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Xenofobia: o caso húngaro

Muito se tem discutido sobre a crise migratória na Europa. Em busca de uma vida melhor, os refugiados se arriscam na travessia do Mar Mediterrâneo. São cidadãos principalmente da Síria, Afeganistão e Iraque. Pessoas que se cansaram dos conflitos, cada vez mais frequentes nestes países. Para se ter uma ideia do cenário de guerra, só na Síria, em menos de cinco anos, foram mais de 240 mil mortes. Famílias inteiras abandonaram seus lares. O principal destino é a Turquia, que já recebeu cerca de dois milhões de imigrantes. Porém, nem todos conseguem completar o trajeto e os motivos são vários.

No mês passado, por exemplo, mais de dez pessoas morreram quando tentavam cruzar o mar Egeu rumo à Grécia. Entre elas, estava uma criança de apenas três anos. O corpo do menino na costa da Turquia causou comoção nas redes sociais. A imagem também provocou polêmica. Diante das circunstâncias na Europa, houve uma reação internacional. Países da América, como o próprio Brasil e Estados Unidos, estudam a possibilidade de oferecer asilo aos refugiados.

Em contrapartida, a Hungria fechou o cerco. O país instalou alambrados nas fronteiras com a Sérvia e Croácia. A vigilância é feita por militares, que inclusive estão agindo em casos de resistência. É importante lembrar que a Hungria é rota entre o Oriente Médio e a Alemanha, destino de muitos refugiados. No entanto, o bloqueio repentino despertou revolta, afinal se trata de xenofobia. Há uma profunda hostilidade em relação aos imigrantes.

A Hungria diz que tem o direito de proteger sua cultura, língua e valores. Independente disso, muitas famílias estão acampadas à espera de uma mudança ou mesmo um milagre, até porque os muçulmanos foram tratados como “possíveis terroristas”. Para os cientistas políticos, o governo precisa enfrentar a pressão, sem, contudo, prejudicar as pessoas que estão fugindo da guerra em busca da paz em outras nações desenvolvidas.

A desconfiança, neste caso, comprova que o preconceito e a discriminação ainda são fatores críticos em pleno século XXI. Não há limite entre razão e esperança! O mínimo de humildade se transformou em egoísmo. A experiência húngara vem de encontro ao sentimento de repúdio e ódio. Todavia, é conveniente destacar que não só o governo cria esse campo ilusório de segregação. Muitas pessoas também se sentem no direito de repugnar os imigrantes, com receio de perder o emprego, talvez. Isso para não dizer que há uma intolerância religiosa, cultural e até de gênero.

Muito mais que criticar e denunciar a Hungria, a Organização das Nações Unidas (ONU) deve contribuir, efetivamente, para facilitar o trânsito de pessoas nas fronteiras. As famílias estão sofrendo no meio do caminho sem expectativa de uma vida mais digna. Se os conhecidos Direitos Humanos, não raras vezes, atuam na defesa de contraventores, por que não interceder neste drama? Há uma violação preocupante, cujo respeito passa longe de ser ilustre. É fato, contudo, que a xenofobia só será combatida quando o ser humano resolver pensar e agir de forma mais coerente (racional), sem desprezar os menos favorecidos.

(Gustavo Marinho, jornalista e pós-graduado em Comunicação e Marketing pela UFG - E-mail: [email protected])

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