Opinião

DNA, telepatia, bússola e GPS

Redação

Publicado em 26 de junho de 2015 às 00:14 | Atualizado há 10 anos

 

Em interessante artigo do jornalista Welliton Carlos (edição deste jornal do dia 25-5-15), comenta ele que um mundo novo e perigoso já se apresenta a partir das crescentes inovações tecnológicas, que dominam as mentes dos consumidores atuais na sociedade capitalista. Teremos helicópteros individuais, carros sem motoristas, garçons ou casais robôs (como já divulgados na China e no Japão), comunicação por redes cerebrais, além de corações artificiais já criados por cientistas desde a década de 1960. Nesse sentido, o jornalista se reporta às previsões futuristas de Aldous Huxley em O admirável mundo novo (1932) e às premonições midiológicas de Marshall McLuhan em Aldeia global (1964), ambos prenunciando uma sociedade em que as máquinas se tornariam extensões dos seres humanos.

Tais referências, apenas para retomar o ponto de vista do articulista ao demonstrar a crescente desumanização do homem na medida em que vai assimilando o mecanicismo atual. Indo a um passado mais remoto, destacaríamos três grandes invenções da humanidade como pontos básicos para as reflexões que se seguem.

 

As três grandes invenções

Três grandes invenções da humanidade – a pólvora, a tipografia e a bússola – estão à base do progresso atual, notadamente nos setores de segurança, transporte e comunicação. Da pólvora resultou a invenção da arma de fogo. Da arma de fogo resultou a formação de exércitos (não há exército desarmado). Da organização de exércitos veio a segurança das nações (o mundo se dividiu em territórios independentes). A consequência negativa foi reduzir a ideia de segurança à mera explosão da pólvora: daí o enfrentamento dos povos pelas guerras, em que já se trocou a arma de fogo pela bomba atômica.

De qualquer maneira, foi graças à invenção da pólvora e à utilização da arma de fogo, que a humanidade pôde descer do topo das colinas (veja-se, muitos animais vivem ainda nas copas das árvores), passando assim a sociedade humana a viver nas planícies onde plantou suas habitações planejadas que resultariam nas cidades atuais. Trocou assim as primitivas fortalezas pelos quartéis urbanos expandindo os burgos renascentistas em lugar dos encastelados feudos medievais. A humanidade vivia isolada em si mesma e as invasões barbáricas eram uma ameaça constante à segurança pública.

 

Da tipografia à aldeia global

Da invenção da tipografia surgiu a comunicação escrita, vale dizer, decodificada para todos, além dos enigmáticos hieróglifos egípcios e dos curiosos cuneiformes mesopotâmicos. As ideias que só eram transmitidas oralmente (nem Sócrates, antes, nem Cristo, depois, escreveu nem editou nada), então as ideias passaram a ser registradas em moldes tipográficos (à base de chumbo que é irmão da pólvora). O surgimento do livro veio a substituir a antiga escrita manual dos copistas e se prestou à difusão de conhecimentos antes limitados às classes privilegiadas.

Não há negar que a imprensa ampliou os horizontes da comunicação e da cultura e proporcionou o intercâmbio de ideias aproximando os povos na maneira de agir, pensar e sentir pela troca de experiências intelectuais e vivenciais. Do livro ao jornal, do jornal à televisão, da televisão à internet e da rede mundial de computadores aos seus aplicativos atuais, a comunicação virtual acabou transformando o mundo numa aldeia global, no dizer de McLuhan. Se progredimos mas não evoluímos, isso é outra questão.

 

Da bússola ao GPS

A invenção da bússola por sua vez alcançou o desenvolvimento do mundo moderno. Sem a bússola não teria sido possível realizar com êxito, nem as grandes navegações marítimas, nem os velozes transportes aéreos, nem as ousadas viagens interplanetárias. Graças às grandes navegações (com a bússola, é claro) foi que Colombo descobriu a América, que Cabral descobriu o Brasil (embora tenha perdido o caminho das Índias) e assim, os navegadores ultrapassaram as orlas marítimas para expandirem suas pretendidas conquistas territoriais.

