A nova onda de ataques militares da China contra as defesas aéreas de Taiwan, fez com que o governo japonês enrijecesse seu discurso, e agora afirma que está se organizando para "vários cenários" que envolvem a Ilha de Pequim.
O ministro das Relações Exteriores, Toshimitsu Motegi, afirmou que analisa os possíveis cenários para que uma decisão seja tomada.
"Em vez de simplesmente monitorar a situação, nós esperamos pesar os diversos cenários possíveis para considerar quais opções nós temos, assim como as preparações que devemos fazer", disse.
Além disso, o ministro enfatizou o comprometimento com as relações entre Japão e Estados Unidos.
O discurso foi feito na terça-feira, 5, um dia após o atual premiê japonês, Fumio Kishida, anunciar seu gabinete e as eleições gerais no dia 31, o que até então não é algo considerado usual no país, dada a velocidade na política japonesa.
Motegi era egresso do antigo governo de Yoshihide Suga, bem como o ministro da Defesa, Kishi Nobuo, o que evidencia a preservação nas políticas mais duras em relação à China.
Por ter um passado moderado dentro do Partido Liberal Democrático, Kishida era considerado pela mídia chinesa, o melhor candidado a substiruir Suga.
"A manutenção de Nobuo, conhecido por seus laços com Taiwan, pressagia uma linha dura japonesa em suas preocupações de segurança com a China", escreveu Robert Ward, analista-chefe de Japão no Instituto Internacional de Assuntos Estratégicos (Londres).
De sexta-feira, 1, até segunda-feira, 4, 149 aviões foram enviados à Zona de Identificação de Defesa Aérea de Taiwan, o que força a decolagem de caças para interceptação e alta tensão nas baterias de mísseis.
O número é 27% maior do que o mês de setembro inteiro, revelando a pressão de Pequim sobre o território. Um fato que justifica os ataques é que sexta-feira foi o Dia Nacional Chinês, e o próximo dia 10 será o Dia Nacional de Taiwan, por isso, a China decidiu enviar recados contra movimentos independentistas.
Outro fator é uma maior movimentação norte-americana no Indo-Pacífico. Washington anunciou, nas últimas semanas, um pacto militar que fornece submarinos nucleares à Austrália, além disso, reuniu os chefes de Estado do grupo anti-China Quad, composto pelos EUA, Japão, Austrália e Índia.
No fim de semana, dois porta-aviões norte-americanos juntaram-se ao novo navio do tipo britânico, em uma dinâmica com fragatas japonesas entre Taiwan e Okinawa, podendo ter sido um estímulo para manifestação da força chinesa.
Na semana que vem, Estados Unidos, Austrália e Reino Unido realização manobras no mas Sul da China, que Pequim considera ter 85% de domínio.
O governo de Taiwan afirmou que está em "alerta máximo" contra novos ataques, os EUA já reafirmaram seu apoio à ilha no domingo e na segunda-feira.
O discurso de Motegi está em sintonia com a política de Joe Biden, que ampliou o desafio contra os chineses iniciada em 2017 por Donald Trump. O atual presidente norte-americano já havia acenado a Kishida, afirmando estar comprometido na conservação do Japão das ilhas Senkaku, que são demandadas pelos chineses.
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