O Brasil sofre com uma praga liberada por uma legislação desde 2018, com a permissão dada para a modalidade de apostas on-line por meio das bets. São plataformas de jogos de azar em que indivíduos incautos e gananciosos entram e fazem apostas visando um ganho financeiro rápido e que parece fácil. Só quando estão atolados em um abismo de problemas como dívidas, depressão e desilusão saem do torpor e caem na dura realidade de que perderam muito dinheiro, comprometeram o orçamento familiar e precisam retornar à realidade do trabalho duro, honesto e dignificante.
Aproveitando brechas entre as autoridades e a massificação que idiotiza as massas as bets entraram pra valer no Brasil desde 2018, quando o Congresso aprovou e o governo Michel Temer sancionou uma lei permitindo as apostas virtuais. Em 2023 o Governo Lula tentou fazer algo pra limitar ou enquadrar o sistema editando uma lei com o objetivo de reduzir os impactos sociais do novo mercado. “Bets” é um termo de origem inglesa que significa “apostar” e foi incorporado ao nosso cotidiano para designar essas plataformas de apostas feitas pela internet.
A facilidade de disseminar a desinformação, a maldade latente em quem não se acanha de ganhar dinheiro dos apostadores, a leniência das autoridades, a ingenuidade combinada com a idiotice e a ganância dos apostadores criaram um ingrediente perigosíssimo. A praga se alastrou e as desgraças despencaram em volume impensável sobre a cabeça dos brasileiros.
A pessoa pode fazer uma aposta de casa, de um bar, do ônibus, até da igreja e acha que vai ganhar algum dinheiro. Quanto mais perde, mais aposta que vai ganhar alguma coisa pra repor o prejuízo. E essa espiral só se avoluma. A ponto da própria Federação Brasileira dos Bancos se preocupar com a “saúde financeira” dos brasileiros, que divulgou um documento patenteado que como reflexo do superendividamento “as perdas em apostas minam a capacidade de poupança do cidadão”.
A maçonaria universal sempre esteve à frente de seu tempo, pregando valores morais, espirituais e sociais, bem como a edificação de uma sociedade mais humana, justa e fraterna. Já lutamos contra tiranos e ditadores, promovemos revoluções, levamos educação, saúde, bem estar social, fraternidade e evolução para todos os continentes. Já combatemos as drogas, a miséria, a corrupção e tantas outras mazelas. Primamos pela fé inabalável em Deus – que chamamos Grande Arquiteto do Universo, na imortalidade da alma e na bondade humana.
Mas, não podemos assistir calados e impassíveis o desmoronar de um processo de construção econômico-financeiro do Brasil com o dinheiro da população sendo desperdiçado dessa maneira infame nas apostas on-line. É preciso levantarmos bandeiras pela discussão aberta para combater esse mal, ao passo que podemos socorrer a sociedade com campanhas de esclarecimento sobre os malefícios dessas apostas virtuais.
Já há até um debate sendo travado no Supremo Tribunal Federal com uma medida interposta pela Procuradoria-Geral da República contra as leis que não atendem “requisitos mínimos de preservação de bens e valores da Constituição Federal" ao permitirem "a exploração e a divulgação indiscriminada de sistemas de apostas virtuais baseados em eventos esportivos (sports betting ou bets) e em eventos de jogos on-line (casas de apostas virtuais)".
Creio que a maçonaria brasileira possa dar uma contribuição importante abrindo debates e apresentando propostas que visem fortalecer o combate a uma forma de ignorância, de vício e de erro. Precisamos apresentar propostas que possam informar ou alertar nossa comunidade sobre os perigos desses eventos. É urgente e imperioso que a maçonaria brasileira una esforços para combater essa praga e difundir valores de trabalho, honestidade e dignidade para nossa gente.
Que assim seja.
Aguinaldo Lourenço Filho é graduado em Educação Física, educador, mestre em educação, e maçom Grau 33.