Entre os graves e múltiplos problemas de atribuições da prefeitura de Goiânia estão os serviços públicos essenciais, como o transporte coletivo urbano, pavimentação, limpeza, iluminação, saúde (Centro de Atendimento Integral à Saúde, Cais) e segurança, embora esta seja de competência do Estado, quando a União, que arrecada trilhões de impostos, deveria colaborar com as unidades federativas e os municípios. Aliás, o governo federal (Lula investigado pela Lava Jato por implicações no Mensalão, Petrolão e empreiteiras ainda não foi preso e quer ser ministro da Casa Civil para ter foro privilegiado, enquanto sua criatura e ilusionista faz o diabo para se livrar do impeachment, além de vários senadores e deputados amorais e aéticos, que vivem atolados na lama da corrupção endêmica). E mais: o poder central incorre em crimes de lesa-pátria, saqueando recursos do País para socorrer nações governadas por ditadores, a exemplo, entre outros, de Guiné Equatorial, Angola, Gana, Cuba, Venezuela, Sudão e Moçambique. No caso específico do desgoverno Paulo Garcia (PT) na capital goiana, a população que mais sofre e vive angustiada é a da periferia abandonada, onde predominam a ausência de asfalto, buraqueira, matagal (servindo de esconderijo para bandidos), lamaçal, a escuridão com as lâmpadas apagadas, escolas distantes e outros descaminhos. Além da mídia impressa, as emissoras de televisão, a todo momento, mostram o que acontece na periferia desassistida pela Prefeitura de Goiânia. O telespectador (a), que a tudo assiste, fica condoído com os justos clamores da população periférica (mulheres, crianças, adolescentes, homens, idosos e até animais). Esse deplorável estado de coisas não pode continuar, senhor Prefeito, exigindo soluções a curto e médio prazos!
Outro cenário angustiante na vida de Goiânia é quem depende do transporte coletivo, ou seja, a maioria da população da capital e da região metropolitana. Os coletivos urbanos são de uma precariedade sem precedentes, tendo em vista a escassez de ônibus, que são de péssima qualidade, além dos terminais e dos pontos, estes, na sua maioria, a céu descoberto e vários deles até no meio do matagal. Além dessas deficiências, prevalece o monopólio dos ônibus, pois na realidade não há concorrência nos serviços de transporte coletivo de Goiânia, o que resulta em sérios transtornos à multidão usuária. O sufoco no interior dos ônibus é de tal monta que, não raro, usuários são vítimas de furtos e roubos, pois os proprietários dos ônibus não se preocupam em manter seguranças especializadas nas linhas do transporte coletivo. Registre-se, porém, que os serviços ao longo do eixo da Anhanguera, de atribuição do Estado, com os ônibus maiores da Metrobus, são de melhor qualidade, além de suas estações mais espaçosas. A propósito de coletivos urbanos, um fato histórico expressivo é que o saudoso ex-governador Henrique Santillo tinha o objetivo de implantar na Capital goiana o Metrô de superfície, não obstante se tratar de serviço público de atribuição do município. O governador Marconi Perillo, há alguns anos, determinou estudos para construir o Metrô na Grande Goiânia, mas encontrou obstáculos federais para levar avante seu relevante projeto. Agora, o prefeito Paulo Garcia cogita das obras do BRT (Bus Rapid Transit em inglês, ou seja, ônibus rápido) com o trajeto entre a Praça do Trabalhador e Avenida Goiás Norte, o que não é a solução para o transporte de massa. O tempo dirá se estamos equivocados ou não.
