“Quem não planta e não cria, de forma honesta, nunca terá alegria.”
As árvores, além de liberar oxigênio, pela fotossíntese, mais bela função da natureza, o que acontece durante o dia, à noite realizam outro relevante serviço, que é a absorção, sequestro de gás carbônico da atmosfera, na conjuntura atual, supersaturada, pelos gases venenosos emitidos por indústrias, veículos motorizados e miríades de outros agentes poluidores do meio ambiente. Contribui, ela árvore, além disso, sobejamente, para amenizar a temperatura do planeta, ora em ascensão, consoante relatório que vem sendo feito, de tempo em tempo, pelas Nações Unidas.
Corroborando esses alertas, avulta-se, em lugares diferentes do globo, número cada vez maior de desastres ambientais, ceifando vidas e mais vidas, destruindo cidades, dramatizando e dizimando populações inteiras. Este estado deletério, decorrente do aquecimento global, tem preocupado cientistas ambientalistas, estudiosos da natureza, autoridades, dirigentes de países emergentes, os mais prejudicados, e as nações de primeiro mundo, nestas, grandes potências super industrializadas, maiores emissoras de agentes poluidores, entre os quais, os originados da queima de petróleo, gases de efeito estufa.
Irônico ou não, justamente eles, gigantes da poluição, embora partícipes de todos os grandes eventos feitos, com o nobre objetivo de debater, tomar decisões inibidoras do malsinado aquecimento nocivo à natureza, dessa forma, aos terráqueos, por contrariar seus interesses econômicos, protelam-nas. De sorte que, embora, angustiante, venha afetando a qualidade de vida do globo terrestre, a vontade dos mais fortes, mais fortes também na degradação ambiental, prevalece.
Fosse a sociedade eleitora politizada, dessa forma, capaz de fazer corrente e formar opinião, opinião nacional e, mesmo, internacional, sobre a gravidade do problema, desafio crescente, de consequências cada vez mais aterradoras, afetando a camada de ozônio, que protege a saúde do mundo, contra raios cancerígenos, de vez em quando, alardeado nas conferências ambientais, fundado nestes gravames, ela poderia despertar, concitar a sociedade votante à luta, de forma ordeira, pacífica, porém, com garra à adoção de uma política ousada, nacional e mundial.
Contudo, a implementação esbarraria nas verbas, capital mundial, para financiar projetos de pesquisas, técnicas, tecnologias, capazes de substituir as indústrias poluidoras, demais, toda sorte, de veículos emissores de gases de efeito estufa, por outros menos poluentes, ou, zero em toxidez ambiental. Capital para financiar a substituição de fontes geradoras de energia poluidoras, como as termoelétricas, por outras limpas, tal qual, a solar, eólica, ondas marinhas. Além do mais, com ele, a pesquisa, carro chefe de todo desenvolvimento, pode descobrir novas fontes, aperfeiçoar, racionalizar as já existentes.
Quanta falta faz a politização, subsequente mobilização das forças vivas, aguçando sua força prodigiosa, para negociar, com lideranças, agentes financeiros, a instituição de um fundo de 0,1 a 0,2%, sobre o capital, nacional e internacional, sobre a movimentação, circulação financeira dos bancos, quem sabe, até o capital, dos corruptos e corruptores, escondidos em paraísos fiscais. A guarda do fundo, uma vez instituído, oficializado, poderia ser confiada, inclusive, política de implementação, às Nações Unidas. Caberia, para maior eficácia, à comunidade, o papel de controladora, assegurando transparência na base, onde os meios seriam manuseados, em função dos fins, desenvolvimento sustentável, exploração da natureza sem causar danos tão nocivos, como os atuais. Exploração, consubstanciada ao bem-estar da humanidade, investimentos em pesquisas, técnicas, tecnologias, como dito, que possam reverter o pesadelo do aquecimento global, lento, mas sorrateiro, abrasador, danoso à saúde ambiental, mãe natureza.
