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OPINIÃO

I Fórum Social Interconfessional “Unidade na diversidade” 

A cooperação sempre tem sido uma das metas e ao mesmo tempo o desafio dos homens religiosos contemporâneos, assim iniciou o nosso primeiro Fórum Social Interconfessional na cidade de Goiânia, junto com uma plateia entusiasmada e com as expectativas de encontrar novas formas de criar harmonia entre os nove diferentes tipos de Fé neste grandioso encontro.

Nesta data, se deu sequência ao programa iniciado em 2015, durante o Global Peace Leadership Conference (GPLC 2015), na sua terceira edição na América Latina, iniciada pela Fundação Global da Paz. Agradecimento especial ao acolhimento do padre Rafael Magul da Igreja Católica Ortodoxa que foi o nosso guia durante a jornada, remarcando sempre ao final o ponto central de cada apresentação, e a presença do deputado federal e pastor João Campos engrandeceu o fórum oferecendo seu apoio incondicional do seu gabinete na Câmara dos Deputados em Brasília, as propostas de paz junto à Fundação Global da Paz.

Iniciamos com uma excelente apresentação através do CEO Fundador do Global Peace Foundation no Brasil, o sr. Massimo Trombin, que nos apresentou além de elementos cognitivos da realidade religiosa atual, a sua basta experiência no campo interconfessional a nível internacional e pessoal na pratica diária no seu lar como pai de família.

Chamamos aqui neste fórum de cooperacao interconfessional, a nossa capacidade de ir além da nossa religiosidade para iniciarmos a partir do mundo da fé que e muito mais intrínseco do que a crença e a própria religiosidade.

Não pode existir harmonia entre as religiões apontando somente os elementos que nos dividem, e sim tudo aquilo que torna em comum, e isto, é o Serviço, isto e o único elemento que pode nos unir, pois é um comum denominador de todas os tipos de fé, é a pratica no serviço que pode criar a força para a paz e a unidade interconfessional.

O Brasil é um pais muito diverso em suas muitas diferentes religiões que nela convivem, mais o ponto principal em comum na cultura brasileira é a fé em Deus, pois é algo que está estabelecido na sua raiz, não existe discriminação por ter fé em um Deus como existe na Europa e outros lugares no mundo, o Brasil é rico na sua diversidade pela fé em Deus. Particularmente a cidade de Goiânia, que tem dentro de sim a maior desigualdade económica do Brasil, e a segunda a nível mundial depois de Johannesburgo na África do Sul, sem dúvida é o maior laboratório onde podemos praticar diferentes propostas e métodos de desenvolvimento macroeconômico, ético e interconfessional entre outros, que poderá ser expandido para todo o Brasil.

A partir do momento em que nós pessoas de fé nos determinamos a praticar aquilo que incorporamos como o bem, a partir deste ponto se inicia uma guerra entre o Relativismo e os Valores Absolutos, e neste ponto como pessoas religiosas devemos nos unir na fé e não nos dogmas religiosos, e tornarmos uma aliança compacta em prol da defesa da família, a ética, e os valores absolutos.

Já com esta introdução o sr. Ricardo Brisolla Balestreri, licenciado em História, e executor do programa de direitos humanos, e com o tema Ética Global e a Liberdade Religiosa, nos trouxe a um melhor entendimento do que é a paz; pois neste caso ela não pode ser estabelecida sem justiça social, quando vemos tanta desigualdade e falta de compaixão pelo nosso próximo, o básico do básico deixa de ser prioridade, devemos fazer com o próximo o que gostaríamos que o próximo fizesse conosco sem distinção de religião, raça ou posição social, se não fizermos assim, não podemos nos conclamar pessoas de fé.

Dentro das esferas de qualquer religião não podemos tomar tudo aquilo que está nas escrituras respectivamente seja ela de maneira fundamentalista ou literalista, pois o proposito principal de cada uma delas é de nos espiritualizar, cada uma nos mostrando que estamos em uma competição espiritualizada onde a competição e com nós mesmos, procurando a nossa própria auto perfeição, mas, o que vemos hoje em dia é o indivíduo apontando as imperfeições dos outros. Senão conseguimos aprender e incorporar isto nas nossas vidas individuais, poderá nos levar de maneira coletiva ao primeiro sinal de guerra chamado de exclusão pela crença.

A prática do perdão vai muito além de colocar a nossas rações acima do outro, pois já traz um pouco de arrogância, já que como resultado me coloca acima do outro; além de perdoar temos que abraçar e corrigir com a prática da compaixão e o amor.

Um elemento extremadamente importante que foi tocado foi na área social, pois a interconfessionalidade está extremadamente ligado aos valores tradicionais, e princípios éticos nas nações, e neste ponto que o advogado e professor de Direito, e fundador do Instituto de Direitos Humanos o sr. José Eduardo Barbieri, sob o tema Serviço Jurídico em suporte à pastoral no sistema carcerário, nos levou a aplicação dos temas tratados aqui no mundo de direito.

Uma proposta de tese ousada quebrando um paradigma histórico de direito seria de trazer o termo altruísmo. O direito não toca temas como o perdão ou o amor, o único ponto que o Direito toca como altruísmo é somente na doação de órgãos. A tese formulada aqui e o Direito Ético, ligado ao exemplo humano em que ele envolve as obrigações de dar e fazer.

