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OPINIÃO

Nízia Floresta Brasileira Augusta

Inúmeros personagens, em todo o mundo, alcançam feitos memoráveis em todas as esferas do conhecimento humano. Detém conquistas históricas movidos por uma força extraordinária. Eles fazem parte da galeria de honra das grandes personalidades, em seus respectivos países.

A educadora e escritora brasileira Dionísia Gonçalves Pinto Lisboa (1810-1885) é uma dessas personagens. Logo cedo demostrou que estava muito à frente de seu tempo mudando o próprio nome. Passaria a se chamar Nízia Floresta Brasileira Augusta. Nízia em homenagem ao pai Dionísio; Floresta para lembrar-se do sítio onde nasceu, em 12 de outubro de 1810, no Rio Grande do Norte (RN); Brasileira como afirmação do sentimento nativista; e Augusta recordações de seu marido Manoel Augusto.

Nizia Floresta foi uma ardorosa defensora dos negros, índios e pela igualdade de direitos entre homens e mulheres. Viveu em uma sociedade arraigada de cultura, que destoava do livre-arbítrio para a época de então. Mas não se curvou diante de tantos obstáculos ao expor suas ideias; um tanto avançadas para aquele período.

Em 1831, em Recife (PE), ela funda o jornal “Espelho das Mulheres”. E em seguida, em 1832, com apenas 22 anos lança o seu primeiro livro “Direito das Mulheres e Injustiças dos Homens”. Este livro lhe confere como precursora do feminismo no Brasil. A partir dessas duas leituras e durante toda a sua trajetória de vida fica evidente que Nízia almejava mostrar a mulher inserida em todos os contextos que geram a prosperidade de um país.

Nízia deixa o nordeste junto com o marido Manoel Augusto e a filha Lívia e resolvem ir morar no Rio Grande do Sul. No sul, ela funda, em sua própria casa, uma escola para meninas. Ainda no sul, dois acontecimentos importantes na vida de Nízia: falece o seu marido com apenas 25 anos, 1833 e o nascimento do seu filho Augusto Américo.

Em 1837, com a Revolução Farroupilha – movimento politico ocorrido no Rio Grande do Sul, entre 1835 e 1845, Nízia registra em seu diário: “Estamos indo embora para o Rio de Janeiro; Manoel morreu; as crianças estão muito pequenas ainda; não dá para viver neste lugar (no Sul) com a Revolução Farroupilha. Quero criar estabelecimentos de ensino onde possam ser ensinados às crianças os valores como: educação da mulher e sua emancipação; a abolição da escravatura; a marginalização do índio, entre outros”.

No Rio de Janeiro, Nízia funda outra escola para meninas e batiza de Manoel Augusto em recordação ao seu marido. Em 1842, ela escreve “Conselhos à Minha Filha” em homenagem à filha Lívia, mostrando uma direção sobre comportamentos, sexualidade, educação e a rotina de uma adolescente, inclusive editado mais tarde na Itália e na França. Em 1849, ela lança o livro “As lágrimas de um Caeté” sobre a degradação dos povos indígenas e escreve “Páginas de uma vida obscura” relatando a dura realidade dos negros.

No final de 1849, Nízia embarca no navio Ville de Paris rumo à Europa. Fixa-se em Paris, na França, onde morou por vinte e oito anos entre vindas ao Brasil. Entre a Europa e o Brasil ela escreveu em torno de quinze livros como: “Itinerário de uma viagem à Alemanha”; “Dedicação de uma Amiga”; “Cintilações de uma Alma Brasileira”; “A Mulher”; “Parsis”; “O Brasil”; “Opúsculo Humanitário” em defesa de ensino de qualidade para as mulheres e “O Pranto Filial” em memória à mãe.

Conheceu vários países europeus e manteve contato com grandes personagens naquele continente, entre eles o escritor português Alexandre Herculano (1810-1877), o romancista francês Alexandre Dumas (1802-1870) e o filósofo francês Auguste Comte (1798-1857). Falava fluentemente o inglês, o francês e o italiano. Faleceu, em 1885, em Rouen, na França.

Graças a Nízia e a tantas outras que lutaram bravamente por horizontes mais promissores, o Brasil alcançou significativos avanços, lançando luzes para que todas as mulheres possam ter as mesmas oportunidades dos homens, em todas as áreas e níveis. A mulher brasileira de hoje, por exemplo, pode almejar ingressar nas Forças Armadas, podendo alcançar as mais altas patentes dessas forças militares, como também fazer parte dos Três Poderes da República.

O projeto de vida de Nízia Floresta Brasileira Augusta foi pavimentar caminhos que culminasse em sociedades justas, igualitárias e libertárias, em todo o mundo. Ela vislumbrava a integração dos povos como o real significado da existência humana; pautado por todos os valores que são inerentes à pessoa humana como tal!

](Brasilmar Nascimento Araújo . Articulista e Poeta. [email protected])

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