Quando a ditadura militar dava os ditames no Brasil, o poderoso ministro da Fazenda e economista daquela época (Mário Henrique Simonsen) decretou o salário mínimo em Cr$ 76,80, a dúvida de não se arredondar o valor fez com que o saudoso Pasquim publicasse, em uma de suas capas, uma charge caricata do Simonsen, diante de um quadro-negro, explicando o valor do salário mínimo.
Segundo a charge, o salário mínimo dava para comprar um café e um pão (sem manteiga) quatro vezes por dia, consumo médio de uma família considerada pequena – quatro pessoas (os pais e dois filhos). O cafezinho custava Cr$ 0,12, um pão francês, Cr$ 0,04. Multiplicando pelas quatro refeições, encontramos o resultado Cr$ 2,56. A esse valor diário basta multiplicar os trinta dias do mês, resultando no salário mínimo de Cr$ 76,80. Se o mês for de 31 dias, a família assalariada deveria passar fome por um dia ou cortar a última refeição de quatro dias anteriores!
A piada parece ter sido difundida recentemente, mas ainda não superou a irônica situação atual. Quem vive de salário mínimo não é pobre, nem miserável, é milagroso. Principalmente por não poder pagar nenhuma conta e nenhum imposto. O problema é que, ao fazer novos cálculos, constatamos que ou o salário mínimo atual está muito baixo, ou o café com pão está muito caro.
Fazendo novos cálculos (com os preços de uma panificadora local), somando o preço do café “alto” (R$ 1,25) e do pão (R$ 0,60), multiplicado por quatro refeições diárias e quatro pessoas, encontramos o gasto diário de R$ 29,60. Por fim, os trinta dias do mês resultam no salário mínimo ideal de R$ 888,00! Isto mesmo. Os R$ 788,00 (valor do salário atual) não dão para comprar um café preto e um pão francês (sem manteiga, considerada luxuosa pelo governo) quatro vezes por dia. Se alguém quiser manteiga, deve solicitar gratuitamente do vizinho mais afortunado ou descolar uma cortesia.
Vamos lembrar aqui a frase dita por Lula, em seu primeiro discurso presidencial. Que “não descansaria enquanto a família brasileira não se alimentasse três vezes por dia”. A dieta lulista/dilmista suprimiu a última refeição diária! Voltemos aos cálculos: o custo diário com as três refeições (para uma família com 4 pessoas) é de R$ 21,60, multiplicado pelos trinta dias, encontramos o novo magro salário ideal de R$ 666,00 (o número da besta, do cão petista). Aí sim, os R$ 122,00 restantes dariam para comprar a manteiga, mas não compram o sit-pass do ônibus!
Se o Fome Zero não deu certo, e o nosso presidente nos mandou emagrecer, suprimindo a refeição noturna, o mínimo para suprimir nossa vontade era obter do atual ministro o decreto imediato do salário-mínimo em R$ 888,00, para que a família brasileira assalariada possa tomar seu cafezinho preto e comer o pãozinho francês sem manteiga pelo menos quatro vezes por dia!