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OPINIÃO PÚBLICA

Tenha juízo, minha filha!

Ter juízo é fazer um julgamento acertado acerca de um fato ou situação, subentendendo-se uma escolha pelo convencional. O Aurélio explica: ato de julgar, julgamento; conceito, parecer, opinião; tino, circunspeção, ponderação, siso.

Para minha mãe, ter juízo era não fazer nada errado, ou seja, fora dos padrões estabelecidos por ela. Assim, a maneira de ela ir comigo, sem estar presente, era aconselhar: “Tenha juízo, minha filha!” E eu, uma rebelde que segue todas as regras, às vezes fazia um discurso divergente, para sugerir que eu poderia não seguir o que fora determinado. Mas obedecia a todos os ditames – leis produzidas por autoridade superior – ordenadas a mim por Milena.

Pode não parecer, mas eu fui criada da mesma maneira que minha mãe, nascida 21 anos antes. Cuidou-me com mão de ferro, e a tudo censurava. Essa maneira de ser orientada para a vida deve ter sido fundamental nas escolhas que fiz.

Juízo é “a qualidade de quem age com prudência, de modo responsável e consciente de suas ações. Ter juízo significa ser dotado com a capacidade de raciocinar de modo sensato, com discernimento, bom senso e responsabilidade” e também: “quem tem juízo, tem bom controle mental” - Site Significados.

“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, é um ditado popular que reflete autoritarismo de um chefe coercitivo, aquele que coage, reprime e não escuta seus subordinados. Segundo o site RH, as lideranças diretas comportam seis perfis: coercitivo, inspirador, maternal, democrático, direcionador e instrutor. O primeiro tipo são 10% dos casos.

“Salvo melhor juízo” - SMJ é uma expressão cuja explicação se segue: Quando é redigido um parecer jurídico, quem dá o parecer se utiliza desta abreviatura para indicar que a conclusão a que chegou não é suprema. Não é a resposta única ou definitiva.

Em nível coletivo, quem julga é o juiz, que no futebol é o árbitro. Esses profissionais precisam, mais do que no jornalismo, serem isentos e imparciais. Isso existe? Arbitrariedade é o que mesmo?

Estudei em colégio católico durante doze anos e este é o motivo pelo qual eu sou agnóstica, ou seja, “Deus existe?” Nessa dúzia de anos, fiz orações, tive diversas aulas de religião e assisti a excessivas missas. Visualizei cartazes aterrorizantes do inferno, do dilúvio e do Juízo Final, que é o momento, em que, de acordo com algumas doutrinas religiosas, é o último e derradeiro julgamento de Deus sobre todos os seres da Terra. Sinaliza o fim dos tempos, momento em que os mortos irão ressuscitar e Deus julgará as ações de cada um.

“O Sol há de brilhar mais uma vez/ A luz há de chegar aos corações/ Do mal será queimada a semente/ O amor será eterno novamente/ É o Juízo Final/ A história do bem e do mal/ Quero ter olhos para ver/ A maldade desaparecer//” Nelson Cavaquinho - Élcio Soares.

Já estive tão impressionada com o Juízo Final, que sonhei estar na cozinha da casa da minha avó Du, quando um clarão entrou pela janela. Corremos até ela, vovó e eu, para vermos o que era, e nunca me esqueci: Jesus estava entre luzes e nuvens, flutuando e voltando a Terra. Minha mãe acreditava nisso. Do medo, passei ao descrédito.

E para os que são certinhos, mas possuem um mal escondido desejo de transgredir: “faça o que tu queres, pois é tudo da lei”- Raul Seixas, Sociedade Alternativa.

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