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Israel aprova acordo de cessar-fogo com Hamas; trégua entra em vigor no domingo

Primeiras libertações devem incluir mulheres e crianças palestinas

Imagem ilustrativa da imagem Israel aprova acordo de cessar-fogo com Hamas; trégua entra em vigor no domingo

O gabinete de segurança de Israel superou as divergências e aprovou um acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas, encerrando um processo de negociação que durou meses. A votação do acordo, que entrará em vigor no domingo (19), foi realizada com 24 ministros a favor e 8 contrários, segundo a imprensa israelense.

A primeira fase do cessar-fogo terá duração de 16 dias e prevê a troca de 33 mulheres (civis e militares), crianças, doentes e homens com mais de 50 anos sequestrados pelo Hamas no início da guerra, por todas as mulheres e crianças palestinas menores de 19 anos que se encontram presas em Israel. De acordo com informações da agência AFP, as três primeiras pessoas a serem libertas pelo Hamas seriam mulheres com menos de 30 anos. Em contrapartida, também seriam liberados “um certo número de prisioneiros importantes” palestinos.

Na próxima etapa do acordo, será negociada a liberação dos 29 soldados homens israelenses ainda em cativeiro, de acordo com o Exército de Israel. Além disso, os corpos dos mortos durante o ataque e aqueles que permanecem em Gaza, totalizando 36, serão devolvidos. O Hamas matou 1.200 pessoas e sequestrou outras 250 no atentado, sendo que cerca de 100 foram libertas na primeira trégua, realizada cerca de um mês após o início da guerra. Por outro lado, Gaza perdeu quase 47 mil pessoas durante os enfrentamentos, segundo as autoridades locais, ligadas ao Hamas, e teve praticamente toda a sua população deslocada.

O processo de administração de Gaza, que esteve sob domínio do Hamas desde 2007, será estruturado posteriormente. Esse processo é considerado complexo e incerto, dependendo, em grande parte, da vontade do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

A crise que ameaçava o início do cessar-fogo começou horas após o anúncio da trégua, na quarta-feira (15). Em uma publicação no X, Netanyahu acusou os palestinos de apresentarem uma nova condição para aprovação do acordo: a retirada imediata das forças israelenses do chamado corredor Filadélfia, a fronteira de 17 km entre Gaza e o Egito, sob a qual teria ocorrido tráfico de armas para o Hamas. O acordo negociado previa uma retirada gradual das tropas ao longo de 50 dias. O Qatar, mediador das negociações ao lado dos Estados Unidos e do Egito, convocou Israel e Hamas de volta à mesa e, ao final das conversas, o Estado judeu divulgou uma nota afirmando que, “devido à forte insistência do premiê”, o Hamas havia abandonado a exigência.

Alguns especularam que Netanyahu estivesse buscando apoio político junto aos ministros da ultradireita religiosa que o sustentam, que defendem que Israel só deve encerrar a guerra em Gaza após destruir o Hamas — objetivo considerado por muitos como utópico. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, afirmou que deixaria o governo caso os combates não fossem retomados após a primeira fase do cessar-fogo. Já o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, ameaçou renunciar se o acordo fosse aprovado, embora tenha afirmado que não derrubaria o governo.

A maioria da população israelense apoia o acordo. Uma pesquisa realizada pelo Canal 12, publicada em dezembro, revelou que 72% dos entrevistados apoiariam um cessar-fogo que envolvesse a libertação de todos os reféns, enquanto 15% eram contra e 13% não souberam responder.

Enquanto isso, centenas de caminhões com alimentos, tendas e outros itens de ajuda humanitária aguardam o cessar-fogo em Arish, cidade egípcia a cerca de 48 km da fronteira com Gaza. A emissora Al Qahera News também informou que hospitais egípcios estão prontos para tratar palestinos feridos. O acordo abre caminho para o aumento significativo da entrega de suprimentos para Gaza, devastada pelos bombardeios e assolada pela fome e doenças.

O representante da Organização Mundial da Saúde, Rik Peeperkorn, afirmou nesta sexta-feira que o acordo permitirá a entrada de 600 caminhões em Gaza por dia, um aumento significativo em relação à média diária de 51 veículos de ajuda humanitária que entraram no território no início deste mês. “Acredito que a possibilidade está muito presente, especialmente quando outras passagens forem abertas”, disse Peeperkorn à imprensa em Genebra. “Isso pode ser implementado muito rapidamente.”

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