As Olimpíadas, competição milenar, cívica, foram festivamente abertas nesta semana no Rio de Janeiro. Quanta beleza, pujança, ostentação a TV, via internet, mostrando a nossa gente, gente de todos estamentos sociais daqui e do mundo, disputa sem igual, que poderia, para o bem, ter acabado com a outra do mal, beligerante, sangrenta, desde eras priscas, provocadas pelo egoísmo, sede desmedida de vingança, poder, dominação, paixão cavalgando a razão. Realizada, a cada quatro anos, em países diferentes, o legendário acontecimento de confraternização pacífica das nações mostrou e está mostrando disputas sadias por medalhas, troféus, inverso do outro, macabro, descabido, todavia, ainda comunal.
Pela primeira vez, o Brasil abriga, de forma hospitaleira, tamanha confraternização, coordenada pelo Comitê Olímpico Internacional: COI são constituídas por delegações de 202 países. Todas participantes altivas, vibrantes, disputa saudável, artística, no lugar da outra maniqueísta, em inolvidável confraternização, arquitetada, há mais de dois milênios, pelos Gregos. No âmago, seio dele, um cenário deslumbrante de belezas mil encantou o mundo, protagonizado pela nossa gente douta surpreendeu público de todos matizes, pela inolvidável homenagem a Santos Dumont, inventor do avião, mostrando sua genial descoberta, fazendo voar pela primeira vez na história, objeto, máquina, mais pesada do que o ar, contornando, com seu avião 14 bis, de forma, espantosa, a Torre de Eiffel, em Paris, França, no começo do século XX, a metrópole mais romântica da terra. Magia! Nuca! Um genial brasileiro, vestido à moda chique da sociedade mais chique, cetro inspirador da moda, mesmo nos dias atuais, o seu invento.
Volvemos as Olimpíadas, competições de atletas, de todos os paises, onde a riqueza pecuniária tira o chapéu, cedendo lugar à riqueza artística. A arte marcial da guerra, competição sangrenta, estúpida, sucumbe plasmada a competição pacífica, cada atleta, ou equipe competidora, procura vencer a rival exercitando suas habilidades, competindo honestamente, de forma limpa, logrando, com a sua vitória, nunca, como na guerra cruenta, à morte do adversário, com extorsão de seus bens, ou mesmo, aprisionada nos campos de concentração, mas, um atleta abraçando outro, a equipe vencedora aplaudida, reconhecida meritoriamente pela equipe adversária, recebendo como recompensa, prêmios, medalhas, entregues ao som de músicas sublimadas, pela exaltação da conquista, feito olímpico.
De igual forma, que na república os festejos olímpicos podem ser deformados pela fraude, uso de substâncias nocivas a saúde, benéficas, como os estimulantes, aos usuários, comutando a disputa saudável, pura, em desonesta, suja, exigindo para evitá-la, controle, vigilância de que, ainda, está a precisar, em muito, nossa democracia. Para gáudio, alívio das nações participantes, esta ação preventiva, já se encontra estruturada, salvo engano, preparada no COI, o que levou a exclusão de parte da delegação Russa, da memorável festa olímpica. Saudemos esta fiscalização, controle feito pelo COI, pois, como se assistiu recentemente, e ainda, sendo penalizada na Fifa, Federação Internacional de Futebol, a fraude, corrupção, era ali costumeira. Nesta e no seio da política brasileira, faz relembrar malefícios da antiguidade, como aquele narrado na fábula de Antístenes, onde a dona corsa questiona a raposa e ao leão, sobre seus direitos? Ao que, uma e o outro respondem, a um só tempo, em tom estridente, mostre nos seus dentes que lhe diremos quais são!
De forma lamentável, a realização das Olimpíadas coincide com a apuração do maior escândalo de corrupção do país, agravado, ainda mais, pela crise, atoleiro econômico, dura recessão, com PIB abaixo de zero, processo de Impeachment da própria presidenta da república, em tramitação no senado. A falta de controle, a princípio, interno e externo, com o começo de funcionamento do controle interno – MP, TCU, STF, fazendo sua parte, está a clamar pelo controle externo, que era feito na cidade estado de Atenas, berço das Olimpíadas, de modo eficaz, pela Assembléia dos Cidadãos, vez que, na antiguidade as mulheres não tinham voz ativa, a legendária Eclésia, controlando a Boullè, espécie de congresso da atualidade.
Nesta semana, começo das Olimpíadas, o Brasil, creio, mal treinado, ou desmotivado com tanta bandalheira na política, perdeu, no basquete para a Lituânia, pequeno país do leste europeu. No futebol, quem diria! Seleção de glórias mil, empatou com o time do Iraque, estreando sem a raça, garra necessária, sua participação nas Olimpíadas, no entanto, logrou vitória na disputa com Dinamarca, no estádio olímpico de Fonte Nova, Bahia. Parabéns a equipe e à nossa atleta do Judô, Rafaela Silva, que conquistou a nossa primeira medalha de ouro. Enquanto no tiro, o atleta dos EEUU conquistou medalha de ouro, nosso atleta, na mesma modalidade, conquistou a de prata, segundo lugar. Oxalá, nossos atletas superando toda sorte de mazelas, possam conquistar número recorde de medalhas, esconjurando a falta de ética, vergonha na cara, da política, alegrando todo o público brasileiro.
Bertrand Russell, filósofo inglês do século XX, advogava a substituição das guerras sangrentas pelas competições desportivas, tais quais as Olimpíadas em curso, no Rio. Embora, de lá para cá, elas tenham aumentado muito, correndo mundo afora, não conseguiram levar as Nações Unidas à realização de um grande Fórum internacional para debater, aprovar, e, condenar, de forma democrática, mas peremptória, o fim das guerras, agora, agravadas pelo insolente, covarde terrorismo. Lastimoso, pena, muita pena, em plena aurora do III milênio, o instinto, paixão, ignorância, cavalgando a razão, inteligência, bom senso. Gente, e mais gente inocente, sendo vitimadas por guerras locais, muito mais destruidoras, com a sofisticação, engenhosidade das armas. Bastava na ONU, determinação diplomática, portanto, pacífica, proibindo e incriminando a fabricação dessas armas, acompanhada de penalidades encimadas pela sabedoria humana, fundadas na política como oxigênio da vida em sociedade, arte de promover o bem-estar do planeta, anversa dessa outra, modal aqui, qual seja, a arte da velhacaria.
Bertrand Russell, advogava também, a diminuição da carga horária de trabalho, em sua obra: “Elogio do Lazer” na medida que, a ciência, por meio da tecnologia, aumentasse sua produtividade, entretanto, ociosidade choca com o aumento de riqueza do mundo, no lugar dela, menor carga horária, deveria prevalecer, disciplina incisiva, na acumulação e melhor distribuição, pelo trabalho, trabalho produtivo - sem o viciado paternalismo - da riqueza acumulada, da terra.
Hurra! Salve os jogos olímpicos, neles, sucesso aos nossos atletas! Salve os campeões de medalhas até agora, liderado, na ordem: EEUU, China, Japão, Austrália, Coreia do Sul e Hungria.
(Josias Luiz Guimarães, veterinário pela UFMG, pós-graduado em filosofia política pela PUC-GO, produtor rural)