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Parecer do Brics retira apoio do Brasil por vaga na ONU

A declaração final da cúpula do Brics, ocorrida na terça-feira (17), se tornou mais um empecilho para o Brasil, Índia e África do Sul atuarem em encargos mais expressivos na Organização das Nações Unidas (ONU). Em um movimento distinto de anos anteriores, quando houve apoio de Rússia e China, o acréscimo do Conselho de Segurança e uma vaga para os outros três membros ficaram mais afastadas.

"Quando algo entra ou sai da declaração final, nunca é por acaso. São documentos preparados ao longo de meses", justificou Oliver Stuenkel, coordenador da pós- graduação em relações internacionais da FGV-SP e autor de um livro sobre o Brics. "Se algo fica no texto ao longo de 11 anos e de repente sai, é por uma razão específica".

Criado em 2009, o Brics é um grupo informal que permite a Rússia, China, Índia, Brasil e África do Sul maior poder no cenário internacional. Os países fazem cúpulas anuais, a última aconteceu de forma virtual.

Segundo Stuenkel, a Rússia não retiraria esse trecho por iniciativa própria, pois em comunicações anteriores não manifestou desaprovação. "É muito provável que seja iniciativa da China, especialmente porque a relação com o Brasil e com a Índia passa por uma crise".

Apesar de apoiar uma reforma na ONU, a China se opõe às entrada no Conselho de Segurança de rivais regionais,como Japão e Índia, aliados do Brasil na busca pela ampliação do órgão, explica o diplomata Fausto Godoy, que serviu em Numbai, Pequim e Tóquio. "Há dois países (Índia e Brasil) que querem de qualquer maneira entrar e há a China e a Rússia, que não querem ampliar porque perderão poder", afirmou Godoy. Procurada a Embaixada da China no Brasil não se manifestou.

Em uma de suas declarações na cúpula, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brics precisa "apoiar as legítimas aspirações de Brasil, Índia e África do Sul a assentos permamentes no Conselho de Segurança da ONU".

Segundo o site Terra, a reforma do Conselho de Segurança, estabelecido após a fundação da ONU, em 1945, é uma reivindicação da diplomacia brasileira. Porém, segundo o diplomata Roberto Abdenur, ex- embaixador na China e na Alemanha, a atual gestão do Itamaraty rompeu com a tradição da política externa conduzida até o final de 2018, de lutar por uma vaga permanente.

"Não creio que o Itamaraty tenha ficado desagradado com a mudança na declaração do Brics, pois não havia feito esforços para a reforma do Conselho de Segurança nos últimos dois anos.

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