Papa Francisco é sepultado no Vaticano em cerimônia que reuniu milhares de fiéis e líderes mundiais
DM Redação
Publicado em 26 de abril de 2025 às 12:40 | Atualizado há 7 horas
O papa Francisco foi sepultado neste sábado (26), cinco dias após sua morte. A missa das exéquias foi celebrada em frente à Basílica de São Pedro, voltada para a praça de mesmo nome, com início às 5h (horário de Brasília).
O argentino Jorge Mario Bergoglio, que esteve à frente do papado durante 12 anos, faleceu aos 88 anos, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), seguido de coma e parada cardiorrespiratória. Nas semanas anteriores, o pontífice permaneceu internado por quase 40 dias devido a uma pneumonia bilateral.
O caixão do papa foi levado em cortejo fúnebre até a Basílica de São Pedro, conforme seu próprio desejo de ser enterrado no local. Segundo informações da Santa Sé, cerca de 150 mil pessoas acompanharam o cortejo.
A cerimônia de funeral, realizada na Praça de São Pedro, reuniu mais de 250 mil pessoas, além de dezenas de chefes de Estado. A celebração teve duração de 2 horas e 10 minutos.
A missa das exéquias, dedicada aos fiéis falecidos, foi concelebrada por 220 cardeais e 750 bispos e padres próximos ao altar, além de outros 4 mil sacerdotes posicionados na praça, conforme relatado pela agência de notícias Reuters. Devido à quantidade de participantes, as autoridades limitaram o acesso à Praça de São Pedro, reunindo muitos enlutados atrás de barreiras de segurança. Um amplo corredor foi estabelecido na divisa do Vaticano com a Praça Pio XII para facilitar o deslocamento de autoridades.
O caixão de Francisco foi fechado na sexta-feira (25) em uma cerimônia reservada aos cardeais. Durante o funeral, um Livro dos Evangelhos foi colocado sobre o caixão, que foi carregado pelos Cavalheiros de Sua Santidade.
Presença de líderes mundiais no funeral
Dezenas de chefes de Estado estiveram presentes no funeral do papa Francisco. Antes da cerimônia, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. A Casa Branca classificou o encontro como produtivo. O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente da França, Emmanuel Macron, também participaram da solenidade.
“Quisera Deus que próximo papa fosse igual a ele”, diz Lula sobre Francisco
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama Janja da Silva compareceram neste sábado (26) ao funeral do papa Francisco, realizado na Praça de São Pedro, no Vaticano. Lula lamentou a morte do pontífice e afirmou que ele foi “um homem que marcou história no século”.
“Quisera Deus que o próximo papa fosse igual a ele, com o mesmo coração, com os mesmos compromissos religiosos, com os mesmos compromissos de combate à desigualdade”, declarou o presidente.
Na sexta-feira (25), Lula e uma comitiva de lideranças dos três Poderes estiveram na Basílica de São Pedro, em Roma, para prestar as últimas homenagens. Após a cerimônia, Lula exaltou o legado de Francisco em publicação nas redes sociais.
“Eu e Janja estivemos há pouco em comitiva na Basílica de São Pedro, em Roma, na nossa primeira despedida ao Papa Francisco, compartilhando a emoção e a devoção com todos que vieram prestar as merecidas homenagens ao Santo Padre. Que sua sabedoria, coragem e compaixão sigam iluminando os corações de todos nós”, escreveu.
A comitiva brasileira foi composta, além da primeira-dama Janja da Silva, pela ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Banco do Brics; pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP); e pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Mota (Republicanos-PB).
Também integraram o grupo o ex-chanceler Celso Amorim e os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Ricardo Lewandowski (Justiça), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos), além de parlamentares.
Homenagens durante a homilia
Durante a homilia, o cardeal Giovanni Battista Re destacou a trajetória de Francisco como um “papa entre o povo, de coração aberto a todos”.
“Rico em calor humano e profundamente sensível aos desafios atuais, o Papa Francisco compartilhou verdadeiramente as angústias, os sofrimentos e as esperanças desta época de globalização”, afirmou Re.
O cardeal ressaltou os inúmeros gestos de Francisco em favor dos refugiados e deslocados e recordou que a primeira viagem do pontífice foi à ilha italiana de Lampedusa, um dos principais destinos de migrantes vindos do norte da África.
“Diante das guerras devastadoras dos últimos anos, com seus horrores desumanos e inúmeras mortes e destruições, o Papa Francisco elevou incessantemente a voz implorando pela paz, apelando à razão e convidando à negociação honesta para encontrar soluções possíveis”, prosseguiu o cardeal.
Re também observou que “a guerra sempre deixa o mundo pior do que era antes: é sempre uma derrota dolorosa e trágica para todos”.
O cardeal encerrou a homilia lembrando as palavras frequentes de Francisco: “‘Não se esqueçam de rezar por mim’. Caro papa Francisco, agora pedimos que reze por nós”.
Concluiu desejando que “o Senhor abençoe a Igreja, abençoe Roma e abençoe o mundo inteiro, como fez no domingo passado, da sacada desta basílica, em um abraço final com todo o povo de Deus, mas também abrace a humanidade que busca a verdade com um coração sincero e ergue a tocha da esperança”.
Oração em diversas línguas e Sagrada Comunhão
O cardeal Re também conduziu a Oração dos Fiéis, conhecida como Oração Universal. Em seguida, cardeais proferiram preces em seis idiomas: italiano, francês, árabe, português, polonês, alemão e, pela primeira vez em um funeral papal, mandarim.
“Por nós, aqui reunidos, para que, tendo celebrado os sagrados mistérios, possamos um dia ser chamados por Cristo a entrar em seu glorioso reino”, leu o Cardeal Agostino Liu Bo.
Durante seu pontificado, Francisco expressou o desejo de visitar a China, e o Vaticano buscou nos últimos anos estreitar relações com Pequim.
Após a oração, a Sagrada Comunhão foi distribuída pelos sacerdotes e celebrantes, estendendo-se também à multidão de fiéis presente na Praça de São Pedro.
Próximos passos após o sepultamento
O funeral marca o início dos nove dias de luto da Igreja Católica. No domingo (27), será celebrada outra missa de luto na Praça de São Pedro, conduzida pelo cardeal italiano Pietro Parolin, considerado um dos principais candidatos ao próximo papado.
Nos próximos dias, o Vaticano divulgará a data do início do conclave que elegerá o sucessor de Francisco. A expectativa é que a cerimônia tenha início entre os dias 6 e 11 de maio.