“É preciso pensar no País acima de partidos, governo e acima de toda e qualquer instituição.” A tônica do apelo feito pelo vice-presidente Michel Temer revela o momento dramático vivido pelo País. Tanto que, de imediato, já ganhou a adesão da Fiesp e da Firjan, as duas principais forças representativas da indústria nacional que, em comunicado conjunto, apóiam a proposição, definem o momento como “de responsabilidade, diálogo e ação para preservar a estabilidade institucional”, classificam a situação política e econômica como “a mais aguda dos últimos vinte anos” e exortam que “todas as forças políticas se convençam da necessidade de trabalhar em prol da sociedade”.
Ao mesmo tempo em que o vice-presidente propõe ação pelo País, tramitam na Câmara dos Deputados os incômodos “projetos-bomba”, que têm por objetivo maior constranger e embaraçar o governo, e os parlamentares aprovam as contas dos ex-presidentes que dormiam nos escaninhos da Casa há mais de 20 anos e talvez nunca fossem votadas se não houvesse o interesse de questionar as contas da presidente Dilma Rousseff, que enfrentam problemas no Tribunal de Contas da União. De outro lado, a Operação Lava Jato avança, condenando envolvidos e revelando novos fatos, instala-se a CPI do BNDES que muitos dizem ter a possibilidade de revelar problemas ainda maiores que o chamado “petrolão”. Respira-se, enfim a intranquilidade.
A presidente da República bate recorde de impopularidade, segundo o Datafolha, e seu partido, ao reagir, é alvo de novo panelaço ao apresentar seu programa na rede nacional de rádio e tv. Há especulação e desavença para todo gosto, inclusive o palavrão dito em discurso no Senado a respeito do procurador-geral da República, que pleiteia a recondução ao cargo. Nesse clima, o dólar explode para níveis não alcançados há 12 anos. A economia registra baixo desempenho, as demissões já começam a acontecer e poderão se massificar.
Sem qualquer dúvida, vivemos mais uma grave encruzilhada da vida nacional. É preciso patriotismo e grandeza e – como pede o vice-presidente da República – que se pense no Brasil acima de tudo. A presidente Dilma precisa fazer todo o possível para manter a governabilidade mas, se sentir que a perdeu, não terá nada melhor a fazer do que renunciar para evitar o colapso do País e, principalmente, o sofrimento do povo. É o mínimo que se espera tanto da presidente quanto dos demais que eventualmente se sentirem sem condições de continuarem prestando a representação e o serviço público para o qual foram escolhidos...
(Dirceu Cardoso Gonçalves, tenente, dirigente da Aspomil (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - [email protected])