Internacional

China desmente Trump e nega qualquer negociação sobre tarifas com os EUA

DM Redação

Publicado em 26 de abril de 2025 às 17:20 | Atualizado há 16 horas

Pequim voltou a negar que esteja em tratativas com os Estados Unidos sobre um possível acordo tarifário, contrariando afirmações do presidente norte-americano, Donald Trump. Segundo o Ministério das Relações Exteriores da China, “a China e os EUA NÃO estão realizando nenhuma consulta ou negociação sobre tarifas. Os EUA devem parar de criar confusão”. A declaração foi divulgada pela Embaixada da China nos Estados Unidos por meio da plataforma X (antigo Twitter).

Em entrevista à revista Time, Trump declarou ter mantido contato telefônico com o presidente chinês, Xi Jinping, para tratar da chamada guerra tarifária entre os dois países. O presidente norte-americano afirmou que consideraria uma “vitória” se as tarifas permanecessem em 50% e projetou que novos acordos comerciais poderão ser assinados nas próximas três ou quatro semanas.

Trump também alegou que os Estados Unidos já firmaram 200 acordos comerciais, embora nenhum desses pactos tenha sido oficialmente anunciado até o momento. “Vocês precisam entender, estou lidando com todas as empresas, e países muito amigáveis. Estamos nos reunindo com a China. Estamos bem com todo mundo. Mas, no final, eu fiz todos os acordos”, afirmou durante a entrevista.

De acordo com o presidente dos EUA, a iniciativa para o contato partiu de Xi Jinping. No entanto, ele não especificou a data da ligação nem os detalhes da conversa. “Ele telefonou. E não acho que isso seja um sinal de fraqueza da parte dele”, disse Trump.

Questionado sobre o conteúdo da suposta ligação, o presidente norte-americano comparou o mercado consumidor dos EUA a uma loja. “É uma loja gigante e bonita, e todo mundo quer ir fazer compras lá. E em nome do povo americano, eu sou dono da loja, e eu estabeleço os preços, e direi, se você quiser comprar aqui, é isso que você tem que pagar”, declarou.

Autoridades chinesas destacaram a necessidade de fortalecer a preparação para “cenários extremos”, como parte da resposta às tensões comerciais com os Estados Unidos. “É necessário aumentar o nível de consciência política, adotar uma abordagem sistêmica, consolidar as reflexões baseando-nos em linhas vermelhas e cenários extremos, com um forte enfoque na prevenção e na mitigação dos riscos comerciais”, afirmou o Ministério do Comércio da China em comunicado oficial.

Trump também havia mencionado a possibilidade de um acordo “justo” com a China, afirmando que “tudo está ativo” nas negociações. No entanto, dois ministérios chineses negaram categoricamente qualquer negociação em andamento com Washington a respeito de tarifas.

Apesar das negativas de Pequim, Trump voltou a insistir que houve conversas entre os dois países, inclusive na manhã da sexta-feira.

China reforça discurso de diálogo no G20

Durante a reunião do G20, realizada em Washington, a China reiterou sua posição em defesa da cooperação multilateral para enfrentar os desafios da economia global. Segundo o Ministério das Finanças e o Banco Central da China, o crescimento econômico mundial tem sido “insuficiente” devido às disputas tarifárias e comerciais que afetam a estabilidade global.

O ministro das Finanças da China, Lan Foan, pediu que todos os países membros reforcem a cooperação multilateral. “A China apoia o diálogo e as consultas em pé de igualdade para resolver disputas comerciais e tarifárias”, afirmou em discurso no encontro.

O presidente do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, também ressaltou que a fragmentação econômica e as tensões comerciais impactaram as cadeias globais de suprimentos, prejudicando o crescimento econômico mundial. As declarações foram registradas em comunicado do banco central.

A reunião do G20 ocorreu em meio ao recente anúncio de novas tarifas sobre importações feito por Trump, medida que gerou instabilidade nos mercados financeiros e levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a revisar para baixo suas projeções de crescimento para diversas economias.

Segundo apuração da agência Reuters, a China isentou algumas importações dos Estados Unidos das tarifas de 125% e solicitou que empresas identifiquem os produtos essenciais que devem ser excluídos das medidas. As autoridades chinesas afirmaram que continuarão apoiando empresas e trabalhadores afetados pelas tarifas e recomendaram o preparo para possíveis agravamentos do cenário comercial.

As tensões entre as duas maiores economias do mundo se intensificaram após os Estados Unidos aumentarem as tarifas sobre produtos chineses em 145%, alegando práticas comerciais desleais. Em resposta, a China adotou tarifas de 125% sobre mercadorias norte-americanas.

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