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OPINIÃO

Ideologia de gênero

A despeito de várias tentativas de se voltar os holofotes para a discussão dos direitos de homens e mulheres quando se fala de gênero, não há como se esconder que se trata de uma ideologia. O próprio jogo de linguagem e a obsessão militante que faz questão de afirmar a ideia de gênero onde antes estava a de sexo demonstra amplamente que se trata de mais uma tentativa de engenharia social através da manipulação da linguagem. Através dessa simples palavra, o relativismo e o descontrucionismo radicais do marxismo cultural se transformam em política de Estado. Essa ideologia monstruosa que nasce da derrocada do marxismo-leninismo deseja mais uma vez propor a ideia de que o homem é uma tábula rasa, um livro em branco onde pedagogos, psicólogos e cientistas podem escrever o que desejarem, construindo assim um Admirável Mundo Novo. Uma das papisas da ideologia de gênero, Judith Butler, inclusive afirma que não há verdadeira definição de gênero: ele é o que cada um desejar construir por si mesmo, sem qualquer consideração ou limite estabelecido em relação a práticas como pedofilia, incesto e até o bestialismo. Devemos chamar isso de liberdade individual ou de abertura do homem às mais terríveis manipulações?

A pergunta que todo ser humano responsável deve fazer é:  o que torna o homem desenraizado, sem religião, sem a família extensa que a humanidade tanto protegeu em todos os milênios, tão interessante para alguns?  É que tal homem atomizado, individualista e hedonista é frágil e maleável e pode ser moldado à vontade pelos burocratas do Estado e das ONG´s e também pela propaganda sedutora das grandes corporações. É, segundo as célebres palavras de C.S Lewis, a abolição do homem que une marxistas e feministas radicais a megacapitalistas e suas fundações internacionais (Fundação Ford, Rockfeller, Carnegie, Gates, etc...) Ao contrário das aparências superficiais de pregação da diversidade, o verdadeiro objetivo dessa ideologia é abolir toda a diferença e complementariedades entre os homens (inclusive a fundadora de todas elas: masculino e feminino), transformando a humanidade em uma massa pastosa e indiferenciada (e confusa), tão flexível e configurável quanto os personagens de jogos online.

Recentemente tivemos o exemplo em Goiânia de quão perto de nós está o avanço totalitário dessa ideologia. A Escola Pequeno Príncipe, seja por negligência ou por concordância implícita dos responsáveis diretos, permitiu a circulação em seus recintos do livro Ceci e o Vestido de Max de Thierry Lenain. Nesse insólito livro “infantil” vemos a satisfação do menino Max em desfilar com um vestido rosa para a felicidade de sua amiga

amorada (não parece ser muito claro, e a ambiguidade até faz parte do receituário dessa ideologia) Ceci, que por sua vez responde ao feito com elogios à beleza de Max dentro de um vestido. O objetivo claro do livro é trabalhar a ideia de que não há problema algum que um menino ande de vestido, já preparando discussões sobre travestismo e cirurgias de mudanças de sexo para crianças de 7 a 10 anos.

O episódio como um todo poderia ser encarado como um acidente fortuito, um descuido da escola, se não soubéssemos que em todos as faculdades de pedagogia do Brasil se multiplicam os cursos que tratam a ideologia de gênero como um requisito obrigatório da educação infantil, mesmo sem qualquer discussão do assunto com os pais. Aliás, os ideólogos de gênero são unânimes em afirmar que as gerações passadas são fruto do “patriarcado opressor, branco e machista” e que elas devem ser na verdade reeducadas por seus próprios filhos “iluminados” por pedagogos e burocratas. Seguindo essa ideia, já se multiplicam pelo país as tentativas de estabelecer banheiros unissex em escolas infantis e cartilhas que tratam de sexualidade, aborto e até eutanásia nos termos mais crus para crianças. O Brasil tem umas das piores educações do mundo, nossas crianças sequer sabem quem foi Machado de Assis ou mesmo um Monteiro Lobato, mas a prioridade total é a sexualização e o amadurecimento precoce (fonte conhecida de problemas psicológicos). As escolas se unem ao coro da Babilônia do entretenimento e da mídia rumo à destruição da infância e do poder familiar. O Pequeno Príncipe pode até ser uma vítima inocente dessa propaganda ideológica, mas o episódio não deixa de ser simbólico e de apontar a necessidade da vigilância de pais e professores que não concordam com o avanço dessa ideologia na educação.