Aliás, há décadas, voltamos as atenções para os problemas sociais como que inspirado nas preocupações sociais do saudoso conterrâneo, o talentoso escritor alagoano Graciliano Ramos. Assim é que, em nosso livro “Memórias de Artigos” (coletânea de 1970 a 2012), entre outras questões sociais, sempre defendemos a implantação do Sistema Integrado de Transporte Urbano de Goiânia. Em1976 (lá se vão 4 décadas), escrevemos 6 artigos, postulando o transporte de massa na capital de Pedro Ludovico Teixeira. A 22 de março de 1998 (há 16 anos), o artigo “Por que não o Metrô em Goiânia?”. Em 29 de dezembro de 2009, o artigo” Metrôs e não Trem-Bala”. Até porque os maiores centros urbanos mundiais, a exemplo de Nova York, Paris, Tóquio, Londres, Toronto (Canadá) e Buenos Aires dispõem de seus metrôs, enquanto no Brasil os temos em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte e Brasília. Note-se que Goiânia, com 83 anos não tem Metrô, enquanto Brasília, com apenas 56 anos, já conta com esse moderno meio de transporte coletivo. Na verdade, o Metrô de superfície, adequado à geografia da Capital goiana, com sua rede de estações, será a solução para o nosso transporte de massa e não o BRT como pretende o atual Prefeito.
Outro problema que atormenta a população goianiense são as milhares de lâmpadas apagadas nos diversos bairros da capital, notadamente na sua periferia, o que está sendo negligenciado pelo chefe do Executivo municipal. Enquanto o Legislativo, à exceção de alguns vereadores, pouco se interessa pela solução desse lamentável descontrole, o atuante promotor Fernando Krebs sugere ao prefeito providências imediatas para resolver o grave problema sob pena de tomar medidas judiciais contra o mandatário de Goiânia. Ainda mais porque se trata de um setor público essencial que o prefeito Paulo Garcia não pode fazer “tabula rasa”, deixando a população na escuridão. O prefeito, que é médico, também tem o dever de melhorar o atendimento à saúde no seu campo de atribuições, sobretudo aperfeiçoar a assistência à população pobre. Os Cais, por exemplo, devem ser multiplicados nos bairros para melhor servir à população carente, ao mesmo tempo em que o Sistema Único de Saúde, da competência federal, deve ser aperfeiçoado. O Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol) e o Hospital de Urgência de Goiânia, ambos da gestão pública do Estado, sobretudo o primeiro, são modelos de atendimento e devem servir de exemplos à municipalidade goianiense. Também são referências na saúde estadual o Centro de Reabilitação e Readaptação Henrique Santillo, Santa Casa de Misericórdia de Goiânia, construído na época de sua benfeitora, dona Gercina Borges Teixeira, considerada a “Mãe dos Pobres”, esposa do fundador de Goiânia, Pedro Ludovico Teixeira; Pronto Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc, o Centro Materno-Infantil iniciado no governo Otávio Lage (a 19 de outubro de 1971 escrevemos o artigo “Por que a demora do Centro Materno?”) e o Hospital Geral de Goiânia. Quanto à segurança publica, o artigo 144 da Constituição Federal deve ser reformulado para torná-la também dever da União e dos municípios, já que é da responsabilidade de todos. Enfim, na verdade, no caso particular de Goiânia, a capital goiana continua com seus graves e múltiplos problemas, o que jamais pode prevalecer!
PS: Mineiro de Diamantina, o então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, que era médico, escolheu a memorável data de 21 de Abril de 1960 para mudar a capital federal para Brasília em justa homenagem póstuma a Joaquim José da Silva Xavier –Tiradentes - (1746-1792), o protomártir da Independência do Brasil do jugo de Portugal. O sonho de Tiradentes foi concretizado por d. Pedro I a 7 de setembro de 1822 às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, com o histórico grito “Independência ou Morte”. A República também considerou Tiradentes herói e o 21 de abril feriado nacional. Através da Lei 4.897, de 9/12/1965, sancionada pelo então presidente da República, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, que exerceu a chefia do estado-maior no governo do presidente João Goulart (julho de 1956) e que participou, na Itália, da Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945), declarou Tiradentes “Patrono Cívico da Nação brasileira”. O marechal Castelo Branco, cearense de Mecejana, foi eleito presidente da República pelo Congresso Nacional em 15 de abril de 1964 e teve seu governo reconhecido internacionalmente.
(Armando Acioli é jornalista e formado em Direito pela UFG)