A bicicleta e as Políticas de Micromobilidade em Goiânia
Felipe Matos
Publicado em 12 de janeiro de 2023 às 15:05 | Atualizado há 2 anos
O uso da bicicleta como meio de transporte e lazer, sem dúvidas traz inúmeros benefícios individuais, tais quais: a melhora da saúde e do bem-estar, efeitos positivos sobre a saúde mental entre outros. Há também os benefícios coletivos: Diminuição da emissão de gases de efeito estufa, além de ser uma forma de conter os congestionamentos dos grandes centros.
Sob essa perspectiva, diversas cidades pelo mundo investem no uso de transportes de micromobilidade, como bicicletas, patinetes, e similares, que possuem ou não motor elétrico. No Brasil, o uso de transportes alternativos não foi alvo de planejamento, sempre sendo privilegiado o transporte automotor como principal meio de transporte urbano. Com o intuito de promover o uso de meio de transportes alternativos, foi promulgada a Lei 12.587/12, a chamada Política Nacional de Mobilidade Urbana, destinada a aperfeiçoar, para não dizer construir, a infraestrutura para ciclistas e também dos sistemas de transporte coletivo dos Municípios Brasileiros.
A cidade de Goiânia, apesar de ter aprovado em 2007, a Lei Complementar 169/2007, que dispõe sobre o uso da Bicicleta e do sistema Cicloviário, foi uma das últimas capitais a colocar em prática o Plano Nacional de Mobilidade Urbana, somente em 2011, quase 10 anos após a aprovação da Lei Federal e 5 anos da aprovação da Lei Municipal, ganhamos nossa primeira ciclovia, que ligava a Praça da Bíblia ao Jardim Guanabara. As principais ciclovias da capital goianiense foram construídas entre 2011 e 2016, na gestão do ex-prefeito Paulo Garcia (PT), que entregou cerca de 75% das ciclovias e ciclofaixas da cidade, ou 72,7 Km, ante os 94 Km que a cidade possui na atualidade.
Tal fato demonstra que a Micromobilidade não está, infelizmente, entre as políticas da gestão da capital. Associado a isto, está o péssimo estado de conservação das ciclovias e ciclofaixas na cidade, pintura desgastada, buracos, falta de fiscalização do uso das ciclofaixas como estacionamento.
Há ainda de se falar nas obras do BRT, que não parecem ter privilegiado o uso da bicicleta, e se perdeu a oportunidade de construir a maior ciclovia da cidade, que ligaria uma ponta a outra da capital. As intervenções realizadas nas imediações da praça cívica ao contrário, retiraram uma parte da ciclovia próximo a Catedral metropolitana, foram tirados os rebaixamentos das calçadas da praça cívica nos locais de passagem das bicicletas.
E por último e não menos importante, a prefeitura deixou de oferecer serviços de locação de bicicletas, as “verdinhas” que ficavam nos parques e praças, e para completar não conseguiu fazer nenhuma parceria com empresa privada, afinal, temos poucas ciclovias, e está demonstrada não ser prioridade da Gestão.
Como sempre, fica o apelo, para que seja dada a devida atenção à Política Nacional de Mobilidade, bem como a própria Lei Municipal no que tange à atenção à construção de ciclovias e que o transporte por bicicleta se torne uma forma de viável de deslocamento na cidade, por enquanto, quem usa bicicleta como meio de transporte, está limitado às poucas e sucateadas ciclovias e ciclofaixas, ou a se misturar na insegurança do caótico trânsito da capital.