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Conheça a “Casa de Dom Inácio de Loyola”, em Abadiânia

No começo do seu ministério, João Teixeira de Faria, conhecido mundialmente por João de Deus, atendia em lugares diferentes, por não possuir um local certo nem  dispor de meios para estabelecer seu centro de atendimento.

Mas a própria espiritualidade se encarregou de propiciar-lhe os meios, pois, através de Chico Xavier, isto se tornou possível: um dia, o grande médium de Uberaba, por quem João Teixeira nutre verdadeira adoração, chamando-o de “o Papa do Espiritismo”, recebeu uma mensagem psicografada de Bezerra de Menezes, que o aconselhou a fundar uma casa onde praticar a caridade. E na própria mensagem psicografada indicava o local em que deveria ser fundada: seria na minúscula cidade goiana de Abadiânia, no exato lugar onde hoje se acha a “Casa de Dom Inácio de Loyola”, um lugar cercado de certo magnetismo, próximo a uma cachoeira a que são atribuídas propriedades purificantes (tivemos a oportunidade de tomar um banho purificador sob essa cachoeira, e constatamos que ficamos como que aliviado de uma série de tensões).

Certa ocasião, ele pensou em sair de Abadiânia, mas recebeu uma carta de Chico Xavier pedindo-lhe que permanecesse lá.

Abadiânia é uma cidadezinha interiorana situada a 103 km de Brasília, na rodovia que liga a Capital Federal a Goiânia, cortando a cidadezinha pelo meio, localizando-se a “Casa de Dom Inácio de Loyola”, na Av. Frontal, 823, à direita da rodovia, praticamente no meio do trajeto. É a rua mais movimentada da cidade e o seu local de atendimento o poder mediúnico de João de Deus leva o conforto espiritual a tantos quantos acorrem àquele local, em busca da cura dos males do corpo e da alma.

Evidentemente, e embora o médium João não explore comercialmente o fluxo de pessoas que para ali acorrem nos três dias de atendimento semanal (quartas, quintas e sextas-feiras), a cidadezinha vive praticamente em função da “Casa de Dom Inácio”, aonde chegam caravanas de ônibus de todas as partes do Brasil e de muitos os países vizinhos e de outros continentes.

De início, o médium João lutou com dificuldades, mas, com a ajuda de pessoas amigas, conseguiu adquirir um terreno e construiu o necessário, fixando lá a sua instituição, para poder atender aos necessitados. Fez tudo praticamente às suas próprias expensas, já que seu tino comercial o favoreceu. Teve a ajuda do então deputado federal Siqueira Campos, de Goiás, que conseguiu levar energia elétrica até lá.

A par de seu trabalho espiritual, que atrai inúmeras pessoas do Brasil inteiro e até mesmo do exterior (onde esteve várias vezes, sempre a convite), João Teixeira desenvolve um trabalho de auxílio à pobreza, distribuindo cerca de 60 mil pratos de sopa por ano, tudo às suas próprias expensas, tornando-se um hábito que prossegue, desde quando iniciou.

Liberato Póvoa 02

A respeito da distribuição de sopa, é interessante saber como esse hábito se iniciou e prossegue.

Em 1978, chegou a Abadiânia Aparecida Rosa Reis, com seu esposo, Mário Reis. Ela chegou muito doente e magra, com problemas de ovário e útero, tendo seus órgãos apresentado tendência para o câncer, e com uma hemorragia que não estancava, já desenganada pelos médicos. Ao ser atendida pela entidade, esta determinou que ela permanecesse em Abadiânia, pelo tempo necessário, para curar-se.

Como tinha que ficar por ali, começou a cozinhar para si e seu marido. De início, fazia comida em umas panelinhas suficientes só para eles dois, mas, com o passar do tempo, dona Aparecida começou a mandar  comida para o médium João Teixeira, que em determinado dia manifestou o desejo de conhecê-la. Ela então foi até ele, que dali para a frente fez questão de fornecer a ela os gêneros alimentícios para o preparo da comida.

Assim, dona Aparecida continuou a cozinhar, mas João, que não podia ver ninguém com fome, mandava dona Aparecida dar-lhe comida, de sorte que as panelas foram sendo substituídas por outras bem maiores, tudo mantido pelo médium, passando a fornecer comida também a todos os componentes da corrente. Era uma comida bem temperada, variada, com arroz, feijão, carne, legumes, etc.

Para chegar à distribuição da tradicional sopa, que é servida há muitos anos, precisou acontecer um fato interessante, senão inusitado: um dia, após os trabalhos da parte da manhã, os integrantes da corrente foram almoçar, e, devido ao tempero saboroso de dona Aparecida, comeram demais e passaram mal. Na hora do trabalho da tarde, que se inicia às 14 horas, a entidade determinou que, dali por diante, ninguém poderia comer a comida normal, mas uma sopa, que era mais digerível, além de substanciosa.

E assim passou a ser servida a tradicional sopa, não só aos que ali trabalham, mas a todos os que não têm onde e o que comer. E Mário Reis, marido de Aparecida, passou a ser uma espécie de administrador da Casa, função que hoje é exercida por Hamilton Pereira, experiente administrador e ex-prefeito da cidade.

A “Casa de D. Inácio”, aonde vou todas as semanas, é formada pelo “Centro Espírita D. Inácio”, pelo “Laboratório D. Inácio” e pela “Lanchonete D. Inácio”: o primeiro faz os trabalhos de curas espirituais, onde as entidades muitas vezes prescrevem medicamentos à base de passiflora. A Casa pagava para um laboratório fazer os medicamentos prescritos, mas resolveu montar, com farmacêutico próprio, o “Laboratório D. Inácio”, que atende aos pedidos das receitas, além de gerar renda, juntamente com a “Lanchonete D. Inácio”, para sustentar a folha de pagamento com os 42 funcionários com carteira assinada, e as despesas correntes da instituição.

E há uma enormidade de doenças que ali são curadas, inclusive fazem-se cirurgias (de corte e espirituais), havendo casos de cura de câncer, comprovada por exames médicos. E até hoje não se verificou nenhum caso de infecção pós-operatória. Quando a cirurgia é de corte, o médium pede a presença de algum médico para assistir e em seguida dar seu depoimento.

Mas, além de seus funcionários, conta com a dedicação de dezenas de voluntários, brasileiros e estrangeiros, muitos dos quais com formação superior, que abandonaram a terra natal e atividades rentáveis e passaram a viver em função da “Casa de D. Inácio”, dedicando-se à obra com grande amor e desprendimento, uma vez que, além dos medicamentos prescritos, nada é cobrado por nenhum tratamento, o que afasta qualquer insinuação de exploração da fé.

No último dia 25 de novembro, por exemplo, ali estiveram anonimamente renomados artistas, que retornaram maravilhados com o que viram. Conversei muito com Letícia Spiller e Zezé Polessa, que pareciam envolvidas por uma aura de encantamento.

Em breve, o articulista deste jornal José Cândido Póvoa publicará o livro “Cara a cara com João de Deus”, que faz uma verdadeira radiografia daquela miraculosa Casa. E digo-o com o conhecimento de quem frequenta aquele ambiente desde 1993 e prefaciou a obra do emergente espiritualista.

(Liberato Póvoa, desembargador aposentado do TJ-TO, membro-fundador da Academia Tocantinense de Letras e da Academia Dianopolina de Letras, escritor, jurista, historiador e advogado - [email protected])

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