Ao acessar qualquer mídia, o que mais vemos, ouvimos ou lemos são facetas de uma crise institucional, moral, econômica, política, de tolerância e tantas outras quanto a imaginação do brasileiro for capaz de produzir. Este ambiente criado tende a rebaixar a confiança e a esperança de que dias melhores possam existir. Preocupa-me, em especial, que estejamos atrapalhando os sonhos dessa nova geração, tornando-os descrentes no futuro.
Penso que temos que demonstrar que a crise pode ser uma mola propulsora para um novo momento. Esta não é a primeira e não será a última que passaremos, até porque a vida é cíclica. A história mostra que, durante a crise, a criatividade do ser humano se supera e grandes decisões e descobertas vem à tona. Vou me ater a uma delas, que iniciou uma nova filosofia de vida e que persiste até hoje, influenciando gerações.
Era o ano de 1844 e os reflexos da Revolução Industrial já se faziam presentes na sociedade inglesa. O novo modelo econômico prejudicou os trabalhadores artesanais, sendo que a sobrevivência destes e de suas famílias foi posta à prova. Como saída, usaram um elemento básico racional, que por vezes é esquecido, a solidariedade. Deixaram o individualismo de lado, a concorrência e se uniram. Nasceu assim o cooperativismo. Filho da crise, ele nasceu de um sonho e da necessidade de simples artesãos.
Decidiram que a força de trabalho que possuíam poderia gerar um ambiente propício e seguro para que pudessem enfrentar o novo momento. Perceberam que a união de esforços era forte o suficiente para fazer frente ao novo mercado e com isso, individualmente, todos conseguiriam coexistir.
Desenvolveram espírito de coletividade consciente e sustentável. Este foi um importante legado deixado por 28 homens que hoje, 172 anos depois, atinge mais de um bilhão de pessoas no mundo, sendo que, no Brasil, são mais de 13 milhões de cooperados, em diversas áreas.
Em julho, comemoramos o Dia Internacional do Cooperativismo, uma filosofia de vida a serviço das pessoas. E neste sentimento, como cooperativistas que somos, quando ouvimos a palavra crise, vemos oportunidade de transformação social. Na saúde também funcionou assim e ainda representa um grande desafio.
Há quase 50 anos nascia o cooperativismo médico no país, conhecido como Sistema Unimed. São várias cooperativas singulares, regionalizadas, com independência administrativa e financeira levando assistência à saúde em praticamente 85% do território nacional. É o maior caso de sucesso neste segmento no mundo. Como ocorreu na Inglaterra, nasceu de um sonho e uma necessidade, focando seus resultados no trabalho conjunto e na satisfação de todos os envolvidos.
É uma sociedade feita de pessoas, que cuidam umas das outras. Em momentos de tanto individualismo, esse pensamento na saúde é fundamental e torna-se o grande diferencial de sucesso da marca Unimed, que é líder em assistência privada à saúde no Brasil. A reputação de uma marca espelha a confiança e a credibilidade despertada, mas mais do que isso, espelha o trabalho feito por milhares de pessoas que com seus valores constroem seu diferencial.
Aproveito para render minhas homenagens a todas as Cooperativas de nosso estado, pois tenho a convicção que o cooperativismo, com seus princípios e valores, consegue dar resposta aos anseios da sociedade e construir um mundo melhor e sustentável.
(Dr. Alexandre Gustavo Bley, diretor-presidente da Unimed Curitiba)