz do atacante negou todas as acusações.
”Neymar Jr. se defenderá vigorosamente contra esses ataques infundados caso alguma reclamação seja apresentada, o que não aconteceu até agora”, diz a nota enviada pela representante do brasileiro, que reitera que a separação foi por motivos comerciais.
Após a repercussão, o pai de Neymar deu uma entrevista à GloboNews e também negou com veemência que o filho tenha cometido assédio.
”Nós estamos surpresos, a gente não sabe o que está acontecendo, só soa estanho para a gente. Por que a Nike solta essas coisas agora?”, disse.
O pai do atacante negou que o contrato com a Nike tenha sido encerrado após a denúncia de assédio.
”Claro que não, claro que não, ela queria fazer uma investigação que a gente não sabia (da alegação de assédio sexual)… O contrato da Nike foi rompido unilateralmente por falta de pagamento. Não tem nada a ver com isso (assédio)”, afirmou o pai.
A denúncia
A funcionária fez a denúncia direto ao chefe de recursos humanos e conselho geral da empresa em 2018, depois de uma pesquisa interna da Nike sobre o tratamento às mulheres. Na ocasião, a Nike contratou advogados do escritório Cooley LLP, um dos mais prestigiados dos Estados Unidos, para conduzir a investigação, que começou em 2019.
O caso teria acontecido em junho de 2016, quando Neymar fez uma campanha publicitária no Citi Field, estádio de beisebol de Nova York. Na ocasião, o atacante se encontrou com o ídolo do basquete, Michael Jordan.
Nesta mesma noite, o grupo foi a uma boate para comemorar e, segundo o “Wall Street Journal”, funcionários do hotel onde Neymar estava hospedado pediram ajuda à mulher e outro representante da Nike para que levassem o atacante ao seu quarto.
A porta-voz de Neymar ouvida pelo jornal citou o caso de 2019, quando o atacante também foi acusado de assédio sexual, em caso arquivado pela Justiça posteriormente. ”Semelhante às alegações de agressão sexual feitas contra ele em 2019, alegações de que as autoridades brasileiras consideraram Neymar Jr. inocente, essas alegações são falsas”, diz a representante do jogador.