Com a bússola vencemos a vastidão dos oceanos e conseguimos o alargamento do globo terrestre unindo os continentes. Descemos paulatinamente das montanhas e construímos as cidades em terra chã (só com o problema dos esgotos pluviométricos e das fossas higiênicas). Agora usando o GPS, saímos das cidades para escalarmos as montanhas, com saudade das alturas (daqui a um tempo, será novamente por motivo de segurança).

Graças ao mostrador de uma bússola (que indica os pontos cardiais) e no qual uma agulha magnética sempre aponta para o norte, é que temos a orientação segura para invadir os espaços ou singrar os mares abismais em direção segura. Graças ao piloto automático ou giroscópio direcional é que se mantém o navio ou o avião numa determinada rota, unindo como que dois planetas, de terra e de água, na órbita celeste. (O problema é quando o homem desce do céu sem a devida segurança dos anjos).

Como se não bastasse, o astucioso animal humano inventou a minibússola na forma de GPS (“global positioning system”) para agora facilitar suas incursões na selva urbana. (O problema é os espíritos perversos entrarem na mesma rota). De qualquer forma o progresso nos proporcionou, primeiro a capacidade de navegar, depois a capacidade de voar, e agora a de mergulhar também no seco, guiados pelo GPS, como o cão adestrado guia o cego. De perguntar-se: será que na floresta o índio precisa desse aparelho?

 

Em que entra o DNA

O DNA (em português, ADN: ácido/desoxirribo/nucleico) tem a ver com a telepatia? Quem responde é um profissional de segurança, coronel da reserva Pedro José da Motta. Ele explica que, como energia, o DNA está ligado às funções cerebrais e neurológicas organizacionais internas e externas (os genótipos e os fenótipos). E que no microcosmo humano, ou natural, o DNA é uma partícula localizada no núcleo da célula (animal ou vegetal) responsável, no primeiro caso, pelas características genéticas e no segundo caso, pela reprodução em série no mundo natural, assim coordenando o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos.

Como energia, o DNA está ligado ao campo magnético da mente humana e, conforme dito, sendo responsável pela sua orientação interna que comanda suas relações externas, ao modo de cada pessoa, é claro, dada à sua exclusiva individualidade. O doutor Pedro sabe tudo sobre DNA e outras complexidades científicas, dado que é biólogo além de advogado e militar, ainda preocupado com a segurança do Brasil.

Aí está a complicação atual, que é a forma de utilizar o DNA. Primeiro, porque tem a ver com a telepatia como visão a distância, transmissão de pensamento e comunicação direta entre duas mentes e sem interveniência de outra mente por via sensorial, o que não acontece quando da interferência dos aparelhos eletrônicos. Por exemplo, do meu apartamento, sem telefone, sem interfone e sem usar smartphone, me comunico com meu amigo doutor Pedro em seu apartamento distante.

Como o ser humano não foi educado na relação com a máquina e nem sabe lidar consigo mesmo, o perigo é desviar a função telepática do DNA, para assim errar sua própria direção (sem bússola interna) e ameaçar externamente a segurança pública (por via de um surto como aquele do piloto de avião que jogou toda uma lotação contra a montanha), ou quem sabe, bloqueando as comunicações ou mesmo invadindo arquivos de dados secretos, como fizeram recentemente hackers americanos no Palácio do Planalto em Brasília, antes de se acender a pólvora para a explosão da Petrobrás.

Por que a humanidade não descobriu antes a importância do DNA? É que a tecnologia marchou à frente da ciência, a ciência tomou o lugar da filosofia, a filosofia deixou de ser a segurança do pensamento e as mentes humanas se desorganizaram perdendo a sintonia no contexto universal.

Será que inventarão um DNA tecnológico? E que a ciência realizará em breve implantes de DNA, substituindo células naturais por células eletrônicas? Já estão falando em inventar um novo corpo para quem tem um cérebro sadio num corpo doente, mas não ainda para quem tem um cérebro doente num corpo sadio. Para maior segurança, já seria de bom alvitre editar uma lei humana (além da lei cósmica), proibindo troca de corpos ou troca de cérebros, como já acontece com a troca de embriões humanos.

 

(Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa)

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