À primeira vista, o leitor(a) poderá perguntar-se: “O que tem a ver psiquiatria com pobreza?” Em primeiro lugar, doença psiquiátrica , por causa de seu desequilíbrio inerente, leva à pobreza. Em segundo lugar há outros mecanismos mais complexos; vejamos.
Quando os pobres do Brasil elegeram Dilma nas últimas eleições os ricos disseram que aqueles estavam com um “ódio às elites” que, eu acho, a maioria dos pobres não têm. A maioria dos pobres é “passiva”; os agitadores da pobreza (tipo Lula, Zé Dirceu, Stédile, MTST, etc) não são pobres. Estes agitadores, os falsos-pobres, tentam dizer para a pobreza que ela tem de odiar as elites, mas a maioria dos pobres não as odeiam, pois são passivos. A maioria dos pobres é resignada; os pobres ideologicamente revoltados estão em menor proporção. No Brasil, a ideologia sempre é mais fraca do que a barriga, e é a barriga roncando (nem que seja na forma de “preciso de uma calça jeans de marca para minha filha”) que está fazendo os pobres revoltarem-se contra o PT, que não tem mais condições de arcar com os engodos prometidos. Não é a “ideologia de direita” (como diz Lula) que está tornando os pobres contra o Governo. Os “falsos-pobres” (cúpula e sub-cúpula do PT) agitadores não são pobres justamente porque não são passivos; sua “atividade” (mesmo que ilícita, ou talvez por causa disto) os torna ricos, mesmo que neguem fazer parte da “elite branca econômica”. São espertos, ativos, e sabem mamar bem, ora no Governo, ora na elite branca que vive do Governo (os empresários).
Por causa da psico-herança negra, no Brasil o contato humano vale mais do que a ideologia: é por isto que nossa classe pobre não se revolta de fato contra as “elites”, como ocorreu, por exemplo, em paises de cultura europeia/indígena, latino-americanos, Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua e outros.
No Brasil, nem a “elite branca” tem ideologia, por isto revolta-se pouco (quando diz revoltar-se, é só no “mimimi” ou na internet). Também entre nós a “elite branca” foi bem domada pelos empregos públicos. Os “agitadores-da-pobreza-do-PT” ficam em maus-lençóis: tentam incitar a pobreza contra as elites, mas as elites (quase toda mamando também no Governo, seja na forma de “classe média funcionária pública”, seja na forma de “empresários”) são uma das grandes bases do petismo.
Aí engendra-se o embróglio atual: o PT-pobreza atacando o PT-Funcionário-Público-Empresário, o que tem colocado este pessoal numa equação insolúvel.
(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra. Artigos as terças, sextas, domingos)