O fundo, pronto, legalizado, irá cuidar da reversão do aquecimento, fazendo funcionar, programas, projetos dos mais variados matizes, tanto na plantação de árvores, como ampliação de sítios de algas marinhas. Regiões desérticas ou semidesérticas, como aquela em Israel, há muito produzindo o projeto embrionário de floresta experimental, no Saara, querendo viabilizar a transformação do deserto árido, em florestas verdejantes sublimando a vida. Este capital “benfazejo”, paulatinamente, passaria a incomodar o capital “malfazejo”, escondido, o dos corruptos. Desmascarando-os, poderá incentivar o descobrimento de energias bem mais limpas do que o petróleo.
No passado demérito, no presente, regalia, os trópicos são mais ricos, em fontes de energias limpas: solar, eólica, em nosso caso, imensa costa marítima, que, além de peixes finos, crustáceos, como camarão, lagostas, o saboroso pitu, sua moqueca, as ondas marinhas, ainda em fase experimental, pela Marinha Brasileira. Outras, com a pesquisa, carro chefe de todo desenvolvimento, advirão, quem sabe, aposentando o pré-sal, ultra poluidor? Política dessa natureza - oriunda do pensamento aristotélico, a arte de promover o bem-estar do povo, ora precária neste país, em tudo se descobre mutretas, superfaturamento, com o dinheiro do povo, pois, a política maquiavélica: arte da velhacaria prepondera sobre a aristotélica, em todas as esferas da administração pública - poderá vingar, surtir efeito, servir de elixir, mudança de paradigma na educação, área de segurança, com o conhecimento forjando a emancipação, de milhões de patrícios.
Além do mais, este imaginário fundo de investimentos poderá ajuntar-se ao outro, aquele proposto por Thomaz Piquetty, “O capital no século XXI”, destinado a acabar com a pobreza do mundo, fundado, neste caso, no descompasso entre crescimento econômico de 1,5 a 2,5% do PIB, ao longo de séculos, e o do capital, de 3,0 a 4,5%, desencadeando divergência e nunca convergência, distanciando e nunca aproximando, a pobreza da riqueza. Ambos, interagindo poderão solucionar dois desafios angustiantes da humanidade, o do aquecimento global e o da pobreza, este criando, por meio de investimentos maciços em conhecimento, tornando, os menos afortunados, ricos no saber e, com ele, saber, oportunidade de ganhar financeiramente, de forma diferente da cesta básica paternalista, sua emancipação socioeconômica.
Valendo-se, para tamanha causa, de dois princípios sagrados associados ao trabalho como eleito de Deus: filosófico, ajudar os mais pobres a ajudarem a si mesmos, através de outro, técnico: o fazer fazendo, ela família, construindo com suor, sabedoria, sua própria emancipação da pobreza, erigindo seu próprio bem-estar. Sim senhor, participando, como é próprio do processo democrático, da vida política de seu município, estado e País, saindo da condição atual, de mera observadora, para a de espectadora engajada, construtora de sua história, a história de sua comunidade.
De fato leitor, sempre estou alardeando, não existe democracia sem participação do povo, ela constitui a maior virtude pública da república. Os milhões, ou bilhões de deserdados da sorte, bem-estar, participando do combate, incisivo, à degradação ambiental, de todos os quadrantes, com o conhecimento adquirido, trabalhando, planejando, executando projetos: florestais e energéticos, energia limpa capaz de reverter o malfazejo aquecimento, combatendo, também, a corrupção tormentosa.
A reconstrução ambiental da terra, com verbas do fundo da natureza, a emancipação socioeconômica, com recursos do fundo social. A população menos afortunada construindo seu próprio bem-estar. Ideias, ideário leitor! Estas são as minhas, a princípio utópicas, no entanto, ajuntadas a outras, fundadas na dialética encadeada, poderão alcançar o universal e, assim, transformadas em realidade, para o bem dos humanos. Alguma coisa precisa ser feita, tanto no combate a degradação da terra, seu aquecimento, como na emancipação socioeconômica de milhões de criaturas deserdada da sorte, aqui, e, no resto do globo terrestre.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política, pela PUC-GO, produtor rural)