
O Departamento de Estado dos Estados Unidos está elaborando um plano para fechar mais de dez consulados no exterior ainda neste semestre, além de considerar o encerramento de várias outras missões diplomáticas em diversos países, incluindo o escritório da embaixada americana em Belo Horizonte, conforme informou o site Político.
Em resposta a questionamentos, o Departamento de Estado não comentou sobre a possibilidade de fechamento do escritório em Belo Horizonte. A medida também prevê demissões de funcionários locais que atuam nas centenas de missões do país. Esses trabalhadores representam dois terços da força de trabalho do órgão e, em muitos países, são essenciais para o conhecimento dos diplomatas sobre os locais onde atuam.
Autoridades americanas alertam que o plano pode comprometer esforços do governo dos EUA para estabelecer parcerias e coletar informações de inteligência. Segundo o Político, a lista de representações que podem ser fechadas inclui, além do escritório em Belo Horizonte, missões em Rennes, Lyon, Estrasburgo e Bordeaux, na França; Dusseldorf, Leipzig e Hamburgo, na Alemanha; Florença, na Itália; e Ponta Delgada, em Portugal.
A redução nas missões diplomáticas faz parte do programa de cortes do governo federal, liderado pelo presidente Donald Trump, e da política externa "América Primeiro". Essa política busca encerrar ou diminuir formas de exercer influência global dos Estados Unidos, incluindo a promoção da democracia, direitos humanos e assistência humanitária.
As medidas coincidem com o momento em que a China, principal rival dos Estados Unidos, superou o país em número de postos diplomáticos ao redor do mundo. A China tem estabelecido laços mais fortes, especialmente na Ásia e na África, além de exercer maior influência em organizações internacionais. Atualmente, os Estados Unidos possuem 271 postos diplomáticos globais, enquanto a China tem 274, embora os Estados Unidos mantenham vantagem na Europa, de acordo com um estudo do Instituto Lowy.
A possível redução das missões diplomáticas pode prejudicar o trabalho de diversas agências do governo federal, além de comprometer a segurança nacional dos EUA. As embaixadas abrigam oficiais do Exército, de inteligência, segurança, saúde, comércio, Tesouro e outras agências, que monitoram a situação nos países anfitriões e colaboram com as autoridades locais em questões que vão desde o combate ao terrorismo até a prevenção de doenças infecciosas e crises econômicas.
O fechamento de postos diplomáticos também tem gerado preocupações na CIA, a agência de inteligência dos EUA. A maior parte dos oficiais de inteligência americanos, disfarçados como diplomatas, trabalha em embaixadas e consulados, e o fechamento dessas missões poderia reduzir as opções da agência para posicionar seus espiões.
Esses cortes coincidem com um momento em que o Departamento de Estado está enfrentando uma alta taxa de demissões voluntárias de membros seniores. Além disso, um congelamento nas contratações tem reduzido a força de trabalho do órgão. Nos primeiros dois meses de 2025, cerca de 700 funcionários, incluindo 450 diplomatas de carreira, entregaram suas demissões. Esse número representa uma taxa surpreendente, já que, no ano anterior, cerca de 800 pessoas haviam se demitido ao longo de 12 meses.
Os esforços para reduzir postos diplomáticos e o pessoal no exterior fazem parte de uma campanha interna para diminuir o orçamento operacional do Departamento de Estado, que pode ser reduzido em até 20%, segundo dois funcionários dos EUA com conhecimento das discussões em andamento.
O processo foi acelerado por uma equipe liderada por Elon Musk, que se inseriu em agências governamentais com o objetivo de identificar o que considera ser desperdício. Um membro da equipe, Edward Coristine, um engenheiro de 19 anos, conhecido publicamente como "Big Balls", está no Departamento de Estado auxiliando na implementação dos cortes orçamentários. Embora o orçamento e o número de funcionários do Departamento de Estado sejam menores que os do Pentágono, o trabalho de Musk tem afetado diversas agências do governo.
No mês passado, o Departamento de Estado informou dois comitês do Congresso sobre os fechamentos planejados. Na segunda-feira, funcionários do departamento anunciararam também a intenção de fechar um consulado em Gaziantep, na Turquia, que tem sido um centro de trabalho para funcionários dos EUA com refugiados sírios e grupos humanitários.
Esses consulados, embora menores, geralmente compostos por um ou dois diplomatas americanos e uma equipe de cidadãos locais, desempenham papel importante na coleta e disseminação de informações em regiões distantes das capitais e na emissão de vistos.
Em fevereiro, o secretário de Estado, Marco Rubio, enviou um memorando para os chefes de missão, instruindo-os a manter as equipes no exterior no mínimo necessário para implementar as prioridades de política externa do presidente. O memorando também determinou que posições deixadas vagas por dois anos fossem abolidas.