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OPINIÃO

O último adeus do Doutor Geraldo Vilela

Emocionada e comovida, a população de Jataí, consternadamente, compareceu em massa neste último dia 30 de setembro de 2015 às exéquias de seu ilustre líder Geraldo Vilela, falecido um dia antes em Goiânia vitimado por falência múltipla de órgãos. Agradecidos e visivelmente emocionados, as autoridades constituídas e praticamente todos os segmentos mais representativos da sociedade jataiense uniram suas mais sublimes emoções em um só sentimento de tristeza e de dor no adeus final daquela figura humana extraordinária e encantadora.  O Dr. Geraldo Vilela, meu primo dileto, amigo leal e predileto, deixou o convívio de sua gente para ir habitar uma das muitas moradas da Casa do Pai. Cidadão honrado e valoroso, ele foi indubitavelmente um dos mais competentes profissionais de Medicina do Brasil Central.  A 22 de janeiro de 1930, aportava-se ao nosso planeta, nascendo ali nas barrancas do Rio Claro na hospitaleira e encantadora Jataí, o filho primogênito do lar humilde e generoso de meu tio Jerônimo Vilela e de sua estimada esposa Maria de Lourdes Vilela. Fruto da harmoniosa, feliz e duradora união conjugal deste venerando casal ainda viria a lume mais quatro irmãos menores: Creso, Álvaro, Márcio e Sidney Vilela, este último já na pátria espiritual.

Revela-se que aos onze anos aquele garoto robusto e inteligente, ávido por encontrar as luzes do saber e do conhecimento deixa a terra natal e vai morar na cidade goiana de Catalão na casa de seu tio Aníbal Jajah com o superior objetivo de estudar. Dedicado e estudioso, algum tempo depois, ainda extremamente jovem, ele deixa a companhia de seus familiares e enfrentando todas as dificuldades possíveis e imagináveis, vai cursar o ensino médio no Internato Ateneu Paulista na hospitaleira Campinas, terra das andorinhas e do imortal Carlos Gomes. Em seguida transfere-se para Curitiba, Capital do Paraná, interessado que estava em cursar Medicina e aperfeiçoar-se na sublima arte de curar. Algum tempo depois, não suportando o rigor do intenso e impiedoso frio paranaense, decide procurar seguro e remansoso abrigo climático nos braços acolhedores da Cidade Maravilhosa.  Ali na exuberante e portentosa cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do País, passou no vestibular e ingressou na antiga e famosa Universidade do Brasil, na Praia Vermelha, onde colou grau no ano de 1955.  Esperançoso e feliz, o jovem médico que se especializara em Ginecologia e Obstetrícia regressa a Jataí em 1956 para iniciar sua abençoada tarefa de bem servir ao povo, especificamente os mais humildes. Caridoso e dedicado, aquele exímio profissional da Medicina passou pela vida urdindo o bem. Afetuoso e carismático, dispensou amor e carinho àquela gente sofrida durante quase 60 anos de bons e relevantes serviços prestados à comunidade pobre da cidade abelha.

De sua união conjugal harmoniosa, fraterna e que se alongou por mais de 46 amos, vivendo em um ambiente relacional afetuoso, aconchegante e ornado pelo enorme carinho de sua leal companheira, amiga fiel e dedicada esposa Nidalva Gondim de Oliveira Vilela nasceram os filhos: Maria de Lourdes de Oliveira Vilela (fisioterapeuta), Creso de Oliveira Vilela (economista) e Geraldo Vilela Filho (médico). Seu primogênito João Abadia Vilela Neto é fruto do primeiro relacionamento do nosso ilustre  homenageado. Esta prole deu origem aos netos: Geraldo Vilela Neto, Isabela, Pedro, Frederico, João Paulo, Bianca, Manuela, Catarina e Amanda, mãe de sua bisneta Nicole. Ao longo de sua brilhante trajetória profissional vivida intensamente como um verdadeiro sacerdócio, amando e servindo sempre a comunidade jataiense, trabalhando com dedicação e extremado carinho, este extraordinário embaixador da saúde, mensageiro da esperança e missionário da vida, era chamado carinhosamente e imortalizou-se como o “Doutor Geraldo.”