A Ética segundo Aristóteles está dividida em três pontos, a primeira e a Ética Ponte que seria nos colocarmos na posição de dificuldade dos outros, a segunda e a Ética Global, com isso seria levar a ética ao mundo globalizado, isto quer dizer a aplicação de normas éticas morais  para o fim da corrupção global sistêmica, pois o mundo está cada vez mais interconectado, e com falta na aplicação do alicerce ético e moral no mundo do direito já globalizado, e a terceira é a Ética profunda, que nos traz conceitos e análises lúcidos acerca da essência e a origem do mal no indivíduo.

Este desafio chamado de Direito Ético engloba conceitos como o estado de Direito Humanizado que traz dignidade e ao mesmo tempo obrigações de como fazer o bem e não fazer o mal, de dar ao próximo, ser autônomo e respeitar a autonomia.

A seguir tivemos a honra de ouvir a irmã Petra Silvia Pfaller, alemã, radicada no Brasil a 25 anos, missionária de Cristo da Pastoral Carcerária do Brasil – CNBB, com o tema Importância do serviço pastoral como uma ferramenta de construção de paz, que iniciou nos apresentando a Bíblia no livro de Tiago 2:20: “...a fé sem as obras é morta.” O que nos levou a entender mais profundamente quão precário é o sistema carcerário no Brasil, pois o conceito de inclusão social hoje em dia é meramente uma utopia.

Quando crianças nascem dentro de presídios femininos e crescem nesse meio hostil, podemos falar de direitos humanos? Que tipo de justiça social existe dentro dos centros prisionais do Brasil a comparação de países mais desenvolvidos como a Alemanha? Ainda estamos longe de alcançar um dos sonhos de Deus que e acabar com as prisões no mundo. As prisões deveriam de ser um bom local de encontro das religiões, e por isto que a Pastoral Carcerária do Brasil convida as pessoas de boa vontade sem distinção de crença ou religião a criar programas de visitas continuas ao sistema prisional, para dar um pouco do amor e compaixão que recebemos de Deus.

A pastoral está continuamente trabalhando nos presídios na evangelização integral da palavra de Deus e catequese, caridade, cidadania com dignidade, indo além do assistencialismo e trabalhando em conjunto com diferentes ONG´s.

Padre Rafael Magul - Foto

No período da tarde tivemos a honra de receber o deputado federal Leonardo Quintão, membro do IPPFoRB Brasil – Painel Internacional de Parlamentares para a Liberdade Religiosa, e criador do projeto de lei que cria o Estatuto Jurídico da Liberdade Religiosa, com o tema Liberdade Religiosa e a perseguição dos cristãos no mundo.

Após convite para participar do lançamento do Painel Internacional de Parlamentares para a Liberdade Religiosa na Noruega o ano passado, o deputado federal Leonardo Quintão tem liderado na Câmara trabalhos em prol da defesa deste direito fundamental do cidadão.

No início deste mês de junho, apresentou na Câmara dos Deputados um projeto de lei que institui o Estatuto Jurídico da Liberdade Religiosa, que irá defender e promover a liberdade religiosa em todas as suas formas de expressão, individuais e coletivas, servindo de instrumento legal para prevenir e combater as manifestações de intolerância. “É importante deixarmos claro em uma legislação federal que o Brasil respeita esse direito. Não concordo com a violência simbólica e o discurso de ódio que tem sido proferido, cada vez mais, contra os cristãos. Entendo que todas as religiões devem ser tratadas com respeito e reconhecimento, e o estatuto vem garantir isso, inclusive, o direito daqueles que não queiram manifestar a fé.”

Em parceria com a Fundação Global da Paz, se comprometeu a apoiar ativamente as iniciativas de paz que possam trazer harmonia interconfessional, de pôr acima das nossas crenças a nossa motivação e ação de amar e servir o próximo, seja no âmbito social em que estejamos trabalhando.

E para finalizar com chave de ouro, recebemos ao Presbítero da Igreja Batista Renascer, delegado de polícia de classe especial em Direito penal, especialista em Direito Constitucional, Direito em processo penal, Gestor de Segurança Pública, o sr. Edilson de Brito, com o tema Importância da Cooperação Interconfessional para a coesão social.

Foi enfatizada na sua apresentação a importância da Globalização não somente tecnológica e comercial, mas também da Globalização da Ética, pois o Brasil sendo a Sétima potência econômica em desenvolvimento, vivemos dentro do nosso pais claramente uma crise nacional de valores, e agora é o tempo de vermos questões axiológicas, conceitos de valores na justiça social, direitos humanos e políticos.

Ele enfatizou o esforço de organizações como a Fundação Global da Paz de buscar harmonia através de valores comuns compartilhados, de promover uma visão universal centrada em Deus, ou a busca da bondade para equilibrar a onda do relativismo social, onde a liberdade sem responsabilidade levará a um caos social sem precedentes como já estamos vendo hoje.

Em conclusão os diversos temas abordados com certeza é um ponta pé para grandes ações que podem influenciar positivamente pessoas do bem espalhadas no Brasil com suas diversas convicções religiosas a trabalharmos em unidade sem distinção de raça, nacionalidade, religião ou cunhos políticos, para influenciar  melhores indivíduos, famílias e sociedades, pois no final a verdadeira revolução não inicia com uma mudança no sistema humano e sim no próprio indivíduo. A partir de este I Fórum Social Interconfessional, inicia um trabalho perante uma sociedade carente de compaixão e que precisa de uma referência de liderança com valores Éticos e Morais.

(Padre Rafael Javier Magul, pároco da Igreja São Nicolau de Goiânia e São João Batista de Ipameri-GO, Igreja Católica Apostólica Ortodoxa de Antioquia. e-mail: [email protected]. site: www.igrejasaonicolau.com.br)

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