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OPINIÃO

Todos estão no mesmo barco

Leonardo Attuch ,Especial para Opinião Pública

No Brasil de hoje, parece ser preciso piorar antes de melhorar. Uma má notícia na área econômica, que foi a decisão da agência de risco S&P de colocar o Brasil em perspectiva negativa, foi a faísca necessária para conter a guerra política e abrir espaço para uma janela mínima de entendimento. Embora tenha mantido o grau de investimento, a S&P foi clara ao atribuir à crise política o principal entrave para o ajuste fiscal e a retomada da economia.

O recado, aparentemente, foi entendido. O primeiro político a propor um caminho racional para o debate foi o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, do PMDB. Segundo ele, “a guerra política insana não levará o País a lugar algum”. E disse mais: afirmou que todos deveriam se unir para evitar a perda do grau de investimento e disse ainda que a tensão permanente será ruim para o governo atual, mas também para quem poderá vir a ser governo amanhã.

Essa foi a tônica do encontro que reuniu governadores de todos os estados no Palácio do Planalto, na última quinta-feira. Se, por um lado, a presidente Dilma Rousseff defendeu o caminho da “cooperação federativa”, ela também recebeu acenos da oposição. “Nenhum de nós tem interesse em colocar fogo no circo”, disse o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB. “Para nós, quanto menos crise tiver, melhor para governar”, afirmou Marconi, citando ainda o governador paulista Geraldo Alckmin.

O que se espera agora dos governadores, que também sofrem com a paralisia econômica e a frustração de receitas orçamentárias, é que mobilizem suas bancadas no Congresso em favor do ajuste fiscal dos ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa. Afinal, governo e oposição estão no mesmo barco e a estratégia do “quanto pior, melhor” não deveria interessar a ninguém.

(Leonardo Attuch, jornalista. Artigo transcrito da revista IstoÉ)

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