Certa feita o senhor Moisés Franco de Carvalho, avô de meus netos Vanessa e Daniel Vilela, pioneiro do Espiritismo em Jataí e apóstolo da caridade, contou-me uma história singela e comovente. Ele desejava inaugurar e fazer funcionar regularmente o Sanatório Espírita Antônio de Paula Cançado, instituição pioneira das obras sociais em Jataí e construídas com a contribuição da sociedade. Em vão ele percorreu vários municípios e não encontrou um profissional médico credenciado e devidamente habilitado para viabilizar jurídica e legalmente aquela casa de saúde.  Decidiu então ir bater às portas do Dr. Geraldo Vilela, ilustre benfeitor da humanidade, que se propôs ir ao Rio de Janeiro, às suas expensas, fazer os cursos necessários para o necessário  credenciamento. Dentro de poucos dias ele retornou a Jataí já devidamente credenciado, assumiu o setor de psiquiatria do Sanatório a quem anônima e voluntariamente prestou inestimáveis serviços por quase uma década.   De 1956 quando começou a clinicar até abril de 2015 quando encerrou sua vitoriosa carreira, além do Sanatório ele trabalhou no Hospital Regional de Jataí, no Hospital São Marcos do qual foi sócio e diretor presidente por dois mandatos, no Hospital Unimed e na Secretaria Municipal de Saúde de Jataí.  Cumpre-me ressaltar que no início de carreira ele contou com o apoio incondicional de  seus colegas médicos: Dr. Serafim de  Carvalho, Dr. Lauro Taveira e Dr. Gilberto Inácio Cardoso, os dois primeiros no Oriente Eterno e o último ainda residente em Jataí.

Aos 85 anos e com quase 60 de bons e relevantes serviços prestados a Jataí, a Goiás e ao Brasil, vitimado por um processo de falência múltipla dos órgãos, ele decide aceitar um misericordioso convite do Criador, deixa o convívio de seus familiares e amigos, demanda outras plagas e vai morar no Céu.   A sua foi uma trajetória extremamente difícil, mais profícua brilhante e abençoada, percorrida sempre com passos estugados e firmes. Médico atencioso e humanitário, com sabedoria e raríssima competência soube enfrentar, combater e vencer a adversidade, com muita garra e com serena coragem. Ao deixar o plano físico deixou também incrustada nos escaninhos do coração de Jataí, excelentes recordações e uma enorme saudade.

Açodado e audacioso combateu corajosa e obstinadamente o bom combate, enfrentando desafios, ultrapassando obstáculos e quebrando paradigmas para exercer caridosa e eticamente sua honrada profissão. Altivo e soberano, católico fervoro e de fé inquebrantável, desportista e torcedor do Fluminense foi ele um autêntico líder comunitário  e um exemplar humano de raríssimas qualidades morais.  Ao deixar o corpo físico, o Dr. Geraldo, um obstinado na arte de bem servir a todos, deixou aos seus familiares, amigos e sobre tudo às futuras gerações um exemplo digno de ser seguido e o legado precioso de um notável profissional ético e extremamente responsável.

Suas principais diversões: o futebol, a caça, o passeio no campo, sair com os amigos e com a família, assistir programas esportivos, ouvir boa música e ler boas obras principalmente biografias.  Democrata e idealista inicialmente militou politicamente no grupo político comandado por Serafim de Carvalho, quando inclusive foi presidente da ala-moça do antigo PSD - Partido Social Democrata. Posteriormente, em época pouco recuada foi vice-presidente do Diretório Municipal do PMDB de Jataí. Orgulhoso e feliz cumpre-me ressaltar que assim que ingressei na vida pública como vereador em Jataí até os dias que corre meu saudoso primo e amigo passou a ser meu incentivador, conselheiro e apoiador de todos os meus projetos políticos.  Dentre os seus melhores amigos ouso citar: O Mimi (filho de sua madrinha Catarina), os advogados Ernane Zaiden França e Paulo Souza Cruz, Waldemar Pachola, dona Ester, Jerônimo Rolim, Mirim, Geraldo Gogó, João Jajah, Agnaldo Barbeiro, Aires Furquim, Irene Teixeira, Vilmar Zaiden, as ex-vereadoras Dolorita Macedo e Cidália Vilela, os ex-prefeitos Antônio Soares Gedda e Cézar de Almeida Melo, os engenheiros Abel de Carvalho e Dorival de Carvalho, Toniquinho JK, além dos colegas médicos, enfermeiros e demais servidores com quem trabalhou e dispensou afeto e carinho. Registro por derradeiro o sentimento de sua imensa legião de amigos, pacientes e familiares estratificado nas palavras articuladas de sua cunhada Geralda Maria: “Sou muito grata ao que ele fez por mim e por minha família. Conforta-me a certeza de saber que ele cumpriu fielmente sua missão e agora foi para os braços do Pai.”  À sua digníssima esposa, aos seus filhos amados, genros, noras, netos e bisneta, irmãos, sobrinhos e demais familiares ainda consternados com o seu inesperado passamento, ouso apresentar esta singela e descolorida mensagem de minha humilde lavra. Trago comigo a alvissareira esperança e a imensa expectativa de que ela possa de alguma forma alentar seus corações.

Alimento a firme convicção e a inabalável certeza de que o Dr. Geraldo partiu para a eternidade  com a consciência plenamente tranquila do dever fielmente cumprido, credenciando-se a ser fraternalmente acolhido nos braços generosos de Maria, a Santíssima mãe de Jesus, Rainha da humanidade e mãe de todos nós.  Com votos de eterna paz ao seu nobre e generoso coração.

(Maguito Vilela, ex-governador e prefeito de Aparecida de Goiânia)

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