O Produto Interno Bruto, mais conhecido pelas iniciais PIB e que representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período, sofreu duro revés. Segundo divulga o IBGE, em relação ao terceiro trimestre, o PIB do quarto trimestre de 2015 caiu 1,4%, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. É a quarta queda consecutiva nesta base de comparação.
A Indústria (-1,4%) e os Serviços (-1,4%) tiveram retração, enquanto a Agropecuária registrou expansão (2,9%). Na comparação com o quarto trimestre de 2014, o PIB caiu 5,9%, a maior queda desde o início da série histórica iniciada em 1996, sendo que o valor adicionado a preços básicos caiu 5,0%, e os impostos sobre produtos recuaram 11,0%. A Agropecuária cresceu 0,6%, enquanto a Indústria (-8,0%) e os Serviços (-4,4%) apresentaram queda.
Ao longo dos últimos meses, diferentes setores foram impactados pelos efeitos da recessão econômica que o país atravessa. No entanto, para a agropecuária o cenário é um pouco diferente. Agora, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga os resultados das Contas Nacionais Trimestrais e apontou que entre os setores da economia analisados para o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), apenas a agropecuária cresceu em 2015. A alta foi de 1,8% em relação ao ano anterior, sob influência da soja e milho. Esses dois produtos sofrem este ano duro golpe na safrinha em decorrência do prolongado estio.
Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, os resultados reforçam ainda mais a força da agricultura e da pecuária no Brasil e há necessidade de, cada vez mais, investimentos. Jose Mário confessa que entre os problemas que impediram um crescimento ainda maior do setor estão o alto custo da logística, o aumento dos custos de produção e a falta de apoio técnico aos produtores, que, em sua maioria, ainda carece de assistência técnica.
Para o dirigente classista, em termos práticos, isso significa que os produtores rurais estão fazendo sua parte, mesmo com a pouca colaboração do poder público. Espera-se que os números do PIB demonstrem ao governo federal que o investimento no setor agropecuário é bom para todos os brasileiros.
O presidente da Faeg destaca também que um dos fatores que contribuíram para esse resultado positivo, foi a valorização do real, que segurou os níveis de preço. Apesar dos elevados custos, o resultado não impactou na redução de área e da produção, conforme observou a este articulista. Segundo Schreiner, a pecuária também colaborou com resultado positivo entre os demais setores.
Em dados gerais, a economia brasileira fechou 2015 em queda. A retração, de 3,8% em relação a 2014, foi a maior da séria histórica atual do IBGE, iniciada em 1996. Considerando a série anterior, o desempenho é o pior desde 1990, quando o recuo chegou a 4,3%. Em relação corrente, o PIB chegou a R$ 5,9 trilhões, e o PIB per capita ficou em R$ 28.876 em 2015 – uma redução de 4,6% diante de 2014.
(Wandell Seixas é jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, Tel Aviv, Israel, autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste e editor de agronegócio do DM)