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(FOLHAPRESS)

Ministro de Arce nega autogolpe na Bolívia e diz que general agiu por conta própria

O golpe fracassado durou várias horas, o suficiente para militares tomarem a Praça Murillo, avançarem contra a porta do palácio presidencial com um blindado

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A tentativa de derrubar o presidente da Bolívia, Luis Arce, não foi um autogolpe e o general responsável pela ação agiu por conta própria, afirmou nesta quinta-feira, 27, o ministro do Governo do país, Eduardo Del Castillo.

A declaração ocorre após o general Juan José Zúñiga, líder dos militares que avançaram contra o palácio presidencial em La Paz nesta quarta (26), dizer que a ação foi incentivada pelo próprio Arce. Sem apresentar evidências, o general afirmou que o presidente teria arquitetado um autogolpe para aumentar sua popularidade.

"As declarações de Zuñiga carecem de veracidade", afirmou Del Castillo em uma entrevista à emissora de TV Unitel. "Ele já estava informado sobre a perda de seu cargo. Ele havia violado a Constituição. Um militar não pode deliberar sobre política, não pode deliberar sobre temas dentro do território nacional. Os militares estão aqui para cumprir instruções."

O general havia sido removido do cargo na terça (25) após fazer uma série de ameaças contra o ex-presidente Evo Morales, que tem planos de concorrer novamente nas eleições presidenciais de 2025 contra Arce, seu afilhado político e atual rival.

Del Castillo afirma que Zuñiga reagiu com calma à demissão. "Ninguém poderia imaginar que, no dia seguinte, antes da entrega oficial dos cargos, haveria um golpe fracassado em nosso país", disse.

Ainda de acordo com o ministro, o golpe foi planejado por cerca de três semanas e o governo já havia recebido informações sobre tentativas de desestabilizar o país. A ação deixou 12 feridos a bala e cerca de dez militares detidos, segundo Del Castillo.

"Eles enfrentarão acusações por crimes que podem resultar em penas de 15 a 30 anos de prisão", disse. Até agora, apenas a identidade de Zuñiga e Juan Arnez Salvador, ex-comandantes do Exército e da Marinha, respectivamente, são conhecidas. Eles devem ser acusados dos crimes de terrorismo e levante armado contra a segurança e a soberania do Estado.

O golpe fracassado durou várias horas —o suficiente para militares tomarem a Praça Murillo, avançarem contra a porta do palácio presidencial com um blindado do Exército e entrarem no prédio. Antes disso, tropas haviam sido vistas marchando pelas ruas da capital.

Por fim, os soldados acabaram se retirando após confrontarem Arce, e a polícia retomou o controle da praça.

O presidente ainda não se pronunciou sobre as acusações de autogolpe do general, mas agradeceu, pela rede social X, manifestações de países da região e organizações bolivianas. Nesta quinta, ele compartilhou uma mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Saudamos e agradecemos o firme apoio do irmão, presidente do Brasil, Lula, que condenou o fracassado golpe de Estado na Bolívia e se manifestou a favor da democracia boliviana", afirmou.

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