Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso, em sua perseguição à Era Vargas, “privatizou ou doou” a Companhia Vale do Rio Doce, em 1997, muitos aplaudiram seu feito.
FHC cumpria rigorosamente seu papel de maior corretor do mundo, ao mesmo tempo em que cometia um dos mais graves crimes de lesa-pátria de nossa historia contemporânea.
Criada em 1942 por Getúlio Vargas, a Vale do Rio Doce transformou-se na terceira mineradora do mundo, e é também a maior produtora de minério de ferro, a segunda maior exploradora de níquel, produzindo também manganês, ferrogila, cobre, bauxita, potássio, caulim, alumínio, etc.
Uma riqueza imensurável que foi dilapidada para sua doação insensata e criminosa, onde os interesses pátrios foram renegados e traídos pela visão neoliberal dos tucanos que só não venderam a Petrobras, devido à resistência de nossa gente, embora José Serra continue sua marcha de entreguista da Petrobras.
A Vale do Rio Doce como patrimônio do povo Brasileiro tinha dentre suas atribuições a função social, inclusive no que diz respeito ao seu exercício de exploração, e a questão de segurança era uma questão basilar.
O desastre provocado pela Samarco Mineração S.A. controlada pela Vale do Rio Doce e pela Australiana BHP tem todas as digitais da irresponsável desnacionalização da companhia produzida pelo governo de FHC.
A busca do lucro desassociado da responsabilidade social levou ao rompimento das duas barragens que culminaram com o maior desastre ecológico da história pátria.
Os prejuízos financeiros e ambientais são incalculáveis, assim como as vidas desperdiçadas imensuráveis. Minas Gerais e o Espírito Santo sofrem com o desastre causado pela visão financista dos vendedores do patrimônio pátrio.
Não há como desassociar o desastre de Mariana com o cerne da privatização, pois a correlação é inconteste, uma vez que a lógica mercadológica despreza questões sociais, afinal o que se visa é o lucro à despeito dos riscos.
A companhia não pertence mais ao povo brasileiro, mas os prejuízos ambientais sociais são totalmente nossos.
A questão é saber se haverá recuperação plausível e quanto tempo isso levará, e quanto isso vai custar à nossa sociedade.
Mais uma vez a sociedade brasileira paga o preço de nosso complexo de vira-latas, a lógica neoliberal adotada cegamente pela tucanagem cobra com juros e correção monetária seu preço de vendilhões da pátria.
O povo chora seu mortos, o meio ambiente se digladia à mercê dos acionistas sedentos de dividendos, e a história da Vale é maculada e FHC é bajulado por nossas elites.
Essa é uma herança que não chegará ao fim.
(Henrique Matthiesen, bacharel em Direito)