O pintor Erasmo Gama é o expositor atual da galeria do SESC (Rua 15, Setor Central), que continuará aberta para visitação pública até o próximo dia 20. Suas obras ali expostas se apresentam numa perspectiva de representação pictórica de figuras naturais concentradas em espaços geométricos.
O escritor Miguel Jorge apresenta a exposição com um texto estampado num painel de entrada, do qual destacamos os seguintes recortes.
1. Há um mundo ambientado em seu ateliê ou fora dele, com pássaros, animais, objetos. O artista define as cores que norteiam seus trabalhos.
2. Suas telas resultam da convivência com ambientes variados coerentes com o que o pintor vinha fazendo ao longo de anos.
3. A excelência do desenho é a soma de que ele se vale para iniciar seus projetos e em seguida levá-los às telas em trabalhos realizados com tinta acrílica.
4. O pintor nos mostra contrastes luminosos, domina as cores, se equilibra no jogo das pinceladas rápidas que animam a estabilidade da composição.
Diríamos que há quadros que parecem projeção de reminiscências de uma infância vivida entre a casa e o quintal e há quadros que refletem uma experiência existencial vivida entre sonhos e castelos de areias. Mas a arte transforma a realidade em ficção e se presta a uma espécie de catarse, como método adotado para a exteriorização e eliminação de fatores negativos no percurso de nossa experiência existencial.
Eis o sentido de uma arte de fundo surrealista que se exprime numa linguagem de construção expressionista, mostrando a capacidade do artista de falar de si mesmo como de outrem. Eis aí um mundo ambientado em seu próprio ateliê ou fora dele (de que nos fala Miguel Jorge), preenchido com pássaros, aves, animais, objetos.
As obras em foco do pintor Erasmo Gama se apresentam, como dito, numa perspectiva de representação de figuras naturais concentradas em espaços geométricos. Nos espaços internos, entre as figuras naturais, podem-se ver, por exemplo, a cachorrinha familiar, a corujinha doméstica, os jarrinhos de flores, que preenchem os espaços vazios nos recantos isolados de uma residência. Tudo serve para harmonizar as figuras em tela, entre espaços naturais e espaços geométricos, que refletem a visão de mundo do pintor entre seu mundo interior e exterior. Mas é preciso estar atento. Pintura não é fotografia: é a representação simbólica de imagens que refletem uma realidade objetiva ou subjetiva.