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Uma adolescente de 17 anos chegou à casa dos pais no Distrito Federal no final de janeiro, apresentando sinais visíveis de tortura. A jovem havia fugido de um terreiro de umbanda onde alega ter sido mantida em cativeiro por meses.
A vítima apresentava queimaduras de terceiro grau nas mãos e na língua, hematomas na cabeça e cabelo cortado à força. Seu relato desencadeou uma investigação pela 14ª Delegacia de Polícia do Gama sobre abusos físicos, ameaças e suspeitas de exploração na Tenda Espiritual Vovó Maria Conga Aruanda.
Segundo a adolescente, ela procurou o terreiro em setembro do ano passado, buscando ajuda para realizar uma transição de gênero. A mãe de santo Hayra Vitória Pereira Nunes, de 22 anos, teria prometido acolhimento e emprego.
"Ela era uma pessoa simples e superacolhedora, fez a minha cabeça. Quando fui ver, já estava no fundo do buraco", relatou a vítima às autoridades.
A menor afirma que foi obrigada a realizar tarefas domésticas e, posteriormente, forçada à prostituição. "Ela nos transformou em escravos, éramos obrigadas a nos prostituir. Minhas roupas foram parar no lixo porque eram inadequadas para a minha nova função", declarou.
Um dos episódios mais graves teria ocorrido após o desaparecimento de R$ 200 no terreiro. A adolescente descreve ter sido submetida a uma sessão de tortura que incluiu pauladas, queimaduras com brasa nas mãos e na cabeça, cortes com garrafa quebrada e aplicação de pimenta nas feridas.
"Ela pegou uma concha com brasa e queimou a palma das minhas mãos, depois queimou o topo da minha cabeça. Foi totalmente horrível", relatou a jovem.
A polícia investiga se há outras vítimas envolvidas no caso. A delegada responsável pela investigação, que não teve o nome divulgado, afirmou que as denúncias são graves e estão sendo apuradas com prioridade.
Um fato que chamou a nossa atenção durante a prisão é que, no momento em que chegamos na nova casa, ela já estava com outro adolescente de 15 anos, que a chamava de mãe. Dá um indicativo de que ela continuaria fazendo novas vítimas Delegado William Ricardo
O Conselho Tutelar foi acionado e acompanha o caso. A adolescente está sob proteção e recebe acompanhamento psicológico. A defesa da mãe de santo Hayra Vitória Pereira Nunes não foi localizada para comentar as acusações.
