
A data exata do nascimento de Jesus não é mencionada na Bíblia.
E mais: os estudiosos acreditam que ele não nasceu necessariamente em 25 de dezembro. Eis a polêmica para o Dia de Natal.
A data foi escolhida pela Igreja no século IV. E tudo para possivelmente coincidir com festividades pagãs que celebravam o solstício de inverno e a "Renovação da Luz".
Ou seja, uma forma de 'apagar' as outras festas. Assim, como hoje a 'política' escolhe seus feriados e datas, na época era semelhante: escolheu-se um dia para ser 'feriado' religioso.
O nascimento de Jesus provavelmente ocorreu entre os anos 6 e 4 a.C., com base em referências históricas, como o reinado de Herodes. Todavia o dia exato continua desconhecido.
Antes da escolha desta data, os cristãos não tinham um dia fixo para o nascimento de Cristo. E as celebrações cristãs eram amplamente focadas na Páscoa, que comemorava a ressurreição. Logo, entre fevereiro e março.
O 25 de dezembro coincidiu com festividades pagãs do solstício de inverno, tipo a celebração romana do Sol Invictus (Sol Invencível) e as festividades da Saturnália.
"O solstício de inverno, comemorado em várias culturas, marcava o renascimento da luz após os dias mais curtos do ano", explica o teólogo João Romeiro Dias.
Desta forma, ao escolher 25 de dezembro como o Natal, a Igreja Católica não apenas abafou as celebrações pagãs. Ela também usou a simbologia do "renascimento da luz" para reforçar a ideia de Jesus como a "Luz do Mundo".
Através do Édito de Milão (313 d.C.), o imperador Constantino literalmente legalizou o Cristianismo.
Antes perseguido, agora tornou-se moeda de troca política: "o Cristianismo e o poder imperial se uniram. I Édito de Tessalônica (380 d.C.) foi mais forte: tornou o Cristianismo a religião oficial do Império Romano".
Unidade
Jesus Cristo deixava de ser salvador e nome principal de religião marginalizada. Sua imagem tornou-se unidade política e moral enquanto o império seguia em crise.
Por isso passou-se a adotar a máxima de Jesus como "Rei dos Reis". Teve início então a legitimação do poder imperial por meio da autoridade divina de Cristo, usada pelos homens para justificarem seus governos na Terra.
Leis
Com a transformação dos valores do império, o Cristianismo foi essencial para a construção moral e cultural: ele impactou a moralidade e a elaboração das leis romanas.
De repente, o romano bruto e violento que cultivava os valores pagãos passou a nutrir ideais cristãos de humildade, compaixão e justiça.
"É importante entender o uso de Cristo. Seu exemplo de vida contudo continua santo e intacto. Ele surge num contexto contracultural. Mas seu nome foi usado para perseguir outras religiões. Diferente Dele, muitos fizeram o mal e corromperam usando Seu nome em vão", diz o teólogo.
Em que pese toda política por trás, portanto, Ele continua exemplo maior e mais popular da cultura judaico-cristã. Sua palavra de fé e exemplo na carne comoveu o mundo. Logo, todos presentes de Natal deveriam ser dados a Ele!