Durante anos, a pecuária de corte tem passado por um cenário de altos e baixos por conta da crise econômica, períodos de abundância e de escassez. O elevado preço da arroba no ano de 2015 – que gerava expectativas de alta produção para 2016 – veio de encontro ao elevado custo dos insumos associado a queda do dólar e diminuição nas exportações. As margens de lucro se encontram cada vez mais justas exigindo cada vez mais do pecuarista que pretende se manter no mercado. Tudo isso acontece em um ambiente imprevisível, onde as variáveis vão de políticas monetárias até as climáticas, afetando diretamente produtor e indústria.
No caso das indústrias que operam no mercado externo, tiveram uma significante redução em função da desvalorização do dólar sobre o real. As exportações vêm desacelerando em volume e impactando nas escalas de abate. De acordo com da Associação Brasileira de Frigorífico (Abrafrigo), as exportações totais de carne bovina processada e in natura continuam em queda pelo terceiro mês consecutivo em relação aos números de 2015. Em agosto deste ano foram exportadas 108.780 toneladas contra 112.466 no mesmo mês em 2015, o que representou uma queda de 3% em volume e 10% a menos em receita saindo de 497,7 milhões de dólares no ano passado para 449,5 milhões neste ano.
Já no mercado interno, o preço da carne vermelha ao consumidor final tem ocorrido variações de até 108,89%, junto a esses fatores, a fraca demanda devido à redução de renda das famílias e a queda no volume de exportação nos últimos meses têm derrubado o preço do boi gordo diminuindo os ganhos da pecuária. Em consequência, o mercado do boi gordo se encontra pressionado pela indústria. Com a fraca evolução do escoamento da carne bovina, os frigoríficos têm diminuído gradativamente suas escalas de abate em todo o estado. Além disso, algumas unidades têm adotado como estratégia pular dias de abate. A demanda lenta, assim como a oferta restrita de animais terminados, colaboram para que o mercado apresente baixa movimentação.
Nesse cenário, o produtor precisa estar atento e fazer adoção de tecnologias adequadas, associadas a um planejamento e aporte financeiro. O milho, que estava a R$ 18,98 em agosto de 2015, agora se encontra a R$ 41,95 apresentando um aumento de 121%, o que assusta os confinadores. Esses fatores têm levado a um menor interesse por confinamentos próprios e também diminuído e interesse de boitéis em confinar gado de terceiros nesta época do ano. A saída seria fechar os animais para um segundo giro evitando assim a excessiva oferta de bois a pasto que pode levar a uma queda de mercado neste período.
Nesse contexto, a solução seria a utilização de ferramentas que visam auxiliar os produtores a executarem a comercialização da melhor maneira possível, oferecendo ganho máximo e risco próximo a zero em relação às oscilações naturais decorrentes do mercado, bem como investimento em cursos de gestão e consultoria aos pecuaristas.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), trabalham para que conhecimento e gestão caminhem juntos, mantendo o pecuarista com acesso a cursos, treinamentos e informações de mercado que fazem a diferença no sucesso da atividade. Um deles é o programa da Faeg que é referência no Estado e que está sempre presente nos frigoríficos é o Pesebem – balança do pecuarista – que traz segurança e transparência a este processo de busca por eficiência, e claro, sucesso dentro e fora da porteira.
(Samara Soares, médica veterinária e responsável técnica pelo programa Pesebem da Faeg)