
Os médicos responsáveis pelo tratamento do Papa Francisco, de 88 anos, internado há uma semana para tratar uma pneumonia bilateral, informaram que, apesar de seu quadro de saúde ser delicado, ele não corre risco de vida no momento. A equipe médica destacou que o pontífice é um paciente frágil devido à sua idade avançada, mas a morte não é uma ameaça imediata.
"Ele está fora de perigo? Não. Mas se a pergunta é 'ele está em perigo de morte?', a resposta é não", afirmou o médico Sergio Alfieri, em entrevista coletiva no hospital Agostino Gemelli, em Roma. Alfieri relatou que, embora o estado de saúde do Papa seja grave, ele demonstrou certa disposição: "Agora passou 20 minutos andando do seu quarto à capela para rezar. Mas a situação realisticamente é essa: ele é um Papa, mas também é homem", explicou.
Segundo Alfieri, o Papa Francisco está ciente da seriedade de sua condição. Apesar disso, ele mantém seu bom humor, respira sem o auxílio de aparelhos e seu coração está em perfeito estado. Porém, o quadro clínico ainda apresenta riscos. De acordo com os médicos, o pontífice permanecerá internado pelo tempo necessário para o tratamento, o que deve incluir, pelo menos, mais uma semana de hospitalização. A decisão sobre a realização de sua tradicional oração pública de domingo (23) será tomada pelo próprio Papa.
"Trata-se de uma infecção importante, com muitos micróbios, com uma pneumonia bilateral em um senhor que anda pouco, usa cadeira de rodas, que tem 88 anos", disse Alfieri. O médico explicou que o tratamento envolve o uso de cortisona, que pode diminuir a defesa imunológica do paciente e aumentar os níveis de glicemia, criando um ambiente propício para infecções.
O maior risco, conforme o médico, é a possibilidade de o Papa desenvolver sepse, uma resposta inflamatória exacerbada do organismo a uma infecção. Alfieri esclareceu que, embora os germes ainda não tenham chegado à corrente sanguínea, esse risco continua presente, mesmo com o tratamento em andamento.
A equipe médica também reafirmou que os boletins de saúde divulgados diariamente são redigidos por eles, com base em avaliações de especialistas, e sempre com a aprovação do próprio pontífice. "O Papa sempre quis que disséssemos a verdade", disseram os médicos.
Questionados sobre a ausência de imagens do pontífice no hospital, os médicos explicaram que, por uma questão de respeito à sua privacidade, não é possível registrar fotos do Papa em seu pijama. "Não é que ele fica vestido como Papa o dia todo", explicou Alfieri.
Os médicos também lembraram que, apesar das dificuldades respiratórias desde o dia 5 de fevereiro, o Papa já havia iniciado tratamento com apoio médico na Casa Santa Marta, sua residência no Vaticano, para conseguir manter seus compromissos de trabalho. Devido ao quadro de saúde de Francisco, a Santa Sé já havia anunciado que um alto funcionário do Vaticano lideraria a missa papal, e todos os compromissos públicos do Papa foram cancelados até o fim da semana.
O Papa foi hospitalizado após sofrer de bronquite, e, na terça-feira (18), o Vaticano confirmou o diagnóstico de pneumonia bilateral. Esta condição, uma infecção grave, dificulta a respiração e pode inflamar e danificar ambos os pulmões. O anúncio gerou preocupação devido ao histórico de saúde de Francisco, que teve o lobo pulmonar direito removido quando jovem.
Na quarta-feira (19), a Santa Sé informou que os exames de sangue revelaram uma leve melhora, especialmente nos indicadores de inflamação. Na mesma data, colaboradores próximos ao Papa e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o visitaram. Apesar do diagnóstico, fontes do Vaticano afirmaram que o Papa continua ativo, mantendo-se informado e realizando tarefas de trabalho, como ler, assinar documentos e conversar com seus colaboradores.