Quanta diferença do MDB para o PMDB, aqueles que qualificam o PMDB como se tivesse mantido as qualidades e a essência do MDB, o fazem por má fé ou por ignorância histórica.
Primeiro o MDB nunca foi um partido, ele era um movimento que abrigou todas as forças democráticas, de centro, de esquerda, esquerda radical e até uma minoria liberal, por conta das regras do bipartidarismo imposto pela Ditadura Militar para dar um ar de que vivíamos uma normalidade democrática.
Quando da abertura política, as correntes ideológicas que estavam agasalhadas no movimento puderam respirar os ares da liberdade e da democracia e saíram para se organizarem em suas próprias siglas. Sendo principais, o histórico PC do B, o PTB e depois que Brizola (injustamente em minha opinião) perdeu a sigla para Ivete Vargas, criou o PDT, o PT que veio do sindicalismo trabalhista que se fortalecera nas greves do ABC e outras forças que foram também se organizado.
Desta forma, sem a essência ideológica, restou ao MDB, acrescentar o P que literalmente deu a linha da nova legenda, um partido “partido” e que embora fosse o maior de todos e com capilaridade em todos os municípios brasileiros, continuou sem alma, um partido sem liderança nacional que aglutinasse votos, embora comandasse a grande maioria dos estados e municípios.
Desta forma tornou-se fisiológico, por conta da mercadoria valiosa que possua, sua capilaridade nos estados e municípios elegia numerosas bancadas de parlamentares, cobrando seu peso em ouro, nunca mais foi oposição como o velho MDB que sempre o fora.
Apoiou todos os governos desde a abertura política até os dias de hoje. Foi assim que ganhou a presidência com a morte de Tancredo, ganhou novamente com o impedimento do Collor e acabaram descobrindo que poderiam chegar ao poder sem votos. Em meados de 1.988 houve o grande cisma com a saída das lideranças mais importantes que fundaram o PSDB, e este com o envelhecimento e a morte de seus líderes mais democráticos, acabou engolido pelas forças conservadoras que estavam na Arena, PDS, mais tarde PFL e que vieram “endireitar” o partido que se propôs ser o representante da Social Democracia nos moldes do seu inspirador alemão.
Voltando ao personagem PMDB e sua estratégia de ser poder sem votos, embora preterido pelo PSDB que se aliou à direita com o PFL de Marco Maciel, acabou apoiando e participando (Ministérios e Cargos) dos dois governos FHC. Em seguida, embora fosse crítico e não tenham apoiado o PT, com a vitória deste e como perderam o DNA de oposição, pôs na balança do balcão o peso de sua bancada cobrando o preço devido (Ministérios e Cargos) aderiram aos dois governos Lula, que tinha feito uma aliança ao centro com o PL de José de Alencar, atraindo com isto parte do empresariado que tinham urticária do PT e do Lula.
Nas eleições seguintes, seguindo seu receituário embarcaram de vez no barco da Dilma indicando o vice Michel Temer, importante que se diga que nestes 31 anos em que o PMDB se manteve nos nove governos que se estabeleceram desde 1.985 eles nunca foram unidos, sempre existiu uma dissidência de uns 40%, tal como agora e penso que Temer deu um tiro no pé ao não considerar este aspecto de seu partido e articulou o golpe com apoio escancarado da mídia e da oposição pensando lograr êxito.
Nosso sistema político é viciado como sabemos, todos os governos eleitos são reféns dos partidos que cobra o preço dos cargos e ministérios em troca do apoio nas votações das matérias de interesse do governo e com a saída do PMDB, as bancadas menores, PP, PR, PTN, PTB, etc. se assanharam de olho nos cargos e ministérios desocupados. É uma questão matemática, somando os votos do PT (57), mais os dos partidos aliados, PC do B (11), PDT (20), mais os não aliados, porém contrários ao golpe, PSOL (6), REDE (4) soma 98 votos. Com as negociações em aberto penso que se pegarmos 40% de dissidência no Bloco PRB-PTN-PT do B-PSL que tem 40 deputados são mais (16), 30% de dissidência do bloco PR-PSD-PROS que tem 81 deputados são (24), 30% de dissidência no PSB que tem 31 deputados são (9) com isto totalizamos 162 votos, portanto restariam apenas 10 votos a serem garimpados no bloco PMDB-PEN totalizando os 172 votos que a presidente Dilma necessita, lembrando que não é necessário votar, podendo se abster ou simplesmente não comparecer, por aí percebemos a enrascada que o vice presidente se meteu.
Restando ao deputado Michel Temer a saída que a mídia percebendo que o impeachment não passará, estão recomendando à presidente, a renúncia e ai seria o fim da carreira de um parlamentar que passava a figura de discreto. Pode ser também que saia candidato a presidente em 2.018 e neste caso, perdendo as eleições, o que é mais provável, vestir o pijama.
Boa noite, senhor Temer, melhor seria sair de fininho e torrar os cinco milhões de dólares que o Eduardo Cunha e o delator disseram que entregou ao senhor.
(Luiz Carlos Ferreira, diretor técnico da Start. Engenharia de Automação Ltda)