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OPINIÃO PÚBLICA

Dia da Consciência, da resistência e da reconstrução da história dos negros no Brasil

“Eu tenho um sonho, que os negros e os brancos andassem em irmandade e sentassem-se na mesma mesa em paz” – Martin Luther King

Aguinaldo Lourenço Filho é graduado em Educação Física, educador, mestre em educação, e maçom Grau 33 Aguinaldo Lourenço Filho é graduado em Educação Física, educador, mestre em educação, e maçom Grau 33

A luta pela igualdade, pela dignidade e pela inserção do povo descendente dos africanos no Brasil é uma constante em nossa história e não uma variável de cada época. Nós, os negros, passamos para o papel de protagonistas da história e não devemos mais mendigar espaço para sermos reconhecidos e respeitados na edificação desse país.

O Brasil é de todos nós que participamos ao longo dos últimos séculos de sua construção até o patamar de uma das 10 maiores nações do planeta, em grandeza de território, em geração de riqueza, em produção de ensino e saber e principalmente na edificação da democracia e do respeito mútuo. Não é de brancos, de indígenas e muito menos só dos negros e seus descendentes. É preciso que isso fique claro para podermos caminhar em paz.

Dito isso, que o Brasil é a confluência vitoriosa do esforço de todos, vamos olhar pra frente e tratar de consolidar os espaços de toda nossa gente. Todavia, é preciso manter viva a chama do sonho libertário e de reafirmação que os negros têm direito nessa imensa nação.

Desde o fim da escravidão no Brasil, com a Lei Áurea em 1888, os negros foram colocados para o lado e pouco foi feito para reparar os séculos de insana aberração. Sem educação, sem inserção no complexo mundo da mão de obra assalariada, sem direito a moradia, sem assistência à saúde e saneamento básico e principalmente sem direito a reivindicar qualquer direito.

A maçonaria teve um papel preponderante na marcha pela libertação dos cativos até o fim da escravidão, com total protagonismo em praticamente todos os processos como a Lei do Ventre Livre, Lei do Sexagenário, o fim do tráfico negreiro e até na arrecadação de fundos para a compra da alforria de muitos escravos.

Todavia, é preciso que nossa Sublime Ordem assuma um papel mais proativo na afirmação dos direitos de todos, indistintamente e sem qualquer resquício do passado. A defesa de todos os direitos humanos e civis, passa obrigatoriamente pela consciência de que somos iguais e precisamos de oportunidades e espaços.

Quando falamos em reserva de cotas para negros está implícita a consciência de que essa parcela sofreu décadas de opressão, de falta de oportunidades e sem amparo protetivo do Estado. Possibilitar que negros tenham direitos e oportunidades de inserção social e de crescer nas diversas profissões com dignidade e reparação histórica é um dos princípios basilares da cidadania plena. Por isso é de fundamental importância o engajamento de pessoas que querem a construção de um mundo mais justo e fraterno.

A maçonaria sempre esteve um passo adiante de seu tempo e na defesa de direitos, da evolução moral, cultural e espiritual dos indivíduos. Foi nesse sentido que nossos irmãos dos Séculos XVIII e XIX empreenderam lutas pelo fim do Pacto Colonial, pela independência do Brasil em relação a Portugal, pela libertação dos Escravos, pela Proclamação da República, pela construção da democracia e contra toda e qualquer forma de tirania.

Muitos valorosos irmãos tombaram na frente de batalha e seu sangue fomentou a coragem dos que permaneceram na construção do mundo que sonhamos. Todavia, é necessário que se diga que após o fim legal da escravidão os negros foram colocados em segundo plano e não nos foram abertos novos horizontes como educação, direitos civis, educação básica e muitas outras formas de inserção no Brasil pujante.

O que precisamos mais que nunca é abandonar velhos preconceitos e juntos construirmos uma nação plural e diversa com todos partilhando tudo com alegria e fraternidade. Nossa imensa família maçônica no Brasil precisa resgatar o debate sobre cidadania plena para negros, indígenas, minorias de gênero, correntes ideológicas distintas e que todos sejamos irmanados nos princípios de irmandade fraterna.

As potências maçônicas precisam urgentemente dar as mãos em convergência de valores e de ideais para que o Brasil supere diferenciais históricos como pobreza, fome, analfabetismo, falta de saneamento básico, respeito à diversidade e que sejamos uma nação de brasileiros plenos e irmãos.

Que assim seja.

Aguinaldo Lourenço Filho é graduado em Educação Física, professor, mestre em educação, ex-atleta profissional de futebol e maçom Grau 33

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