Conclave: Igreja Católica inicia processo para escolha do sucessor de Francisco

Após o sepultamento do papa Francisco, realizado neste sábado (26), a Igreja Católica iniciou o período de luto de nove dias, etapa que antecede a eleição do próximo pontífice. A votação, conhecida como Conclave, só deve começar após o encerramento deste período, o que, em tese, indica o início dos procedimentos a partir de 5 de maio.

Entretanto, uma norma estabelecida em fevereiro de 2013 pelo papa Bento XVI permite flexibilidade nesse prazo. Segundo a regra, o Conclave pode ser antecipado caso todos os cardeais com direito a voto já estejam no Vaticano. Em situações excepcionais, o início da eleição também pode ser adiado por “motivos graves”.

Logo após a morte de Francisco, o Vaticano convocou todos os membros do Colégio dos Cardeais, composto atualmente por 252 religiosos, incluindo oito brasileiros. Este grupo é responsável por organizar o Conclave e deliberar sobre questões inadiáveis da Igreja.

Apenas cardeais com menos de 80 anos podem participar da eleição. Atualmente, 135 se enquadram nesse critério, entre eles sete brasileiros. Dois cardeais, contudo, anunciaram que não comparecerão: o espanhol Antonio Cañizares Llovera e o bósnio Vinko Puljic. A ausência de ambos pode enfraquecer o bloco conservador durante a votação.

O início do Conclave depende da chegada dos cardeais eleitores ao Vaticano. A única exceção ocorre quando o religioso está impedido de comparecer por motivo grave, como problemas de saúde.

Próximos passos

Na primeira Congregação Geral dos Cardeais, realizada na terça-feira (22), definiu-se que o cardeal Pietro Parolin presidirá a missa deste domingo (27), segundo dos nove dias de luto. Ainda no domingo, está prevista uma visita conjunta dos cardeais ao túmulo do papa Francisco, na Basílica de Santa Maria Maior.

A quinta Congregação Geral dos Cardeais está agendada para a manhã de segunda-feira (28).

Previsão para a eleição do novo papa

Embora haja expectativa para que o Conclave tenha início no começo de maio, não há previsão oficial para a escolha do novo papa. O formato de votação e as regras do Conclave tornam o processo imprevisível.

Durante o Conclave, os cardeais eleitores permanecem isolados dentro do Vaticano, em uma área conhecida como “zona de Conclave”, e fazem um juramento de segredo absoluto. As votações são realizadas na Capela Sistina.

Sistema de votação

Para a eleição do novo pontífice, é necessário que o candidato alcance dois terços dos votos. Caso o próximo Conclave reúna 133 cardeais, serão necessários pelo menos 89 votos para definir o sucessor de Francisco.

Até quatro votações podem ocorrer diariamente: duas pela manhã e duas à tarde. Se, após três dias de votação, nenhum candidato for eleito, uma pausa de 24 horas é feita para orações. Outra pausa pode ser convocada após mais sete votações sem definição.

Caso o Conclave alcance 34 votações sem consenso, os dois cardeais mais votados na última rodada disputarão uma espécie de “segundo turno”, exigindo ainda dois terços dos votos para a eleição.

Duração do Conclave

Os Conclaves que elegeram Francisco, em 2013, e Bento XVI, em 2005, foram concluídos em apenas dois dias. Em geral, as eleições papais no último século têm sido resolvidas de forma rápida.

No entanto, a história da Igreja registra episódios prolongados, como no século XIII, quando um Conclave durou mais de dois anos até a eleição de Gregório X.

Para o Conclave deste ano, a Santa Sé prorrogou até 31 de maio as credenciais temporárias dos jornalistas que acompanham a cobertura no Vaticano. O calendário de imprensa da Santa Sé estabelece o período de funeral e Conclave entre 21 de abril e 11 de maio, datas que são apenas orientativas e não determinam o término da eleição.

Brasileiros no Conclave

Sete brasileiros estão aptos a participar da votação. São eles:

• Sérgio da Rocha, primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
• Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
• Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
• Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
• Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
• João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
• Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.