Detesto comparações, ainda mais entre a “rica” França e a “pobre” Nigéria, mas, como na semana passada comentei os fatos com os amigos e a imensa maioria, a princípio, mostrou-se incrédula, arregalando os olhos, comentando que nunca viram na imprensa nada sobre os fatos que eu narrara, resolvi escrever e compartilhar, também, com o misericordioso leitor deste matutino vanguardista, afinal, é vero, não somente a imprensa mundial, mas, também os líderes religiosos e as instituições defensoras dos “direitos humanos” pouco, ou quase nada fizeram para propagar as atrocidades ocorridas em abril no norte da Nigéria, ou seja, o sequestro de mais de duzentas adolescentes, repetindo: mais de duzentas meninas sequestradas de uma escola mista, ou seja, de católicos e muçulmanos, por um grupo que se autodenomina Boko Haram, nome que simboliza um repúdio a tudo que é “americano”, enfim, o líder, Abubakar Shekau é, atualmente, o homem mais procurado da África. Os Estados Unidos ofereceram uma recompensa de US$ 7 milhões por informações que levem à sua captura. Os extremistas do “Boko Haram”, distorcendo um versículo do Alcorão – ou Corão, as duas formas são corretas, – ensinam que seus atos são santos, que são soldados numa “guerra santa”, então, para provarem que são santos já sequestraram cerca de duas mil mulheres, repetindo: duas mil mulheres que são estupradas por soldados e civis, que se revezam, até que as meninas reneguem o cristianismo e se “converterem”. Mesmo depois da tal “conversão” elas são obrigadas a “provarem a fé” atacando suas aldeias e famílias. O misericordioso leitor pode imaginar o que acontece com as meninas que se mantêm fieis à fé cristã, fiéis, portanto, a Jesus Cristo?
Quando afirmei que a imprensa é uma das prostitutas do governo não me referi somente ao governo brasileiro, mas ao “governo mundial”, àquele seleto grupo que comanda, de fato, o planeta. No “nosso” país de dimensões continentais, temos apenas quatro famílias “comandando” a imprensa, imagine um país africano, a Nigéria, por exemplo. Já mencionei aqui, também, que nestes países africanos, se você apontar uma câmara para fotografar uma pessoa ela sai correndo, desesperada, muitas vezes em pranto, pensando que é a polícia secreta do governo marcando-a para morrer. Eu sei que aqui no Brasil é a mesma “coisa”, a mesma merda, entretanto, aqui o “negócio” é mais velado. A razão do governo nigeriano, os Estados Unidos e a Inglaterra não recapturam as meninas? Cada um dos duzentos terroristas que atacaram o colégio ficou com um “troféu”, ou seja, uma menina, embrenhando-se e espalhando-se num vasto território praticamente impenetrável. Alguns especialistas afirmam que as trocas diplomáticas levariam mais de uma década. Como é difícil viver e objurgar é a única possibilidade para os íntegros que se propõem opinar, formatar conceitos, enfim. Não temos temor temos é medo de blasfemar contra a “Verdade” e, assim, prosseguimos cientes da possibilidade de sermos premiados com alguma recompensa no além porque, haja vista, neste “mundinho de meu Deus”, não temos paz por mais que dez minutos, afora o medo constante de sermos assassinados por algum menino ou menina de nove anos, ou alguma coisa cair do céu sobre nossas cabeças, um avião, um pedaço de satélite, uma montanha de barro repleta de metais pesados... Ate.
(Henrique Dias é jornalista)