
A reinauguração oficial do estádio do Pacaembu, programada para este sábado (25), foi marcada por intensos reparos às vésperas do evento, com mais de cem operários trabalhando para deixar o local em condições adequadas para a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior, entre São Paulo e Corinthians. Menos de 24 horas antes da disputa, equipes estavam envolvidas em tarefas de acabamento no complexo esportivo.
Na manhã de sexta-feira, por volta das 10h, operários pintavam o portão principal do estádio, que conecta a praça Charles Miller ao setor norte da arena. Outros funcionários realizavam a limpeza da pista de atletismo e do entorno do campo, onde o barro de um canteiro de obras ao lado do estádio havia se espalhado. O trabalho continuará por mais de um ano, até que um novo edifício seja finalizado, com hotel, restaurantes, centro médico esportivo e centro de eventos.
Enquanto nas arquibancadas ainda era necessária a instalação total do alambrado, a remoção de poucos entulhos e a última faxina, o foco estava, no entanto, no pátio que conecta a piscina, o ginásio e as quadras de tênis. Ali, os trabalhadores colocavam os últimos blocos de calçamento e faziam ajustes nas portas e fachadas dos prédios. O portão 23, normalmente utilizado por jogadores e autoridades, estava em fase de finalização.
Nos vestiários, o piso era lavado enquanto operários realizavam ajustes na fiação elétrica, com alguns buracos ainda visíveis no forro do teto. Paralelamente, policiais militares do 2º Batalhão de Choque vistoriavam o local.
A privatização do Pacaembu, que ocorreu há mais de cinco anos, trouxe à responsabilidade da empresa Allegra a administração do estádio por 35 anos. A empresa considera que concluiu todas as obras obrigatórias da concessão, incluindo o estádio, o ginásio, a piscina e duas quadras de tênis —todos imóveis tombados pelos órgãos de proteção ao patrimônio histórico. No entanto, para que a entrega final seja formalizada, a concessionária ainda aguarda o termo de aceite definitivo das obras pela prefeitura. Só com esse documento o Pacaembu poderá receber o alvará final de funcionamento.
Enquanto isso, o estádio tem funcionado com alvarás temporários para eventos específicos, como shows de artistas sertanejos, cuja autorização requer custos adicionais. O alvará temporário para a final da Copa São Paulo foi questionado pelos órgãos de controle. O documento considera que o evento não é de alto risco, pois o público estará apenas sentado e não haverá grupos com histórico de conflitos. Se o evento fosse considerado de alto risco, a aprovação exigiria novos documentos. No dia 23 de janeiro, o conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM), João Antônio, questionou a prefeitura sobre a autorização, alertando para a necessidade de observância das normas aplicáveis, incluindo as leis estaduais e federais.
A previsão de chuva para o sábado (25) representa um novo desafio para a reinauguração do Pacaembu. Durante o último evento no estádio, a final masculina da Taça das Favelas precisou ser suspensa devido ao alagamento de parte do campo. A concessionária explicou que o problema foi causado pelo rompimento de uma tubulação pluvial que leva água da avenida Doutor Arnaldo para um reservatório subterrâneo abaixo da praça Charles Miller.
Embora os equipamentos esportivos estejam entregues, o Pacaembu ainda passará por mais de um ano de obras. Isso porque está em construção um edifício na área do antigo Tobogã, que conectará as ruas Itápolis e Desembargador Paulo Passaláqua. O projeto foi desenvolvido para preservar árvores de até 80 anos presentes no local. O prédio abrigará 87 quartos de um hotel administrado pela Universal Music, o segundo empreendimento hoteleiro da empresa de música no mundo. Além disso, o complexo contará com um centro de reabilitação esportivo, restaurantes e um centro de eventos no subsolo, já inaugurado. A previsão de conclusão do edifício é para o início do próximo ano.
A Allegra considera estratégica a combinação entre o hotel e os shows no estádio, uma vez que isso permite a venda casada da estadia com as apresentações musicais. Os palcos deverão ser montados de frente para as janelas do edifício, e uma área externa com acesso livre será oferecida aos hóspedes.
Após a primeira fase de entregas, resta um último imbróglio entre a concessionária e a prefeitura: um pedido de compensação à empresa no valor de R$ 22 milhões. A Allegra argumenta que sofreu prejuízos devido à impossibilidade de realizar eventos durante a pandemia, a erros no cálculo do tamanho do terreno e aos atrasos na emissão de licenças, autorizações e alvarás. A concessionária também apresentou um plano para incluir a praça Charles Miller na privatização, mas o pedido foi negado pela prefeitura. O pleito de reequilíbrio do contrato ainda está pendente, mas a empresa não revelou quais planos apresentará como contraproposta à negativa da gestão de Ricardo Nunes (MDB).
Com ingressos que variam de R$ 30 (meia entrada) a R$ 120, para a final do maior campeonato júnior do Brasil, o público encontrará 42 novos banheiros, espaços adaptados para cadeirantes e tribunas reformadas. Os portões 5, 7, 11 e 15 estarão fechados.