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OPINIÃO

Uma análise psicológica espiritualista sobre a precocidade e suas consequências

O desenvolvimento tecnológico é um dos grandes ganhos para todos os seres humanos, entretanto, tem provocado diversas consequências patológicas na sociedade atual. Há algumas poucas décadas a sociedade se regia pela diversidade da criatividade individual e coletiva do indivíduo; entretanto observamos atualmente uma variabilidade de consequências em detrimentos de algumas distorções de valores que iremos transcorrer  nas linhas que se seguem.

Embasado numa utopia de que estão fazendo o melhor para proteger, para evitar sofrimento e dor nos filhos. Os pais vêm perdendo há mais de uma década o controle da situação. Pelo uso abusivo da liberdade não se sabe mais quem são os pais e quem são os filhos. Pregam-se, até mesmo alguns profissionais, desatentos, do comportamento humano, que os pais tem que serem amigos dos filhos. Teoricamente séria de grande proveito; mas devido à infantilidade que se observa na maioria dos pais, temos apenas um jogo de empurra-empurra de quem deve educar os próprios filhos: o pai? A mãe? A escola? O Psicólogo? Os amigos? Ou deixa para a vida educar? No mínimo, é um contra senso, pais infantis querendo criar filhos adultos. Realmente não funciona e as consequências estão ai. A questão de que pais têm que ser amigos dos filhos pode ser  verdadeira se, antes de ser amigos, vier o respeito e maturidade da relação pais e filhos com a devida hierarquia necessária para que  os pais tenham autoridade moral sobre a educação de seus filhos. Quando os pais se perdem na autoridade moral sobre os filhos todo o contexto educativo encontra-se em processo de falência.

É necessário que compreendamos que, em cada escolha há sempre uma renuncia e através de uma escolha outras se seguirão acompanhadas de consequências: boas ou ruins. Escolhas de hoje podem repercutir o resto de nossas existências. Como escolher uma profissão; ter filhos precocemente; casar ou não, etc.

A falta de limites é a principal causa da violência familiar atual, que se inicia nos lares e se estendem para fora dos mesmos, nas diversas camadas da sociedade. Quando uma criança de 11 ou 12 anos inicia um namoro e recebe a aprovação dos pais, não podemos esperar outra consequência a não ser algum tipo de violência, inicialmente, psicológica e depois material. Infelizmente os lares saíram de um extremo de uma educação rígida para outro extremo da educação  do “tudo pode”. Afim de não criar “traumas” dizem e, o pior, com o respaldo e aprovação de alguns “psicólogos” e “educadores”, e por outros profissionais do comportamento que, também precisam rever seus conceitos sobre liberdade e libertinagem e os limites no século XXI.

Os próprios filhos ao transgredirem as normas sociais estão de forma indireta pedindo limites e socorro. A competição que se inicia dentro dos lares é outra forma de rogar por limites e, tratamento entre irmãos que também são diferentes, requer tratamentos diferenciados por parte dos pais. Não podemos criar filhos diferentes, iguais. Cada um exige de acordo com sua constituição herdada ao longo das existências e formação de sua personalidade através da influência do meio e sua recepção que se faz diferenciada em cada um de nós. Cada espírito reencarnado é único e possui suas particularidades.

Tenho atendido diversos profissionais das mais variadas áreas que mostra, quase perfeita, compreensão intelectual dentro da sua profissão; mas quanto a sua maturidade psicoemocional se apresentam com idade entre quatorze e dezessete anos para indivíduos entre vinte e cinco e trinta anos. Indivíduos que não conseguem compreender seus próprios sentimentos e se perdem em paixões desvairadas ou se recusam a se relacionar afetivamente consigo mesmo e com o outro. Muitos relacionamentos que se iniciaram na faculdade, se perderam na intelectualidade e formação profissional; mas não houve amadurecimento afetivo e troca de conhecimento psicoemocional de um para com outro. Formaram-se dois grandes profissionais namorados; mas não duas pessoas para compreender e partilhar de uma vida a dois, dentro da cumplicidade, do respeito que um relacionamento exige. Mas claro está que toda regra tem exceção.

Tem-se hoje grande conhecimento teórico, tecnológico e acúmulo de informações; porém, pouca experimentação da vida, que é uma somatória do espiritual, pessoal, psico-socio-afetivo, profissional e material. Não se faz uma boa feijoada em panelas separadas e temperos à parte. Uma verdadeira feijoada é a mistura de diversos petiscos, acrescidos de feijão preto e temperos que são misturados nos seus devidos “tempos” e ao final se tem um conjunto de sabores que se misturam e se individualizam no paladar de cada provador. O sabor da vida deve ser a dosagem certa do individual para o coletivo. Todo excesso no tempero da vida provoca dores e sofrimentos.

Devemos lembrar que a natureza não dá saltos, cada experiência deve vir ao seu tempo e hora, pois a sua inversão provoca consequências danosas à evolução do indivíduo. Queimar etapas pode não ser o caminho mais adequado. Estudar álgebra antes de aprender as quatro operações é quase impossível.

Não raro, mergulhado na sombra densa que procede do desconhecimento da sua legitimidade, distancia-se de sua origem que o abate ou o alucina, desviando o indivíduo do rumo ao qual se sente atraído por peculiar magnetismo. Sucede que as heranças do primarismo ainda governando a sua natureza animal, conduzem-no pela senda do prazer sensorial, sem que se dê conta das superiores emoções que o elevam e o liberam das paixões primitivas. Atropelando a vida pela pressa desenfreada da competição sobre o ter e o poder; contrariando o ser e o conquistar durante a vida.

Atropelado nos diferentes sentimentos que se mesclam no mundo íntimo, deixa que os conteúdos psicológicos do ânimus como da ânima confundam-no no arcabouço da polaridade em que se situa, buscando as insaciáveis satisfações do sexo e prazer em desalinho entre torvas permutas que mais o inquietam.

As heranças culturais, sociais e morais que lhe dormem no ser encontram dificuldade de expandir-se em razão das preferências do desejo pelo prazer e pelo poder, atirando o indivíduo para abismos emocionais que enlanguescem ou que o galvanizam.

Sendo o ser humano responsável pelos seus atos, enfrentam-os sempre como efeitos que o esperam pelo caminho por onde segue. Sustentando-se na disciplina, melhor direcionamento encontra para os passos, mais segurança adquire para vencer os obstáculos, mais resistência consegue para superar-se, equipando-se de alegria e de vigor para não desanimar.

Finalmente, podemos dizer que não existe atalho para a felicidade ou para que o indivíduo possa encontrar-se consigo mesmo. Em sua travessia pela existência, do berço ao túmulo, deve respeitar as etapas que a vida impõe sob a pena de pagar o preço pela desobediência. A precocidade, raras exceções, cobra-se um alto valor pela conduta infeliz de quem nela se torna um investidor.

(José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista, parapsicólogo, filósofo clínico, artista plástico, prof. Educação Física, especialista em família, depressão)

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