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OPINIÃO

A construção de um espaço escolar inclusivo

A escola deve constituir-se num espaço de relações sociais comprometido com a formação dos indivíduos, por isso ela não deve ser pensada separada da sociedade. Pelo contrário, ela é uma instituição social como outras, possui ideologias igualmente as formas de relacionamento presente em seu entorno. Porém a escola tem a responsabilidade de desempenhar uma função que as outras instituições não são capazes de realizar sozinhas, a transmissão e a construção do conhecimento.

As diferenças estão presentes em todos os lugares e devem ser aceitas e entendidas como algo positivo, que traz uma enorme contribuição para o enriquecimento e aperfeiçoamento da sociedade atual. O Brasil, apesar de ser um país que possui uma grande diversidade de raças, culturas, ideologias, é um país que não está livre do preconceito e da discriminação.

Desta forma, a escola deve ser espaço de inclusão social, mesmo que ela não possa ser a única responsável pelas transformações da sociedade, mas sem ela tão pouco as transformações se darão. A escola é um lugar privilegiado para a promoção da igualdade e a eliminação de todas as formas de discriminação e preconceitos, por possibilitar em seu espaço físico a convivência de diferentes origens etnorraciais, culturais e religiosas. Além disto, sua atuação é intencional, sistemática, constante e obrigatória.

A implantação de um modelo educacional inclusivo é um processo complexo, sendo que todo o ambiente escolar precisa estar preparado, para desenvolver um bom trabalho. Assim, para que ocorra um espaço escolar inclusivo é necessário destacar alguns pontos que merecem atenção, “seriedade política e pedagógicas nas ações que envolvem todo o processo que é essencial e fundamental para a sua realização”, “envolvimento de toda a comunidade educacional com o planejamento da inclusão” e “capacitação prévia e continuada dos professores frente ao espaço inclusivo”.

São fatores essenciais para promover e facilitar o acesso mais equitativo e participativo na aprendizagem dos alunos, reforçando a cultura e eliminando barreiras quanto à inclusão. O professor deverá desenvolver estratégias visando à superação das dificuldades de aprendizagens dos alunos e deve incluir em suas ações a avaliação do aluno, a gestão do seu processo de aprendizagem, revendo sua prática constantemente.

Mesmo que o professor se esforce para desenvolver a educação inclusiva o interior da escola também precisa passar por mudanças substanciais e necessárias para garantir a aprendizagem dos alunos, ela deve oferecer espaços físicos adequados e didáticos, se transformar em espaço de trocas, o qual favoreça o diálogo, a convivência, a socialização, a inclusão, o ato de ensinar e de aprender. Ela deve ser mais democrática e participativa, compreendendo o espaço da escola como um verdadeiro campo de ações pedagógicas e sociais, no qual as pessoas compartilham projetos comuns. Transformar a escola significa criar as condições para que todos/as participem do processo de construção do conhecimento. Educar para a inclusão, não é tarefa somente daqueles/as que fazem parte do cotidiano da escola, é responsabilidade de toda a sociedade e do Estado.

Contudo, vivemos em sociedade marcada pelas diferenças, precisamos aprender a conviver com esta diversidade, é preciso alargar espaços para os sonhos, para os desafios e para os riscos que suas realizações impõem. Vencer o medo e construir o novo, aceitando e convivendo pacificamente com as diferenças. É justamente o repartir da alegria nesse processo que colabora com a formação de sujeitos pensantes, atuantes, críticos, criativos, maior competência reflexiva, capacidade de diálogo, comunicação com a cultura e as várias manifestações. Não é algo impossível, é uma necessidade para a construção de uma sociedade com outros contornos, afinal a diferença é normal.

(Gilson Marcos Pagés, professor de Geografia, especialista em Gestão Ambiental, pedagogo)

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