É preocupante o atual momento em que o Brasil está atravessando, sendo destaques as dificuldades na economia, aumento do desemprego, dos juros, da inflação, do dólar, queda na produção, no crescimento do PIB e na confiança do empresariado.
Vemos a inflação subindo mês a mês, enquanto a recessão se aprofunda não só na indústria, como nos demais setores da economia.
Apenas para confirmar esse cenário, vê-se que o mercado de trabalho perdeu 111,2 mil postos de emprego em junho e, no primeiro semestre de 2015, um total de 345,4 mil empregos.
De julho de 2014 a junho deste ano, o acumulado é de mais de 600 mil postos formais de trabalho perdidos.
No segundo trimestre desse ano o desempenho da indústria foi bastante negativo, com queda em todos os indicadores, na comparação com o trimestre anterior.
O nível da atividade que era baixo ficou ainda pior, com redução das horas trabalhadas na produção, na utilização da capacidade instalada e no emprego e no faturamento das empresas.
O emprego registrou baixa de 0,7% de maio para junho. Além de ser a quinta queda consecutiva, o indicador se encontra no menor nível desde dezembro de 2009.
Esse cenário mostra a necessidade de aprofundarmos nossa visão sobre os gargalos do Brasil em todas as áreas que afetam a produtividade, a competitividade e a geração de empregos.
Precisamos enfrentar esses desafios como um todo, não deixando que eles aprofundem a situação que o País vive.
O cenário é de uma crise política, institucional e econômica, se consolidando como um dos piores momentos vividos na história do Brasil.
Estamos perdendo a nossa competitividade e a cada dia que passa nos surpreendemos com notícias que impactam a imagem do país, que até pouco tempo era referência como uma nação emergente, que consolidava suas bases econômicas, atraia investimentos e atenções de todas as partes do mundo.
Já passamos por crises anteriores e por medidas árduas, mas suplantamos. Não podemos perder a esperança de contemplarmos uma nação melhor para se viver. O nosso lugar é aqui, um País jovem, democrático, próspero, com clima favorável, riquezas naturais e que é celeiro do mundo.
O impacto afeta a todos e é grande o desafio por parte das instituições e dos poderes constituídos, no sentido de se organizarem e se unirem para que as dificuldades sejam contornadas e retomemos ao crescimento.
Insistimos na necessidade de que sejam implementadas mudanças estruturais profundas, como a política, tributária e na legislação trabalhista, contribuindo para desonerar, estimular investimento, reduzir a burocracia, a insegurança jurídica e aumentar a competitividade das empresas.
As adversidades devem servir para o aprimoramento e encaradas como oportunidades para reflexão e mudanças em benefício da sociedade e do Brasil.
Temos problemas, como tantos países têm, mas a soluções e resultados são obtidos pela forma como são enfrentados. Precisamos fazer a lição de casa e seguirmos exemplo de nações que passaram por crises, mas souberam contornar as adversidades e se tornaram nações prósperas, desenvolvidas e com bases sólidas.
O momento é de compromisso, deixando as vaidades, os interesses pessoais e partidários para que tenhamos ações concretas e eficientes, o que exige eficiência na gestão, sacrifício, renúncia, organização, planejamento e disposição.
(Paulo Afonso Ferreira, vice-presidente da CNI; presidente do Conselho de Assuntos Legislativos - CNI e diretor-geral do Instituto Euvaldo Lodi - IEL)