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Médicos usavam furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas

As furadeiras foram escondidas após a chegada das autoridades

Médicos usavam furadeiras domésticas em cirurgias e hospital esconde equipamentos com a chegada das autoridades.

Funcionários do Hospital Nossa Senhora do Pari, localizado no centro de São Paulo, denunciaram o uso de furadeiras domésticas em cirurgias ortopédicas realizadas na unidade. De acordo com os relatos, os equipamentos irregulares foram escondidos durante uma fiscalização da Vigilância Sanitária, a fim de evitar penalidades.

O uso de ferramentas domésticas em procedimentos cirúrgicos é proibido pela Anvisa desde 2008, devido aos riscos de infecção e falha na precisão dos instrumentos, que podem comprometer a recuperação do paciente e gerar complicações graves.

A denúncia levou as autoridades sanitárias a realizarem novas investigações sobre as condições do hospital e a veracidade das acusações.

Paciente contrai infecção após cirurgia no hospital

O caso ganhou ainda mais repercussão após uma adolescente de 14 anos contrair uma infecção bacteriana após passar por uma cirurgia ortopédica no mesmo hospital. A mãe da jovem afirmou que, após a operação, a paciente começou a apresentar secreções no local da cirurgia e, ao retornar para avaliação médica, os profissionais constataram uma infecção grave.

Devido à complicação, a equipe médica foi forçada a realizar um novo procedimento para remover os parafusos e placas metálicas implantadas. A família suspeita que o problema esteja relacionado ao uso inadequado de equipamentos durante a cirurgia e busca explicações da unidade hospitalar.

Resposta do hospital e das autoridades

Diante das denúncias, a direção do Hospital Nossa Senhora do Pari declarou que os perfuradores utilizados são certificados pela Anvisa e que a unidade passa por fiscalizações periódicas. No entanto, a Secretaria Estadual de Saúde esclareceu que o hospital tem autonomia administrativa e está sob a gestão municipal.

A Prefeitura de São Paulo informou que não há denúncias formais registradas contra a unidade e que, se forem confirmadas irregularidades, o contrato com o hospital pode ser rescindido. Além disso, destacou que a responsabilidade pelo alvará sanitário é do governo estadual.

O Conselho Regional de Medicina (CRM) também se manifestou, afirmando que abriu um processo de investigação para apurar as práticas médicas irregulares na instituição.

A Anvisa informou que casos desse tipo são de competência da Vigilância Sanitária municipal e estadual, que devem realizar a devida fiscalização e aplicar penalidades caso as denúncias sejam comprovadas.

Riscos do uso de equipamentos inadequados em cirurgias

O uso de furadeiras domésticas em procedimentos cirúrgicos aumenta os riscos de infecção, já que esses instrumentos não possuem a devida esterilização necessária para ambientes hospitalares.

O especialista em ortopedia Robert Meves, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia, afirmou que a falta de precisão dessas ferramentas pode resultar em necrose do tecido e falhas na fixação de implantes. Além disso, os motores dessas furadeiras não são projetados para operar em condições cirúrgicas, podendo comprometer a segurança do paciente.

O Hospital Nossa Senhora do Pari é uma instituição filantrópica, credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para oferecer atendimentos ortopédicos. Além de doações, a unidade recebe repasses públicos para garantir a realização de procedimentos médicos.

A responsabilidade pela fiscalização do hospital é do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, que anunciou a abertura de uma investigação para apurar se as denúncias procedem e quais medidas serão tomadas em relação às possíveis irregularidades.

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