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Brasil denuncia bloqueio de água e dificuldades para asilados políticos na Venezuela

Diplomacia brasileira intensifica pressão por salvo-condutos para asilados

Imagem ilustrativa da imagem Brasil denuncia bloqueio de água e dificuldades para asilados políticos na Venezuela

A Venezuela tem bloqueado o fornecimento de água potável aos cinco asilados da oposição que, há quase um ano, vivem na embaixada da Argentina em Caracas. A sede diplomática, que desde agosto do ano passado está sob a tutela do Brasil, enfrenta dificuldades no abastecimento de água, com autoridades venezuelanas restringindo o acesso a caminhões-pipa.

Os próprios asilados relataram que estão sem água potável, pois o abastecimento foi interrompido. O último fornecimento ocorreu há dez dias. De acordo com os relatos, o tanque de água está vazio, e o grupo passou a utilizar a água da piscina da residência para as necessidades domésticas. No entanto, devido à falta de manutenção e cloro, a piscina está com a água esverdeada. Os asilados têm apenas algumas garrafas de água potável para consumo.

Além disso, o governo brasileiro também foi informado sobre a presença de forças de segurança venezuelanas nas imediações da embaixada. Os opositores alegam que todas as propriedades ao redor da residência foram desocupadas para a instalação de comandos militares, uma situação que não pôde ser confirmada de forma independente.

Em evento online da Fundação FHC, a líder opositora María Corina Machado, que se encontra asilada em local desconhecido, provavelmente em outra embaixada, afirmou: “Eles tomaram à força as propriedades para instalar ali seus comandos militares; os asilados hoje são reféns em território argentino sob a proteção do Brasil.”

A embaixada da Argentina e seus arredores enfrentam escassez de água, e relatos indicam problemas de infraestrutura na região, localizada em uma área elevada de Caracas. Não está claro se o regime venezuelano tem algum envolvimento direto na situação ou se isso seria uma ação deliberada. Contudo, o regime dificultou e, agora, bloqueou o envio do caminhão-pipa para o local.

Nos últimos meses, a energia elétrica da residência foi cortada, e o local passou a ser abastecido por um gerador. Além disso, o regime venezuelano impediu o envio de medicamentos de uso contínuo para um dos asilados, que necessita de tratamento cardíaco. Após negociações, um funcionário da diplomacia brasileira conseguiu levar os medicamentos ao local.

O Brasil voltou a expressar suas preocupações durante recente encontro bilateral entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e seu homólogo venezuelano, Yvan Gil, realizado no Suriname, à margem de um encontro da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica. De acordo com fontes diplomáticas, Gil ouviu as preocupações brasileiras, mas não fez compromissos concretos. Vieira reiterou dois pontos principais: a necessidade de obter salvo-condutos para que os asilados possam deixar o país e a oferta de enviar um avião brasileiro para resgatá-los. No entanto, Caracas ainda não deu sinal verde a essa proposta.

O governo venezuelano descreveu o encontro como “cordial” e afirmou que se tratou de uma reunião para reafirmar laços de amizade e respeito à soberania dos povos.

Durante o evento da Fundação FHC, María Corina Machado agradeceu aos esforços do Brasil, mas ressaltou que mais ações são necessárias. "Temos tido uma comunicação permanente por meio do Ministério de Relações Exteriores, mas é preciso fazer mais. É preciso fazer com que respeitem as convenções e os tratados internacionais", afirmou.

Os asilados políticos são protegidos pela Convenção de Asilo Diplomático de 1954, que estipula que, caso seja necessário deixar o país que concede asilo, a equipe diplomática responsável pode levar os asilados consigo. A Venezuela impediu a aplicação desse princípio ao expulsar os diplomatas argentinos em agosto do ano passado.

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