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Técnica brasileira com nitrogênio tem 100% de eficácia contra câncer de mama

Pesquisa da Unifesp avalia a crioablação como alternativa minimamente invasiva à cirurgia, com potencial para ampliação no SUS

Técnica brasileira com nitrogênio tem 100% de eficácia contra câncer de mama

Um método inovador de combate ao câncer de mama, baseado no congelamento do tumor, obteve 100% de eficácia nos testes iniciais realizados pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A técnica, chamada crioablação, já é utilizada em países como Estados Unidos, Japão e Israel, e tem aprovação da Anvisa no Brasil. No entanto, ainda não está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nem coberta por planos de saúde.

A pesquisa conduzida pela Unifesp é pioneira na América Latina e busca comprovar a eficácia da crioablação para viabilizar sua adoção na rede pública e privada. O professor Afonso Nazário, responsável pelos testes ao lado da pesquisadora Vanessa Sanvido, aponta que o alto custo das agulhas necessárias ainda é um desafio. "Com a ampliação do uso, os preços podem cair, tornando o tratamento mais acessível e reduzindo a fila do SUS em até 30%", afirmou.

O tratamento foi realizado no dia 13 de janeiro na Unidade Diagnóstica do ambulatório de Mastologia do Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp), sendo a primeira vez que uma instituição pública brasileira conduziu o procedimento. A técnica, minimamente invasiva, utiliza nitrogênio líquido para atingir temperaturas extremamente baixas, congelando e destruindo as células cancerígenas com precisão e segurança.

Nos testes da Unifesp, o procedimento envolveu três ciclos de 10 minutos, alternando congelamento e descongelamento do tumor. O professor Nazário explicou que a técnica consiste em inserir uma agulha na região afetada, injetando nitrogênio líquido a -140ºC. Isso forma uma esfera de gelo ao redor do tumor, eliminando as células malignas. A incisão resultante é menor que a de uma biópsia convencional.

Uma das vantagens da crioablação é a possibilidade de ser realizada em ambulatório, com anestesia local e sem necessidade de internação. O procedimento é indolor, rápido e altamente preciso, trazendo benefícios para os pacientes.

Inicialmente, a técnica foi aplicada em tumores de até 2,5 cm indicados para cirurgia. A primeira fase do estudo envolveu cerca de 60 pacientes, nos quais a crioablação foi seguida da remoção cirúrgica do tumor. Os resultados mostraram 100% de eficácia em tumores menores que 2 cm.

Agora, os pesquisadores avaliam se a crioablação pode substituir a cirurgia tradicional. Nesta etapa, mais de 700 pacientes serão acompanhados em 15 centros de saúde no estado de São Paulo. O estudo comparará os resultados da crioablação isolada com os da cirurgia convencional, visando consolidar a técnica como uma alternativa viável para o tratamento do câncer de mama.

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