Murilo Resende Ferreira 2

Devemos todos entender que isso é um experimento social em larga escala e que ninguém sabe qual seu efeito sobre crianças e adolescentes. Mas temos algumas indicações: recentemente o Hospital John Hopkins, o primeiro do mundo a realizar cirurgias de transformação de sexo de forma geral, as proibiu para todos os casos que não sejam os raros de hermafroditismo. Observações feitas desde a década de 70 mostraram que a maior parte dos casos de mudança de sexo advinham de graves problemas psicológicos e que os operados não mostravam melhoras após a cirurgia. Curiosamente, haviam muitos casos que nem diziam respeito a homossexualidade: muitos homens que gostavam de se vestir de mulher e chegavam a desejar a castração tinham preferência sexual por mulheres. Cedo lugar às palavras do dr. Paul McHugues, professor de psiquiatria na Universidade John Hopkins:

“Eu testemunhei o grande mal feito pelas cirurgias de mudança de sexo. As crianças transformadas de sua forma masculina para a feminina sofreram miseravelmente ao perceberem suas inclinações naturais. Seus pais usualmente viviam com a culpa de sua decisão – sempre envergonhados da construção, tanto cirúrgica quanto social, que impuseram a seus filhos. Quanto aos adultos que vieram até nós dizendo ter descoberto sua ‘verdadeira’ identidade sexual e desejando fazer a mudança de sexo, nós psiquiatras fomos desviados do estudo das causas e da natureza de seus desvios mentais ao prepará-los para a cirurgia e a vida no outro sexo. Gastamos recursos científicos e técnicos e prejudicamos nossa credibilidade profissional ao colaborarmos com a loucura ao invés de tentar estudá-la, curá-la e em última instância a prevenir.”

Duras palavras, ainda mais quando sabemos que o deputado Jean Willys deseja aprovar cirurgias de transformação de sexo para crianças no sistema público de saúde. Esse artigo começou fazendo referência ao clássico livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Nesse livro profético, a humanidade vive sob a batuta de um Estado Mundial totalitário que proibiu a Bíblia e a literatura clássica e que tem como slogan a promiscuidade obrigatória. A família e a tradição de milênios eram fontes de fortes emoções e laços não controlados pelo Estado e pelas megacorporações. Sua abolição abriu o caminho nesse mundo fictício para o planejamento centralizado da vida humana em laboratórios e gabinetes. Nos países do norte da Europa, os primeiros a adotarem a ideologia de gênero como política de Estado, já há pastores presos por simplesmente lerem a Bíblia e reina o mais absoluto terror de falar publicamente, já que a alegação de homofobia serviu de modelo para criminalizar toda e qualquer opinião desagradável a qualquer ouvido humano. Em vários deles as mais belas obras da literatura são escondidas por não se encaixarem nos ditames do politicamente correto. Devido a considerações sobre  controle populacional e  “desenvolvimento sustentável”, a ONU e outros grandes organismos internacionais, além de toda a elite política e econômica mundial, veem com bons olhos a dissolução da família em uma série de relações sexuais fugidias e variáveis que não envolvem a reprodução natural e continuada. É assim que essa elite usa a sua liberdade; mas nós, como povo brasileiro e sociedade organizada, temos todo o direito de nos erguer contra aqueles que representam essa ideologia totalitária em nosso meio sob a bandeira da “luta contra a discriminação”. Nós que temos família, religião, pátria e identidade devemos nos organizar para que nossos filhos não sejam ratinhos de laboratório de uma Nova Ordem Mundial planejada sabe-se lá onde. Que o episódio do O Pequeno Príncipe seja um alerta de que os ideólogos de gênero (seja através do descuido e/ou cumplicidade da escola e da editora que forneceu o livro) já agem ativamente no Estado de Goiás. Você quer que seus filhos sejam educados por eles?

(Murilo Resende Ferreira, doutor em Economia – FGV/RJ)

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