“Estes deveriam ser os melhores anos da minha vida e veja onde estou: ainda nem consegui ser efetivado”. Você se surpreenderia com o número de e-mails que recebo por semana de profissionais que comparam suas carreiras com posts alheios do Facebook.
Muitos jovens profissionais sentem que, por meio das redes sociais, suas vidas são avaliadas e julgadas diariamente. Admitem com relutância que ao longo de horas ficam postando fotos e comentários, percorrendo repetidas vezes, tentando ver como enxergam a própria página, quantas curtidas ganharam e quem foi que curtiu.
Numa espécie de autopublicidade, buscam mostrar a melhor versão de si, afinal parecer bem-sucedido na vida virtual é bem mais fácil do que na realidade. Eles acham que são os únicos a fazerem essa confissão. Mas não são.
Qualquer rede social tem o poder de ajudar as pessoas a se sentirem mais conectadas. Os objetivos iniciais são resgatar amizades antigas para os mais velhos e conquistar novos “amigos” para os mais jovens, mas as pesquisas mostram que, em média, os usuários passam mais tempo olhando as páginas dos outros do que postando conteúdo próprio. Seria algo como uma “vigilância social”.
A sensação perigosa está na equiparação com os outros, principalmente na carreira e no trabalho. O pior é que sentem a necessidade de receber uma curtida por qualquer tarefa realizada na empresa, afinal de contas, as centenas de “amigos” que nunca viram na vida real os lembram de quão gloriosa e bem-sucedida a vida deveria ser.
“Sinto-me satisfeito com minha carreira e conquistas diárias até olhar o Facebook e ver o que as outras pessoas estão fazendo”. A maioria dos jovens não cai na armadilha de comparar suas vidas com as das celebridades, mas tratam as imagens e postagens dos colegas das redes como reais.
Muitos jovens, em vez de se sentirem conectados e fortalecidos com a internet, acreditam que estão desamparados e pressionados a ter sucesso rapidamente. E haja crise de ansiedade pela cobrança surreal ao ideal de sucesso que criaram.
Vamos aos fatos: o Brasil apresenta taxa alta de desemprego, o salário inicial geralmente é baixo para inexperientes e recém-graduados têm um risco enorme de ficar desempregados logo que saem da faculdade.
É importante que os jovens compreendam que a idade adulta começa pelos 20 e poucos anos, que não dá para colher tantas glórias nessa faixa etária sem ter plantado nada e, principalmente, que as empresas não combinam com as festas e vidas do Facebook. Gosto muito das redes sociais e das facilidades que o mundo virtual proporciona, mas é preciso sair do computador e viver a vida real.
(Daniela do Lago, coach de carreira, palestrante, professora dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas nas disciplinas de Gestão de Pessoas, Comportamento Organizacional, Comunicação e Relacionamento Interpessoal e escritora. Este artigo compõe o seu novo livro “UP! 50 dicas para decolar na sua carreira”, que será lançado neste mês pela Integrare Editora. A obra contém dicas práticas de comportamento no trabalho)