O grito, bem, ele nos pega às vezes pela garganta sem tirar os olhos de nós. por horas se contenta em nos acompanhar como uma preguiça se atrela a árvore. há um grito em nossas costas pesando mais de trezentos mil anos. há um grito em nossos estômagos doendo como trezentos socos por segundo. às vezes colocamos o grito pra dançar em rodas de hardcore ou em imagens espetaculizadas. grito impaciente deu de morar nos lugares mais insalubres da história que é onde a vida prática toca a metafísica. por hora machine gun or typwriter
há um lixo poético de delírios em
forma de lírios no
chorume metropolitano
há uma poeta subversiva
na esquina do hospício
brincando de roleta russa
na corda bamba
Identificação constrói ilusões bonitas e carnificina acontece na realidade para sustentar que nós não morreremos, pelo menos não antes que a revolução aconteça. já foi incorporado por marx a khalo, o grito travestido desde van Gogh até todas las mujeres libres da Espanha. Demasiadas bruxas convocadas pra acaricia, doma, embriagá-lo pra colocar prazer nos sofismos. o grito roubou todas as lágrimas apenas àqueles servidos pela razão, pois não neguemos que a catástrofe é direcionada aos que consomem de menos e mantém a palma do peito aberta a qualquer bala “perdida”. o grito ficou atrevido brincando de chacoalhar nossas cabeças, o que é isso? o que é que isso? Todos os significados produzidos não põe fim. todos os significados produzidos. todos os significados produzidos. todos os significados produzidos. gritos. gritos. gritos. o grito carrega a sensação de morte que existe em todas as mulheres agredidas. Meu grito é o medo que não existe quando ainda era rebeldia, de amor confundido a violência, meu grito é tristeza e descrença. Carrega a violação psicológica que acontece em todas as famílias. carrega a violação psicológica que acontece em todas as escolas. carrega a violação psicológico das igrejas. carrega a violação da sociedade civil instituída.
(Isabella Devoti, estudante)