O jogo político nacional tem suas múltiplas faces, e por vezes necessita de ações que promovam uma literal reviravolta no tabuleiro das ações que constroem políticas públicas. Como em um jogo de xadrez, para se salvar o Rei, e evitar um xeque mate é preciso movimentar inúmeras peças.
O Prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, indicou novo Superintendente LGBTQIA+ para a Secretaria de Direitos Humanos e Políticas afirmativas do município. A nomeação foi publicada na edição do Diário Oficial de segunda feira, 10 de abril de 2023.
Quem assume a posição de referência na luta pelos direitos humanos e cidadania de pessoas LGBTQIA+, é o atual Conselheiro Estadual de Juventude de Goiás, Guilherme Silva Alves.
No entanto, a mudança de quadro causou grande repercussão entre os movimento sociais organizados que atuam na luta por direitos da população LGBTI+ brasileira. Lideranças tem questionado o fato de o substituto do homem trans, John Maia Gomes, ser um homem Cis gênero (que se identifica com o seu gênero de nascimento), frequentador de uma igreja evangélica que defende a reorientação sexual de pessoas sexodiversas.
Além dos questionamentos que abarcam a questão da representatividade, considerando que o Brasil é atualmente o país que mais mata pessoas Trans e travestis no mundo, e sofrem grande segregação quando o assunto é a ocupação de cargos de liderança, há outro ponto polêmico: o fato de Guilherme ter fotografias em suas redes sociais portando armas de grosso calibre em um clube de tiro.
De acordo com Coordenador de Comunicação da RENOSP – Rede Nacional de Policiais LGBTQIAP+, Fabrício Rosa, a preocupação central dos movimentos se deve ao fato de a nova escolha do prefeito não possuir acúmulo de vivência na pauta LGBTI+.
“A preocupação central é o fato de o superintendente nomeado não possuir reconhecida atuação e não ter acúmulo de vivências na pauta LGBTQIAP+. As entidades LGBTQIAP+ de Goiânia, estão cansadas de ter que iniciar do zero o diálogo com o Poder Público, que, de maneira desrespeitosa, nomeia alguém que não é ligado à temática, seja no campo da saúde, da cultura, e do cuidado com essa comunidade.”
Fontes ouvidas pelo DM Online revelam que a mudança no organograma se deve a uma estratégia política do atual prefeito para evitar um possível processo de Impeachment. O atual mandatário do executivo municipal da capital do estado é alvo de um pedido que está em análise de admissibilidade pela presidência da Câmara de Vereadores.
Importante salientar ainda, que a Câmara Municipal investiga possíveis desvios na Comurg – Companhia de Urbanização de Goiânia através de uma CEI – Comissão Especial de Inquérito.
Segundo relatos da fonte, a indicação de Guilherme foi articulada pelo vereador Léo José (Republicanos/GO), que é sobrinho do ex-deputado federal Jovair Arantes. O ex-deputado foi o relator responsável pelo parecer favorável a abertura do processo que culminou no impeachment da ex-presidente da República Dilma Roussef.
De acordo com a apuração feita, a indicação obteve inclusive, a chancela da primeira-dama da capital.