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OPINIÃO

PSDB preparando a massa

Goiânia vive um momento especial. Está entrando no forno uma nova maneira de tratá-la. Candidatos de diferentes matizes, quais quitandeiros do Mercado Central, fazem suas misturas de ingredientes e se preparam como podem. Querem se dar às massas.

Já prenunciado pelo poeta modernista Oswald de Andrade, espera-se que um dia o povo brasileiro coma dos biscoitos finos que sua elite pensante fabrica. Por falta deles -e não da vontade de comê-los, este dia ainda não chegou. O que nos chega diariamente é a pergunta: por que não começar por Goiânia?

Goiânia é uma cidade nascida do avanço das ideias e sem medo de novidades. Triste, hoje ela patina sobre seu próprio rastro, recuando ao invés de avançar até a mesa posta. Nosso alívio é saber que o forno está ligado. Falta uma boa receita, que inclui boas intenções muito raras de achar, e saber os passos certos para a segurança do preparo.

Enquanto isso, ansioso por voltar ao poder municipal goianiense depois de prová-lo até o ultimo dia do século passado (Nion Albernaz, fim de mandato: 31/12/2000), o PSDB vai vivendo de forma antecipada este “momento especial” de forneria e ensaia com todos os cuidados o seu preparo.

De forma inédita no partido, o PSDB goianiense promove neste domingo eleições internas para escolher o seu candidato prefeituravel. Para que ele vença os demais e seja o próximo a governar Goiânia, terá que vencer agora uma primeira disputa tão quente quanto qualquer outro forno eleitoral.

Mesmo antes de serem abertas, o primeiro resultado das urnas tucanas já pode ser constatado. Esta prévia é um exemplo da democracia que caracteriza um partido cujo dono são seus eleitores e não seu cacique.

O segundo resultado é fruto generoso do primeiro e ainda mais importante, pois será a proclamação do nome a ser levado para a praça pública. E lá ele deverá mostrar que é bom para uma cidade inteira e não apenas para a seção regional de seu partido. E que cidade inteira é esta? Um ajuntamento de cacos e de retalhos que estão longe de cinzir a harmonia.

Em tempos de políticos magros de ética e a confiança sem leito de UTI, eis que Goiânia precisa com urgência de alguém em quem escorar suas derradeiras esperanças. Capenga, cansada de apanhar, ela quer revelar seu potencial. Quer ter o direito de mostrar ao mundo sua maneira especial de ser cidade.

Depois de se tornar octogenária, as próximas eleições talvez sejam a última chance de Goiânia recuperar o ânimo impetuoso presente no seu surgimento, aquela estrela que ficou perdida em lapelas bolorentas, e abrir novo rumo até o infinito do bem estar e bem viver.

O processo de escolha de candidato que o PSDB apresenta em forma de prévia é, afinal, um processo como qualquer outro: vai se conhecendo os pleiteantes e com isso vemos transparecer suas posturas e trajetórias. Pode-se então passar a bateia dos votos em seus pensamentos e ver o brilho que os distingue.

Entre os candidatos, um se destaca. Aliás, dois. Um por ter saído com estardalhaço do processo, não aceitando a possibilidade de perder, o que não é nada democrático e acende a luz de alarme para seus seguidores. Trata-se do delegado Valdir. Animado pelos votos angariandos com um par de algemas, ele se sente previamente o único dono da indicação. Não gostou de ter que disputar com outros correligionários. Em uma atitude de demo-fobia ele espirrou-se, abrindo mão de um lastro, o PSDB, que ao menos amenizava sua incompletude para encarar situações globais.

O outro candidato que se destaca é o Giuseppe Vecci. Não somente por ele já ter a vitória no nome, o que, etimologicamente falando, é fato. E assim como a etimologia é a ciência que estuda as origens das palavras, a democracia na forma de voto é, até hoje, a melhor forma encontrada para escolher entre um candidato e outro, entre um futuro plausível e um passado que ficou no tempo de reis, rainhas, cartas marcadas e caciques.

(Px Silveira, presidente do Instituto ArteCidadania)

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